Capítulo 10 - Iris Thompson

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A caminho do píer de Brighton: 28/06/2015 – Domingo, 9:59 p.m.


Ultimamente, estava em um enorme bloqueio criativo e mal conseguia terminar um poema que vinha escrevendo desde o dia em que viemos à Brighton. Porém, no caminho até o píer, pude terminar o que faltava, enquanto caminhávamos.


Demorei para perceber
Ilusões que se tornaram verdade.
Lembra da nossa infância?
Antes era apenas um sonho.
No entanto, hoje se tornou realidade.


Sorri quando vi, na tela do celular, mais uma delas prontinha. Logo a passarei para o caderno, mas esqueci disso na hora em que percebi a música.

A sensação de sentir-se em casa pulsava por todo o meu corpo, como a música eletrônica que tocava pelo píer de Brighton. Ver uma multidão ao meu redor, que dançava, comemorava e curtia a noite me deixava empolgada, enquanto caminhava de mãos dadas com Dylan. Eu balançava meus braços e, em resposta, ele apertava minha mão e sorria, conforme andávamos em grupo de seis.

No momento em que saí da sala, fui ao quarto do meu priminho para convidá-lo para vir com a gente. O nerd, que não parecia querer fazer outra coisa da vida, estava lendo um livro. Obviamente que, comigo aqui ele não iria ficar trancado naquela casa.

Após a nossa briguinha, aquele lugar mais parecia um velório de tão silencioso. Meus tios, melhor dizendo, minha tia não ouviu um pio do que aconteceu no andar de baixo. Meus amigos andavam com tanto cuidado pelo corredor, que até lembrava um cinema mudo.

Se não bastasse toda a calmaria, para piorar, me tratavam como uma louca que pudesse jogar tudo pros ares caso fosse contrariada. Todos agora, sem exceção, ficavam preocupados com o que eu poderia fazer. Mas, na verdade, eu não queria fazer nada. Estava satisfeita com nossa última conversa e até feliz, embora ela tenha falado algumas coisinhas não muito agradáveis.

Nunca negarei que sou vingativa, no entanto mexer com a Louise pode não ser muito inteligente. Porém, como eles estavam alarmados comigo, quem sabe eu pudesse usar isso a meu favor mais para frente. Por enquanto deixarei que o tempo faça o seu trabalho lento, apesar de ser ansiosa e querer tudo para ontem.

– Vamos ficar aqui – Andy apontou nada discretamente para o palco, com o cigarro aceso entre os dedos.

– Por mim – Liz, que se manteve quieta durante todo a caminhada até aqui, virou-se para Louise. Elas trocaram olhares e a morena confirmou, dando de ombros.

Essas duas vão aprontar algo? Estava me sentindo incomodada com o relacionamento delas, pois ao que tudo indicava, Liz escolheu o lado dela. Não tinha nada a ver com ciúme, só não era muito divertido ver as duas juntas.

Revirei os olhos, prestando atenção no que os meninos diziam entre si. Johann estava empolgadíssimo com as instruções do Andy, que parecia o expert em distância. Eu os observava e mentalmente, fazia uma comparação entre um labrador e o dono, que segurava uma bolinha chamativa. Fantástico!

Um sorriso deslizou pelo canto da boca imaginando que se ele jogasse o objeto colorido, Johann correria atrás.

Balancei a cabeça ainda sorrindo, enquanto analisava as instruções que meu amigo dava. De fato, não era a única. Cinco pares de olhos o encaravam atentamente, sem piscar. Inacreditável.

– Então, é isso – Dylan concluiu, jogando seu braço sobre meus ombros. Logo, deu um beijo estalado em minha bochecha e sorriu. – Quer beber o quê? – sussurrou em meu ouvido.

Verão Inabalável (Livro 2) - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora