Capítulo 27

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Já estava cansada de acordar sendo quase cegada pela maldita luz, e com uma sede dos infernos. Deus estava fazendo aquilo pra me castigar, só pode.

Meu primeiro instinto foi tentar me mexer, mas me arrempendi assim que solteira um gemido de dor. Olhei para os meus braços e ambos tinham agulhas espetadas, mas meu olhar não permaneceu ali por muito tempo. Olhei um pouco acima e vi o rosto que eu tanto amava.
Dominic estava sentando em uma poltrona, com a cabeca caída pra trás. Ele parecia exausto, mesmo enquanto estava dormindo.

Tentei falar para chamar sua atenção, mas tudo que eu consegui fazer foi tossir. Eu ainda não tinha percebido, mas estava com um tubo na boca, e aquilo me fez entrar em pânico.
O 'Bip' ficou mais rápido, e eu comecei a gemer e me remexer na cama, e no meu desespero acordei Dom. Ele veio correndo pro meu lado, mas assim que viu meu estado correu pra fora do quarto, gritando por ajuda.

Os enfermeiros passaram pela porta e não demoraram a me atender. Eles falavam uns com os outros mas eu não entendia nada.

Vi um deles injetar alguma coisa no tubo do soro e então tudo começou a ficar escuro. De novo. Droga.

Vozes. Foi o que eu percebi antes de abrir os olhos. Várias vozes falando ao mesmo tempo, discutindo por alguma coisa e me causando uma dor de cabeça.
Abri os olhos e tentei falar, pedir por água, mas só soltei um barulho estranho. Mas foi o suficiente pra chamar a atenção de todos e pararem de discutir.

O quarto estava cheio. Meus pais, Ana e Christian, Dominic. Todos estavam lá. Minha mãe foi a primeira a se manifestar.

-Filha, meu amor. Eu fiquei tão preocupada. - Ela estava com os olhos cheios de água, mas estava tentando ser forte. Ela era assim. Mas o nariz vermelho e a aparência cansada denunciavam que ela havia chorado, e muito.
- Á..Água. - Pode parecer egoísmo da minha parte, mas eu só pensava em um belo copo de água gelada.

O pessoal do quarto começou a se movimentar e logo meu pai já se aproxima com um copo e um pedaço de algodão. Franzi o rosto em confusão. O que ele ia fazer com um algodão?

Ele deve ter percebido a minha confusão, porque já foi logo esclarecendo.

-Você acabou machucando um pouco a garganta meu anjo, o médico disse pra ir ingerindo qualquer coisa aos poucos.

Naquele ponto, eu já nem me importava. Só queria beber a bendita água.

Ele molhou o algodão na água e eu chupei assim que foi colocado na minha boca. Foi horrível, mas depois de uns bons minutos, eu já havia matado a sede.

Respirei fundo e senti meu peito doer. Finalmente me dei conta da situação.

Eu estava no hospital, com a minha família. Longe daquele maldito cativeiro e daqueles loucos.

Eu estava segura.

A certeza disso fez com que a represa dentro de mim se rompesse. O choro corria livre, e logo eu fui abraçada, com cuidado, pelos meus pais. Aquele abraço e as palavras de conforto que eles falavam foram aos poucos me acalmando. Eu estava segura.

Depois que eu já havia parado de chorar, eles se afastaram um pouco da cama, mas minha mãe ainda permaneceu ali segurando a minha mão.
Olhei para o quarto, e vi o rosto de Dom molhado. Sorri na tentativa de confortá-lo.

- Vem aqui. - tentei abrir os braços pra reforçar o meu pedido, mas só tentei, eu não consegui mexer muito o corpo sem que alguma coisa doesse.

Ele se aproximou e me abraçou com cuidado, como se eu fosse de vidro. Senti seu cheiro gostoso e confirmei que era isso que eu queria pra mim, sempre.

50 tons de esperançaOnde histórias criam vida. Descubra agora