Capítulo 3 - Andrew Harper

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 Nota das autoras: De "Primavera Sem Rumo" para cá, houve algumas mudanças. Uma delas é que mudamos o apelido que o Andy dera à Liz (ruivinha) para laranjinha, pois, convenhamos, o antigo já era muito utilizado por um oceano de escritoras. Vocês, que acompanham "Verão Inabalável", estarão a par das respectivas mudanças de determinados detalhes quanto aos personagens, embora a maioria esteja em PSR. Queríamos nos desculpar por não ter postado no domingo às 00:00, mas era Natal e estávamos bem ocupadas. De qualquer modo, ficamos gratas por todos aqueles que continuam conosco. Boa leitura!


Brasa Steakhouse: 23/06/2015 – Terça-feira, 10:10 p.m.


Rodrigo sugeriu que eu fosse comer neste restaurante quando viesse para Brighton. Recomendei para os outros e, embora a maioria tivesse rejeitado, Johann apareceu para fortalecer a "moral" que eu tinha, dizendo que essa churrascaria brasileira era a melhor de Brighton.

— É apenas eu ou mais alguém está ansioso para provar a carne brasileira? Sinceramente, nunca nem imaginei que comeria algo do tipo brasileiro. Pra vocês verem como a vida dá voltas — comentou Lou, enquanto esperávamos nossos pedidos.

— Não estou nem um pouco — pronunciou Iris, remexendo mais uma vez em seu cabelo pelo reflexo da tela do celular.

Ela foi a única que discordara, mesmo Johann reforçando o que eu dissera.

— Para falar a verdade, eu já fui ao Brasil com minha família, mas era muito pequeno e não lembro muito bem. Foi ideia da minha mãe ir para lá porque admirava as culturas que o povo brasileiro tem — ressaltei.

Debaixo da mesa, senti a mão de Lou afagando minha coxa, pois sabia que tocar nas lembranças que tinha de minha mãe fazia eu me sentir, de certo modo, deprimido, apesar de não demonstrar.

Olhei para ela discretamente e sorri, aceitando seu apoio.

Não era como se eu tivesse contado a ela que estava mal por dentro. Eu só queria passar um tempo na escuridão, no silêncio da minha própria alma, pois, ironicamente, meus pensamentos clareavam-se gradativamente usando este método.

"Mas quem se importa com seus pensamentos se seus sentimentos estão mais comprometidos?" Era essa pergunta que eu me fazia todo santo dia. Eu não tinha a resposta, no entanto, queria ter. E talvez eu conseguiria uma, mesmo que não estivesse relativamente certa. Não era o cara mais paciente do mundo, porém se tinha alguma qualidade e/ou defeito que puxara do meu pai era ser racional quanto ao que eu sentia. O problema era que eu precisava de tempo para ser mais racional e nem um pouco sentimental.

Nossos pedidos chegaram e os garçons nos serviram.

Lou cortou a carne e mastigou e eu fiz o mesmo.

— Hum — murmurou após tomar um pouco de seu suco natural de laranja e prosseguiu: — Mudando totalmente de assunto! Sei que já faz um tempão, mas só isso me veio à mente — A Lou estava incrivelmente elétrica hoje e quando ela ficava assim não parava mais de falar. Era uma reação bastante suspeita. Tinha que tentar fazê-la desabar logo. - Que merda de jogo foi aquele no Campeonato Inglês de Futebol?

Eu amava essa garota. Sorri, ao pensar. Ela poderia muito bem ser minha esposa daqui a dez anos, se não fosse muito minha amiga. Apesar de que se dependesse apenas desse empecilho uma boa parte da população estaria perdida e com o coração partido. Afinal, quem nunca se apaixonou por um amigo(a) seu(sua)? Até eu! Ok... eu nunca fui uma exceção.

Verão Inabalável (Livro 2) - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora