Capítulo 28 - Iris Thompson

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República: 12/08/2015 – Quarta-feira, 2:12 p.m.


Consequências que marcam a pele através de arranhões.

Obviamente, você escolheu a melhor maneira de agir.

No canto escuro e frio, estou eu.

Na tentativa de ressurgir da tristeza.

Onde fui largada como insignificante.

Ria, sorria e se gabe com seus feitos. Logo vou me recuperar.


"A vida pode sorrir para nós, melhor dizendo, para mim se eu souber enxergar as chances que ela me dá."


Vi essa frase em uma plaquinha, no pub que ficava perto daqui e agora refletia sobre ela, apesar do celular tocar uma e outra vez, atrapalhando a minha inspiração em continuar o poema. Era Connor, avisando através de mensagens que meu tempo já havia acabado e que por ser meu aniversário, estava prolongando o meu prazo e também porque esteve fora da cidade resolvendo algumas questões. Mas, que na semana seguinte, nós teríamos a nossa conversa.

Empurrei o celular para debaixo do travesseiro, senão iria enviar uma mensagem em resposta agradecendo por estar longe e que não voltasse nunca mais. Porém, se fizesse isso, não teria tempo para pensar em uma forma de evitar a ligação que Connor faria ao meu pai porque provavelmente ficaria irritado. Andava em uma corda bomba e talvez, se "não me comportasse" como me fez lembrar em uma mensagem na semana passada, quem perderia algo seria eu.

Que vida a minha!

Apoiei a testa nas mãos e os cotovelos na mesa do computador, encarando o teclado do notebook para me acalmar. Meus olhos encontraram, no canto da mesa, o porta-lápis da minha colega de quarto e não pude impedir que um sorriso nascesse em meu rosto tão cansado.

– Está tudo bem? – ela perguntou, no caminho até o banheiro.

Dei um pequeno gole na bebida quente e quase queimei meus lábios.

– Está sim – confirmei. Louise ficou parada por algum tempo entre entrar no banheiro ou insistir, até que desistiu e foi tomar seu banho.

Era engraçado ver o jeito em que a vida se tornava diferente, após dar importância aos diferentes sinais que me enviava. Eu conseguia enxergar, conforme os dias passaram, que Louise poderia ser a luz no fim do meu túnel. Quando me mudei, se alguém me falasse que estaríamos tão próximas quanto agora, e que juntas estaríamos bebendo o chá das cinco, eu riria alto e claro para que aquela pessoa nunca mais mencionasse isso. Nós não éramos nada parecidas, porém eu invejava a tranquilidade dela e sua vida aparentemente pacata. Estranhava o fato dela não receber visitas, atender às ligações sussurrando ou quando não, saía do quarto e me deixava com a conversa pela metade. Mas, eu entendia. Há pouco mais de duas semanas fazia o mesmo, no entanto agora ela já sabia a respeito da minha família, do meu relacionamento em construção com minha mãe e a confiança aumentava devagar à medida que ela guardava para si os meus problemas.

Apenas não contaria sobre a chantagem, nem sobre a minha profissão.

Nunca gostei muito de chá, porém para agradá-la, a xícara que quase causou um acidente no meu notebook, esfriava enquanto ela cantarolava a música de ninar da outra noite.

Verão Inabalável (Livro 2) - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora