DARK PARADISE

Capítulo 4.

"SAVE ME, I'M LOSING MYSELF."

Ele não podia esperar que eu fizesse aquilo, portanto não teve como me impedir. Segurei a arma trêmula. Meu corpo todo tremia. O objeto era gelado e pesado. Tentei permanecer firme enquanto apontava-a para John. Ele apenas me olhava completamente surpreso.

– Saia da minha frente! – Exigi.

John estudou minha postura. Por mais que eu estivesse tentando parecer segura, certamente não estava conseguindo. Um sorriso sarcástico apareceu nos lábios dele.

– Não. – Respondeu calmo.

– Saia logo da minha frente John! – Meu tom de voz alterado e nervoso não passava muita autoridade, mas eu estava armada. Isso já devia deixá-lo com medo.

– Já disse que não April. – Repetiu e sorriu ainda mais. – Você mal consegue segurar a arma. – Desdenhou.

– John se você não sair da minha frente eu juro que atirou em você! – Reforcei minha posição de vantagem. Porém seus olhos não demonstravam um pingo de medo sequer.

– Me devolva isso. Não é brinquedo April.

A raiva correu com mais força em minhas veias. Será que eu estava falando grego?! Ele não percebia que devia ter medo das minhas ameaças?! O que tem de errado com ele?!

– Eu estou falando serio! – Me aproximei mais dele. Eu poderia facilmente acertar seu coração. – Saia!

Sendo totalmente imprudente John pegou minha mão e colocou o cano da arma em sua testa. – Atire aqui. Muito mais eficiente. – Seus olhos verdes que faiscavam determinação e confiança se acorrentaram nos meus olhos azuis assustados. – Atire April. ATIRE! – Ordenou com excitação. – Você não tem coragem pra isso! Não tem! Admita! – Ele parecia apreciar o momento de tensão de uma forma quase doentia.

Minha mão tremeu ainda mais. Seus olhos vidrados me desafiavam. Tentei com todas as minhas forças decidir puxar o gatilho, mas não consegui. Eu era covarde. Meu coração se espremeu só com o pensamento de fazer algo do tipo, mesmo que fosse com alguém como ele. Gritei em desespero e senti meu braço pesando toneladas. Abaixei-o lentamente sentindo toda a frustração do mundo tomando conta de mim. John pegou a arma da minha mão sem dificuldades. Meu corpo não se moveu, atônito. Eu tinha jogado fora minha melhor chance de acabar com aquele inferno.

O sorriso nos lábios de John fez meu estômago embrulhar.

– Boa garota. – Aproximou-se e disse com a boca quente grudada em meu ouvido. – Você é boa demais pra isso April.

Meu corpo foi jogado contra o colchão duro. Não pude conter meus soluços em meio ao choro histérico. Sem me dar chance de respirar direito John foi tapando minha boca e me amarrando. Dificultando para ele, me debati contra a cama e juntando todas as minhas forças tentei fazer algum barulho mesmo com o pano em minha boca. Forcei meus pulsos e pés para me soltar das amarras. Mas nada adiantava. John andava de um lado para o outro no pequeno espaço do quarto. Eu, provavelmente, parecia uma louca e meu estado transtornado o deixou inquieto. Agitadamente ele esfregava seus cabelos e olhava perdido para mim.

– Fique quieta! – Ele veio em minha direção e armou um tapa, porém desistiu de me bater no ultimo segundo. Continuei lutando e ele me sacudiu com força. – Fique quieta porra! Fique quieta... – Falou entre os dentes me empurrando e coçou sua barba. – Que merda! Eu preciso de... – Se interrompeu e saiu.

Praguejei-o mentalmente. Minha respiração aos poucos se normalizou e eu controlei meu estado emocional. Tentei a prestar atenção na TV, entretanto, parecia impossível me soltar dos pensamentos horríveis que me rondavam.