miga, sua loka...

24 3 2
                                    

-Sair da faculdade?

-Eu perdi o ano. Perdi dois semestres. Sair é a melhor solução, consegui um apartamento no centro da cidade vizinha e...

-Tá tentando fugir Lua?

Afrodite era perspicaz demais pra minha pobre tentativa de enganação.

-E..eu...

-E ainda não entendi como conseguiu o dinheiro.

-Papai me mandou.

-E o apartamento...?

-Papai...

-E o fato do teu irmão ter ligado e perguntado; "que história é essa da Lua estar doente? Ela disse que conseguiu todo o tratamento em hospital público"

Fechei os olhos com força. Não dava mesmo pra mentir pra ela.

- Okay. Eu conto tudo. Mas é segredo de estado.

-Opa... Quero saber também!

Eu estava na casa da Afrodite buscando minhas coisas que ela havia guardado para mim. Cris entrava pela porta e eu me assustei com o quão linda ela estava.

Meio relutante, e após jurarem segredo contei tudo.

-Que mulher oportunista!

-Que  cobra isso sim!!!

As duas diziam e eu suspirei. A mãe da Manuela já havia deixado as chaves e o endereço do apartamento. Faltava quase fazer ela mesma a matrícula na outra faculdade pra mim. Enquanto isso Manuela não parava de me ligar. E eu não atendia, com um pesar terrível no coração.

Dias se passaram, me mudei para o enorme apartamento. Estava ainda de licença médica. Me tranquei em meu próprio mundo. Percebi por causa de um desmaio na cozinha, que eu não estava lembrando de comer.

-Está comendo Lua?

-Sim.

Falei olhando as comidas congeladas intactas na geladeira. Peguei uma garrafa de água, estava com o telefone entre o ouvido e o meu ombro, enquanto enfrentava o questionário da Afrodite.

-Está comendo comida de verdade ou só lasanha?

-Hmm...  Eu...

Gaguejei me sentindo culpada.

-Vou matar você!

Minha amiga esbravejou do outro lado. Como ela sempre brigava, parei de atende-la também. Passei dias fazendo ligações atrás de emprego. Quando vi que não encontrava nenhum, parei também.

Afrodite e Cris apareceram para a chamada "intervenção" delas. Acabou que foi um modo de tentar introduzir a Manu de volta na minha vida. Mas eu tinha um trato com a mãe dela. Eu me manteria longe. Depois daquele desentendimento me deitei em minha cama e observei o ventilador de teto girando, girando...

-Estou fazendo algo errado... Acho que tudo... Estou fazendo tudo errado.

Por saber que eu havia ficado tanto tempo internada eu já sabia que devia àquela mulher uma pequena fortuna. Mas ela não me cobrava. Na verdade ligava algumas vezes perguntando se eu estava bem. Eu estranhava mas respondia com educação.

Alguém bate à porta. Eu saio da cozinha descalça, de shorts de moletos soltos e regata. Estava fazendo uma pequena faxina, meus cabelos escapavam do rabo que fiz, mechas caiam em meu rosto levemente suado. Pela janela eu havia percebido que caia uma leve cortina de neve lá fora.

-Ah... Oi.

-Olá. Posso entrar?

Ela perguntou.

Mensagem Para VocêOnde histórias criam vida. Descubra agora