Além Do Teu Olhar (Romance Gay)

Capítulo 18

Atenção: o capítulo a seguir contém cenas fortes! Não Recomendo para Menores de 18 Anos

Este é ainda mais bonito do que os  outros, pensou o guarda. Ele não parecia um prostituto. Poderia ser um ator de cinema ou modelo. Tinha vinte e poucos anos, cabelos louros e uma pele leitosa.

Ian Pasternak veio pessoalmente ao portão para conduzir o rapaz à casa. O rapaz, George, era iugoslavo, e aquela era sua primeira viajem à França. A visão de todos aqueles agentes de segurança armados o deixava nervoso. Em que será que me meti? Tudo o que George sabia era que seu cafetão lhe dera uma passagem de ida e volta e dissera que ele receberia 2 mil dólares por uma hora de trabalho.

Ian Pasternak bateu na porta do quarto e a voz de Groza respondeu do interior:

-Entre.

Pasternak abriu a porta e introduziu o garoto. Thobias Groza estava parado ao pé da cama. Usava um robe e George percebera que estava nu por baixo. Ian Pasternak apresentou:

-Este é George.

Ele não mencionou o nome de Thobias Groza.

-Boa noite, meu caro. Entre.

Pasternak se retirou, fechando a porta. Thobias Groza ficou a sós com o homem. Ele se adiantou, com um sorriso sedutor.

-Você me parece muito à vontade. Posso me despir logo e ficamos os dois à vontade.

Ele começou a tirar a camisa.

-Não. Fique vestido, por favor.

O rapaz fitou Thobias.

-Não quer que eu...

Groza foi até o armário e escolheu um chicote.

-Quero que você use isto.

Um fetiche de escravo. Estranho. Ele não parecia o tipo. Nunca se sabe, pensou George.

-Claro, meu bem. Qualquer coisa que o deixar com tesão.

Thobias Groza tirou o robe e se virou. George ficou chocado com visão de seu corpo coberto de cicatrizes. Eram vergões brutais. E havia alguma coisa na expressão do homem que o desconcertada; quando compreendeu o que era, ficou ainda mais perplexo. Era angústia. Ele estava sentindo um tremendo sofrimento. Por que queria ser açoitado? Ele o observou se encaminhar para um banco e sentar.

-Com força - ordenou ele. -Açoite-me com toda a força.

O rapaz pegou o comprido chicote de couro. Levantou o chicote e depois açoitou as costas nuas.

-Com mais força - insistiu o homem. -Com mais força.

Ele se encolhia de dor quando o couro atingia sua pele. Uma vez... duas ... e outra... e outra...  com mais força... com mais força...A visão que Thobias Groza esperava surgiu diante de seus olhos. Cenas da esposa e da filha sendo estupradas deixavam seu cérebro em fogo. Era um estupro coletivo, e os soldados, rindo, passavam  da mulher para a criança, as calças arriadas, esperando a vez na fila. Thobias Groza se comprimiu contra o banco, como se estivesse amarrado. Enquanto o chicote baixava e baixava, ele podia ouvir os gritos da esposa e da filha, suplicando por misericórdia, sufocando com os pênis de homens em suas bocas, sendo estupradas e sodomizadas ao mesmo tempo, até que o sangue começou a escorrer e seus gritos se extinguiram. E Thobias Groza gemeu:

-Com mais força!

E a cada golpe do chicote ele sentia a lâmina afiada da faca cortando seus órgãos genitais, o castrando. Ele estava tendo dificuldade para respirar.

-Pegue... pegue...

Sua voz era um rangido rouco. Sentia os pulmões paralizados. O rapaz parou, o chicote suspenso no ar.

-Ei, está se sentindo bem? Eu...

Ele observou enquanto Thobias Groza caía no chão, os olhos abertos,mas vidrados. George desatou a gritar:

-Socorro! Socorro!

Ian Pasternak veio correndo, o revólver empunhado. Viu o corpo no chão.

-O que aconteceu?

George estava histérico.

-Ele está morto! Está morto! Eu não fiz nada! Apenas o açoitei como ele mandou! Juro!

Poucos segundos depois, um médico que vivia na Villa, entrou no quarto e examinou o corpo de Thobias Groza. A pele estava azulada, e os músculos estavam rígidos. Pegou o chicote e o cheirou.

-O que foi?

-Curare. É um extrato de uma planta sul-americana. Os incas o usavam em dardos para matar os inimigos. Todo o sistema nervoso fica paralizado em três minutos.

Os dois homens ficaram ali parados, olhando fixamente, impotentes, o seu líder morto.

A notícia da morte de Thobias Groza foi transmitida para o mundo inteiro via satélite. Ian Pasternak conseguiu ocultar da imprensa os detalhes sórdidos. Em Washington, o presidente teve uma reunião com Thales Bruno.

-Quem você acha que está por trás disso, Thales?

-Podem ser os russos ou Ionescu. Afinal, dá no mesmo. Eles não queriam que a situação atual fosse alterada.

-Então teremos que lidar com Kalberty Ionescu. Muito bem. Vamos providenciar a confirmação de David Rangel o mais depressa possível.

-Ela está vindo para cá, Wadson. Não há problema.

-Ótimo.

Às dez horas da noite, o telefone particular do Controlador tocou e ele atendeu. Era Luan Goli.

-Ranan viu o jornal está manhã. Ele diz para depositar o dinheiro em sua conta no banco.

-Informe a ele de que tudo será providenciado imediatamente. E, por favor, Luan Goli, avise a ele que estou muito satisfeito e que talvez eu torne a precisar de seus serviços novamente. Tem um telefone pelo qual eu possa fazer contato?

Houve uma pausa prolongada.

-Acho que sim...

Luan deu o número.

-Obrigado. Se Ranan...

A linha ficou muda.

Mas que filho da puta estúpido!

O dinheiro foi depositado naquela manhã na conta em Zurique e logo depois foi transferido para um banco saudita em Genebra. Uma pessoa não pode deixar de ser muito cuidadosa hoje em dia, pensou Ranan. Os miseráveis banqueiros estão sempre procurando uma maneira de enganar a gente.

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