Verão Inabalável (Livro 2) - Completo

Capítulo 30 - Elizabeth Campbell

Casa dos Madoka Yoshimura: 14/08/2015 – Sexta-feira, 9:37 p.m.

Connor não apareceu em nossa casa como pedira, entretanto não abandonei o assunto. Naquela noite, sabendo que encontraria Dylan em casa, trouxe à tona as dificuldades que nosso irmão começava a enfrentar, adicionando os sintomas que conhecíamos bastante devido ao histórico inconstante do nosso querido copiloto.

Por mais que eu tentasse expor o meu descontentamento com a situação entre meus irmãos, definindo o quão prejudicial aquele momento em que eles brigaram afetaria na rotina do líder da Crossed, Dylan não se desfez dos seus sentimentos dolorosos em relação ao que aconteceu com Iris, e o que lhe ocorrera graças a uma mentira. Nada grave lhe aconteceu, contudo, para ele o pior havia sucedido. Dy, em seu relato alarmado a respeito da quarta passada, mencionou uma alterada instabilidade emocional na minha amiga e, quando aproximou-se dela, notou um odor forte de bebida alcoólica em seu hálito. Contou-me também que quase apanhou dela e, aos gritos, ela mandou-lhe embora da república onde morava desde a expulsão da casa dos seus pais, por ter ido apenas desejar-lhe as felicitações por seu aniversário. No final, afirmou com veemência que nada do que eu dissesse o faria mudar seu posicionamento e declarou que Connor ainda merecia pensar nas consequências dos seus atos.

– Pessoas não são fantoches – ele repetiu, até sair de casa.

Através da nossa conversa, cogitei a ida até o seu alojamento para fazer o mesmo. Contudo, instantes depois, as minhas obrigações saltaram sobre meus planos, tornando-os em cinzas. Trabalhar, estar com Thomas e ainda administrar o fã-clube da banda tomavam meu tempo. Além do mais, acreditava que não seria bem recebida, assim como meu irmão não foi. Possivelmente, ela descobrira sobre o meu envolvimento em toda a trama que Connor inventara, e guardava seus ressentimentos por meus atos. Desse modo, o melhor mesmo seria aguardar.

Se ela tivesse irmãos, faria o mesmo. Não havia como não escolher seu lado, devido ao seu bom coração. Por que ela não enxergava isso? Por que ninguém mais, além de mim, acreditava em suas boas ações? Compreendia que alguns erros haviam sido cometidos, porém todos deveriam obter o perdão não importando qual foi o seu pecado.

Quis compartilhar com Thomas o que estava acontecendo em nossa casa, contudo ponderei bastante e decidi não fazê-lo. Ele era meu namorado, no entanto, a minha família vinha acima de tudo e o que acontecia dentro de quatro paredes e com meus irmãos, era segredo nosso e de ninguém mais.

Ele também guardava seus segredos, e eu não me sentiria à vontade caso optasse por compartilhar a intimidade de sua família comigo. Eu não fazia parte dela, assim como ele.

Sr. Hajime, seu pai, acabara de chegar com um semblante preocupado e Thomas correu em seu auxílio, desaparecendo no corredor que levava ao escritório. Antes de sua chegada, estávamos conversando sobre como seria seu primeiro sábado sem mim, desde que ele retornou do Japão.

Desconfiada, embora contente, quis saber o que Andrew e ele fariam no dia seguinte. Estranhamente, Harper aproximou-se do meu namorado essa semana e através de um momento propício e descontraído, surgiu de Thomas o convite para eles saírem juntos como amigos, pois Andrew teve uma longa e esclarecedora conversa sobre seus sentimentos que não existiam mais e que tudo passara. Ele aceitara ser apenas meu amigo e gostaria de ser do Thomas também, já que adorava viver em harmonia entre todos.

O que não foi nenhum motivo para espanto.

Na terça, quando Thomas contou-me sobre as intenções do nosso colega de classes, abalei-me. Para mim, eram apenas impressões, não certezas dos sentimentos que ele nutria por minha pessoa. Contudo, meu namorado revelou que já sabia disso e por este motivo se sentia desconfortável na presença dele, até esta conversa. Thomas admirou a sinceridade do Harper e, de acordo com seus princípios a atitude do Andrew foi nobre, cortês e sincera. Ele agora o enxergava de outra forma.