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Se passou pouco mais de um ano.
Eu estava bem acomodada no campus da UAL, desesperada por notas, fugindo das festas e drogas e tentando manter minhas amizades recém feitas apesar deles me acharem A Esquisita por viver com a cara nos livros, viver desenhando e fazendo arte no gramado da universidade e não dar bola pra nenhum campista gatinho que tentava ficar comigo.

Eu estava numa boa escrevendo algumas poesias quando ouvi aquela risada. Procurei por todo lado, e quando a vi, jogando os cabelos com todo charme e rindo de algo que um garoto havia dito, eu congelei. Seus olhos castanhos pousaram em mim e eu desviei o olhar para a frente rapidamente. Meu coração batia tão rápido quando o de um beija-flor.

"não pode ser ela. Não.. Não não"

Olhei novamente e a menina ainda me observava. Desviei os olhos novamente me sentindo uma idiota, óbvio que ela havia me visto. Quando começou a se aproximar eu me levantei catando minhas coisas da grama com pressa.

-Ei!

Eu acelerei indo pra bem longe dela.

-Menina, eu te conheço de algum lugar.

-Não conhece não.

Falei e ela segurou meu braço derrubando meus livros e meu caderno de desenho, vergonhosamente ele caiu na página que tinha um desenho aquarelado de uma Manuela linda e sorridente, de uma foto que eu guardava somente na memória, pois na hora da raiva apaguei também as fotos que eu tinha dela.

-Ei, essa sou eu.

Ela pegou o caderno assustada. Me olhou de novo e lá no fundo de seus olhos havia algum reconhecimento. Mas ela claramente não lembrava de mim.

-Eu...

Gaguejei e ela me olhou com atenção, afastou uma mecha de cabelos escuros para atras das orelhas e eu cerrei os olhos vendo uma feia cicatriz em sua têmpora.

-O que foi isso?

Perguntei esquecendo de tudo, eu não me lembrava daquilo. E estava parecendo pouco recente.

-Sofri um acidente de carro.

Deu de ombros e sorriu.

-Ah. Tá. Devolve meu caderno e tchau.

Peguei sem cerimônias o caderno de sua mão.

-Garota essa cara desenhada ai é a minha. Tenho direito de saber de onde você me conhece!

-Esquece!

Falei irritada e ela fez cara de magoada. Trincou os dentes e bufou.

-Tá. Então tchau.

Ela saiu pisando firme pela grama e eu fiquei mais furiosa ainda.

"Como ela esqueceu de mim?"

Lagrimas voltaram aos meus olhos mas eu não iria chorar ali. Então corri o mais rápido que pude até o quarto que eu compartilhava com Afrodite, sim esse era o nome da menina. Me joguei na minha cama e chorei.

-Porque ela tinha que estar mais linda ainda? Porque ela tem que querer vir falar comigo se nem se lembra de mim?

Eu falava pro meu próprio travesseiro. Por fim o abracei e adormeci.

O resto da semana eu esbarrei na Manuela pelos corredores. Mas sempre a evitava e ela sempre me seguia com os olhos.

Certo dia ela me olhou muito e tomou coragem vindo até mim.

-Preciso saber pelo menos o teu nome.

Disse decidida. Eu revirei os olho.

-Diz logo, eu vou descobrir de qualquer jeito.

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