Capítulo 13.

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"YOU TOOK SOMETHING PERFECT AND PAINTED IT RED."

Encarei a tela de desenho e torci o nariz para o que via. Estava horrível. Aquilo nem de longe era o que eu tinha pensado. Era como se minha mente visualizasse claramente o que eu queria pintar, mas minhas mãos não obedecessem. As linhas e formas pareciam erradas. Eu tentava pintar algumas rosas vermelhas, entretanto, o quadro parecia um grande borrão vermelho sem personalidade. O que tem de errado comigo?

– Eu gostei. – John me fez notar sua presença. Virei-me e ele mantinha os olhos no papel exatamente como eu fazia há segundos atrás. Sua cara também não era das melhores.

– Hum. – Bufei inquieta largando a paleta de cores em cima do móvel. Limpei minhas mãos de tinta vermelha na camiseta branca sem me importar em como John tiraria aquelas manchas depois. – Não precisa falar isso só para me agradar.

– Ok. – Recostou-se despreocupado no batente da porta. – Está péssimo. – Ele não hesitou em despejar a verdade em cima de mim.

– JOHN! – O repreendi com uma carranca e ele gargalhou.

– Você disse que eu não preciso te agradar. Suponho que tenho que ser sincero então. – Mexeu os ombros casualmente.

O lugar daquela coisa horrenda a minha frente era o lixo. Agarrei o papel com as duas mãos e puxei do suporte com força. Eu estava brava comigo mesmo e, sobretudo, frustrada. O movimento brusco e totalmente desnecessário fez meu pé vacilar e meu corpo se desequilibrar. Rapidamente as mãos grandes de John estavam ao redor da minha cintura, endireitando-me bem próxima dele. Seus olhos protetores fitaram os meus de muito perto. Era como se ele me perguntasse se tudo estava bem. Estava. Acenei com a cabeça levemente em um agradecimento mudo que ele entendeu perfeitamente. Eu estava furiosa demais para falar qualquer coisa. Depois de correr os olhos por mim certificando-se que tudo no meu corpo desnutrido ainda estava realmente no lugar e bem, ele me soltou. Peguei a folha de papel do chão e amassei com prazer.

John riu totalmente entretido com minha impaciência e coçou a cabeça. Um cheiro bom penetrou minhas narinas quando ele se moveu. Um aroma amadeirado, seco e quente. O relógio no canto do quarto me fez lembrar que ele estava indo "trabalhar". Observei atentamente suas roupas bem apresentáveis e estranhei. Ele nunca se arrumava, porque hoje estava diferente?

– É realmente necessário passar perfume para sair por aí espancando pessoas e cobrando dívidas? – Minha intenção era ser brincalhona, mas meu tom de voz saiu bagunçado.

Minha pergunta fez um sorriso divertido aparecer no canto de seus lábios.

– Gostou do perfume? Comprei ontem. Deve ter uma versão feminina... – Fingiu casualidade para me deixar ainda mais irritada. E conseguiu. Revirei os olhos e seu sorriso filho da puta se alargou. – O que foi, April? Eu compro um pra você.

– Eu passo. – Respondi seca. É claro que um perfume novo seria algo ótimo, afinal, a colônia barata com cheiro de morango que ele comprou assim que tudo começou já estava me enjoando o estômago, porém, meu humor não estava bom para dar confiança ao papo dele.

– E desde quando se importa com meu trabalho, Senhorita April? – Ele cruzou os braços enormes. Não sei nem como conseguiu fazer isso já que sua camisa branca estava muito apertada. Ou talvez, a verdade seja que os braços dele são musculosos demais para qualquer camisa.

– Correção: Eu me importo com as pessoas que tem o azar de ser alvo do seu trabalho.

– Vamos fechar um negócio importante hoje. – Explicou vago e levantou as sobrancelhas grossas parecendo bem animado.

DARK PARADISEOnde histórias criam vida. Descubra agora