Capítulo 10.

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"HOW'D I GET HERE, SITTING NEXT TO YOU?" 

O som das nossas risadas misturadas foi cessando até que ficamos mais quietos. Estupidamente, tomei outro gole da garrafa de vodca e fiz cara feia novamente. Como podem realmente gostar daquilo? O gosto é cortante. Talvez se eu tomasse bastante me acostumaria. Talvez. Se acostumar com algo ruim não é tão difícil.

John desligou o rádio e tirou do bolso um cigarro. Não era um cigarro comum e sim algo artesanal. O observei atenta, e quando o cheiro da fumaça invadiu minhas narinas eu o reconheci.

– Serio? – Indaguei com escárnio. – E o papo de "diga não as drogas"?

– Isso aqui não é uma droga. – Respondeu ligeiramente ofendido.

– Maconha não é droga, John?! – Apertei meus olhos em desaprovação e cruzei meus braços. – Pode não ser ilegal em alguns estados, mas é uma droga.

– É medicinal April. – Se explicou calmo. – Nada demais. Um cigarrinho pra relaxar e só. – Rolei os olhos e ele riu. Insisti em minha saga e tomei mais um pouco de vodca. Estava mais suportável. – Você fica engraçadinha toda mandona e chata.

– Mandona e chata?! – Repeti incrédula largando a garrafa na mesinha.

– Sim. – Ele reafirmou sem hesitar. – Coitados dos seus amigos. Você os reprovava desse jeito? Era a certinha do grupo, não é? – Riu pelo nariz. – A mãezona que não deixava a galera curtir.

– Pelo contrário. – Discordei. – Eu nunca impedi ninguém de se divertir. Eu só não participava de algumas coisas.

– Ah, qual é April! – Falou soltando bastante fumaça da boca. – Assume que você era a que dava conselhos e essas merdas. É a sua cara!

– Ser responsável não é defeito John. – Me defendi. Ele nem me conhece pra ficar presumindo coisas. – E falar a verdade pros amigos não os impede de fazer merdas.

– Aposto que você não tinha namorado. – Ridicularizou.

– Por quê?! Pessoas mais racionais não namoram por acaso?! Só as impulsivas que fazem merdas sem pensar?! Eu sei ser divertida sem precisar quebrar regras.

– Então havia um namorado? – John expressou toda sua surpresa.

A teoria dele era totalmente infundada aos meus olhos. Existe todo o tipo de casal. Eu não precisava ser outra pessoa para ter um namorado. Isso era bobagem. Não era?

– Não. Não tinha exatamente um namorado. Não rotulávamos nossa relação. – Fiquei ainda mais irritada com John, pois ele estava ainda mais chocado com aquilo. – O que foi?!

– Nada April. Só achei que relacionamento aberto não fosse algo que você aprovasse. – Deu os ombros. – Ou talvez o cara não estivesse tão afim de você. – Completou com um tom totalmente acido e satírico.

Bufei indignada com tamanha presunção. Ele não sabia de nada. Era justamente o contrario...

...

Fugindo dos olhos ansiosos e inquietos que me estudavam eu simplesmente foquei minha atenção em reparar os detalhes daquele quarto estranho pra mim até então. A decoração vintage, com moveis singelos e minimalistas. As cortinhas combinando com a colcha da cama. Não deveria ser o quarto de algum jovem.

O jeito com que Andrew brincava com meus dedos me deixou incomodada. Tentei continuar ignorando, porém foi mais forte que eu. Tirei minha mão do alcance da dele e sorri de canto, amenizando a situação desconfortável pra mim.

DARK PARADISEOnde histórias criam vida. Descubra agora