Cura Hetero

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Eu entrei e olhei a minha volta. Apesar de tudo estar no lugar, parecia faltar algo. Faltava ela. Suspirei e deixei as compras na bancada da cozinha, e as "compras" eram uma lasanha congelada e um pote de sorvete. Me sentei no sofá da sala e olhei a TV desligada me lembrando dos momentos bons ao lado dela. Do sorriso simples e sincero, da voz doce e forte ao mesmo tempo. Da mania de brigar por tudo e por nada. E do jeito de me olhar, aquele jeito meio bobo que deixava claro que me amava.

Eu não queria pensar nela, nem pensar que eu a deixei ir, e que por minha culpa talvez nunca mais veria o rosto da pessoa que eu mais amava. Fechei os olhos e encostei a cabeça no encosto do sofá. Meu celular começou a tocar mas eu o ignorei.

Quando parou de tocar eu o desliguei e joguei pro lado. Olhei para a TV novamente e para a fileira de DVDs que estavam ao lado dela. Me levantei e peguei todos, me sentei no chão e observei os filmes que assisti com ela, quando encontrei o Três Loiras Contra  A Mafia eu não consegui conter um sorriso. Era o filme que nós estávamos assistindo no dia em que tivemos nossa primeira vez. Nem havíamos terminado de assistir. Coloquei o filme para rodar e me sentei no sofá.
No final eu tive um fio de esperança de um final feliz, mas quando o vento soprou as folhas de cima da mesinha, meu coração doeu e eu chorei.

Até o filme deixava claro que não daria certo. Me senti mal e desliguei a TV bruscamente e fui para o meu quarto. Fechei as persianas, deitei em minha cama e me encolhi agarrada ao meu travesseiro.
Trancada naquele apartamento vazio e sozinha eu só queria sumir. Não sei se passaram minutos, horas, dias, ou semanas. Quando o som de batidas insistentes na porta me despertou do estupor.

- Olha nós sabemos que você está ai!

Era a voz da Afrodite. Eu me levantei tropeçando pelo apartamento escuro. Quando abri a porta ela e Cris entraram sem esperar.

- Chegamos para fazer uma intervenção.

- Que ótimo....

Falei com ironia e me afastei me sentando no sofá da sala.

- Amiga, você precisa superar!

- Superar o que? Não posso mais ficar quieta no meu canto não?

- Poderia se isso fosse você sendo normal. O que não é o caso.

Disse Afrodite abrindo a geladeira.

- Que isso? Uma piscina? Nessa geladeira só tem água! E sorvete...

- Eu estou comendo fora.

-Não mente pra gente, está muito mais magra, dá pra perceber.

- Escuta... Eu...

- Não começa com as desculpinhas baratas!

Afrodite quase gritou, Cris assentiu concordando. Eu bufei irritada.

- Mas que saco, ein!

Falei e me levantei indo até meu quarto.

- Isso, vai tomar um banho. Nós duas vamos no mercado e já voltamos.

Disse Cris.

- Nós vamos?

Afrodite a olhou sem entender, Cris deu um olhar significativo e eu olhei de uma para a outra sem entender.

- Ah sim, nós vamos.

Afrodite falou com um sorriso forçado e eu fiquei no meio do caminho para o quarto, sem saber o que estava rolando.

As duas saíram pela porta e eu bufei mais uma vez. Entrei debaixo do chuveiro relaxando instantaneamente,  antes de sair eu já senti o cheio de comida sendo preparada. Sai do meu quarto depois de me vestir, mas ainda secando os cabelos na toalha, tomando cuidado com o curativo na minha cabeça  e falei;

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