A caminho da rodoviária: 26/06/2015 – Sexta-feira, 9:18 a.m.
Nunca me apeguei tanto a alguém, como ao Thomas. Já havia me habituado a estar com ele em quase todos os dias da semana, pois ele me buscava quando saía do trabalho e ficávamos conversando horas e horas, até que fosse tarde demais para continuarmos.
E eu sentia muita falta disso, contudo vivia minha vida.
Agora parecia que não existia cor no meu arco-íris encantado, meu refúgio estava há muitos quilômetros de distância e nada poderia fazer para aplacar a dor que sempre surgia em nossos poucos momentos de conversa, que quase sempre eram aos finais de semana.
Por sorte, estava retornando para casa, a fim de trabalhar. Se Iris sequer pensasse que contava os dias em meu calendário imaginário, ficaria bem chateada. E eu compreendia isso facilmente, por me colocar em seu lugar e imaginar que me sentiria desconfortável se estivesse em sua situação. Tentava retirá-lo dos meus pensamentos quando estávamos juntas, já que ela não tinha culpa de nada e eu não poderia "parar a minha vida", como ela persistia em dizer sempre que me encontrava perdida em meus devaneios, por alguém que conhecia há meses.
E eu seria uma tola se não lhe desse ouvidos. Iris tinha razão nesse e em outros pontos também, e escutar seus conselhos era imprescindível para o meu bem estar.
Outro que estava certo era Andrew, quando tentou abrir meus olhos para que notasse os momentos importantes da viagem que deixava de aproveitar, por conta da falta que sentia. Se eles se esforçavam para ver a minha felicidade, por que não poderia fazer o mesmo?
E eu não estarei fingindo.
Muito embora doesse por estarmos separados por um oceano e sentir que um pedaço meu estava no Japão, cuidando do seu pai e sendo orgulho para mim. Era isso o que aliviava um pouco o meu coração melancólico e me tornava alguém mais esperançosa.
– Ansiosa para voltar, baixinha? – meu irmão chiou, enquanto apresentava dificuldades em descer os degraus da escadaria, segurando a mala com uma das mãos.
O suor escorria por sua testa e momentaneamente me senti culpada, por ter trazido roupas demais. Um dia antes de viajarmos, Iris foi até a minha casa para ajudar-me a organizar a minha mala, com a desculpa de que eu iria esquecer dos itens essenciais e praticamente jogou quase todo o meu armário dentro dela.
Assim que lá chegar, a esvaziarei. Desta vez, ela não tinha razão.
– Bastante – respondi, ainda sentindo culpa. Assim sendo, ofereci ajuda, que logo foi recusada com um gesto simples para que prosseguisse a caminhada até a rodoviária.A rodoviária ficava perto da casa, no máximo uns cinco minutos a pé. Por este motivo, ele não tinha tanta pressa para chegar lá.
– Você já sabe o que fará nesse final de semana? – indaguei, assim que alcancei o sinal. Estava verde, por isso esperei que se aproximasse para que juntos atravessássemos a rua com outros pedestres mais apressados que nós.
– Algumas ideias – ele falou pensativo, com um sorriso de lado. – Talvez a gente saia por aí em grupo, pequena. Por quê?
– Porque queria lhe pedir um favor – informei, antes de atravessarmos a longa rua até a rodoviária.
– Desembucha – incentivou, puxando a mala de rodinhas.
– Sem querer acabei falando demais, e eu espero que isso não crie conflitos desnecessários entre Louise e Iris.
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Verão Inabalável (Livro 2) - Completo
Fiction généraleLivro 2 da série "Estações Insólitas" Livro 1 - "Primavera Sem Rumo": https://www.wattpad.com/story/60735165-primavera-sem-rumo-livro-1 Uma nova estação. Um novo segredo para desvendar. E uma nova vida para explorar. Iris e seus amigos...