Capítulo 4 - Iris Thompson

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Casa dos Mynssen: 24/06/2015 - Quarta-feira, 11:02 a.m.


Não fazia tanto calor, mas assim mesmo estávamos na piscina da casa dos meus tios. Como imaginei: eles não se importaram em nos hospedar pelo período que passaremos aqui. Quer dizer, não todos.

Meu tio sempre me olhava estranho, e praticamente me ignorou quando me aproximei para cumprimenta-lo. Embora não tenhamos nos visto há anos, pois também não vinha à Brighton desde o início do meu namoro com Kevin, não justificava. Porém, como ficaremos de favor em sua casa, não seria inteligente começar uma briga por causa da forma como ele me tratava. Ou melhor, não tratava.

–  Iris – Liz, que estava sentada na beirada da piscina me chamou.

Parei de nadar e sentei ao seu lado, espirrando algumas gotas de água gelada em seu vestido florido em tons pastéis.

– Ei, não me molhe! – ela reclamou, mas não lhe dei ouvidos. – Para, Iris – resmungou, tentando me empurrar de volta à piscina.

– Não seja chata, Liz – respondi, imitando a voz fina que fazia quando ela era provocada.

– É sério, Iris – continuou, ainda mais séria.

Argh...onde andava o espírito esportivo dela esses dias? Sol, verão, calor e uma piscina maravilhosa como essa e ela com esse humor de homem das cavernas.

– Por favor – pediu, prolongando a última palavra até que eu a soltasse - preciso lhe perguntar algo.

– Você venceu – declarei, a deixando de lado e assim, revirando os olhos teatralmente sem que ela pudesse ver.

– Posso saber o que aconteceu entre você e a Louise? – disparou, fitando seu reflexo através dos meus óculos de sol.

– Poder, não pode – respondi, procurando uma toalha para me enrolar. - Mas, vou contar o que aconteceu, para você ficar de olhos bem abertos e não deixar o Thobias dando sopa por aí – comentei baixinho o final, desviando rapidamente o olhar para ver se ninguém se aproximava por trás dela. Ninguém vinha, então continuei: - Antes de viajarmos, acabei vendo que não se deve confiar em todo mundo.

Dessa vez, ela quem revirou os olhos, e isso me fez rir.

– Por quê? – perguntou, ansiosa.

– Peguei seu irmão e a Louise no flagra – revelei, enrolando os cabelos molhados em uma toalha que ela ofereceu.

– Co-como assim "no flagra"? – gaguejou, usando os dedinhos pequenos para fazer as aspas no ar.

– Eles iam se beijar, Liz. O problema maior nem é esse, ou melhor, é.

– Você está com ciúme? – murmurou, espiando o portão de madeira por onde Johann acabara de sair.

– Eu? Ciúme? – perguntei com desdém, quase gargalhando da conclusão que ela chegou. – Não, não tenho ciúme do Connor – afirmei, vendo a esperança desaparecer do seu olhar infantil.

– Se não é ciúme...

– Veja bem – a interrompi. – Eu a aconselhei a não dar chance alguma a ele. Liz, vamos combinar que seu irmão não é um copo d'água em um deserto escaldante. Está mais para um copo de veneno, isso sim!

– Iris, por favor, você sabe que não gosto que fale assim do Connor – ela me censurou, duramente. - Ele tem defeitos como qualquer um nessa casa – indicou a casa atrás de nós – e ele tem sido tão bom comigo. Tente dar uma chance a ele e verá que mudou.

Verão Inabalável (Livro 2) - CompletoOnde histórias criam vida. Descubra agora