Capítulo 7.

817 51 15
                                    



"Lost and insecure, you found me."



O clima estava estranho entre mim e John. A culpa parecia corroê-lo por dentro. Eu podia ver isso em seu olhar. E eu me sentia despedaçada. Atônita. Sem forças.

Tudo que havia acontecido passava varias vezes pela minha mente como um filme de terror. A sensação de morrer é terrível. Eu não queria passar por aquilo novamente. Toda uma melancolia emanava de mim e uma autopiedade rondava John.

Além dessa atmosfera densa, uma coisa me intrigava. Porque eu nunca ouvira ninguém circulando pelo hall? Porque não ouvia barulhos de vizinhos? Pelo que tinha visto na janela no primeiro dia aqui a altura era bem considerável.

– Você mora nesse andar do prédio sozinho? – Tentei forjar uma casualidade na pergunta, entretanto, ele me olhou desconfiado. Não funcionou.

– Sim. – Falou seco me olhando de canto. – Você poderia gritar, mas dificilmente alguém viria te socorrer. – Completou já cortando qualquer esperança que eu pudesse ter alimentado.

Rolei os olhos. Ele não conseguia manter uma conversa normal?! Tinha que arrumar um jeito de me deixar pra baixo?!

– Porque diabos ninguém mora nesse andar? Tudo bem que você é idiota, viciado e assustador, mas não consigo entender. – Provoquei.

John praticamente bufou antes de me encarar.

– Os outros apartamentos têm problemas de encanamento. O meu é o único que não tem. O dono do prédio não dá à mínima e disse que não vai arrumar. Ninguém aluga quando fica sabendo. E, além disso, não tem muita gente interessada em se enfiar nessas merdas de apartamentos. Sendo eles bons ou não, tem muitas escadas, mofo e viciados, como você mesma já disse. – Não consegui pensar me nada pra dizer. Aquilo fazia muito sentido. Não era um bom lugar pra se morar mesmo. John não tinha muita opção pelo jeito. – Sua curiosidade é chata. Mais alguma pergunta senhorita?

– Por enquanto não. – Ignorei o tom dele.

– Vou precisar que você fique trancada no banheiro por algumas horas. – O encarei sem entender. – As reformas ainda não acabaram.

Eu não tinha escolha. Me sentei no sanitário e ele me amarrou. Horas intermináveis naquele cubículo fedendo a esgoto. Ouvi barulho de moveis arrastando, marteladas, e batidas. Quando ele abriu a porta senti até um alívio.

– Hora do banho. – Avisou me entregando uma toalha nova e roupas limpas. Não pude deixar de fazer cara feia pela cor da toalha e da blusa, ambas rosa choque.

– Eu gosto de outras cores sabia? – Reclamei, porém ele já estava fechando a porta e, provavelmente, não ouviu.

Sem contar a calcinha de ursinho com babadinhos. Acho que nem uma criança gostaria de roupa intima assim. John não tinha a mínima noção. Não que eu quisesse lingeries sensuais, e sim coisas normais e adultas.

Depois do meu banho, devidamente vestida com minhas roupas infantis e sem graça, fui acompanhada por ele e não acreditei quando olhei para as paredes do quarto.

– Isolamento acústico. – Explicou serio. – Agora você não precisa ficar com aquela merda de pano na boca. – O tom ríspido dele estava diferente do habitual.

Novamente eu me vi dividida entre chorar descontroladamente ou sorrir. Eu devia agradecer por ter um cativeiro confortável? Por um sequestrador com o mínimo de decência para me alimentar e não abusar de mim sexualmente? Ele teria coragem de me matar se eu não cumprisse suas regras, mas não teria prazer em fazer tal coisa. Minha cabeça não sabia que pensamentos formular exatamente.

DARK PARADISEOnde histórias criam vida. Descubra agora