-Lua, amorzinho, é 100% possível se divertir sem usar drogas, beber até não ficar de pé e nem comer crimes e correr risco de ser presa.
-Tá Halley. Mas eu tenho que ir pra casa, encontrar minha namorada.
- Namorada?
- Sim.
- Ah... Tá bem. Chame ela também.
Halley era muito estilosa, inteligente, e tinha um caderno de desenhos que ela ficava rabiscando o tempo todo. Eu estava distraída me decidindo entre misturar azul ciano com verde musgo ou verde oliva, e voltei a prestar atenção depois de sua ultima frase. Lembrei da Afrodite dizendo que ela era hetero.
- Halley você tem namorado?
-O que? Eu não. Credo.
-Namorada?
-Tenho cara de lésbica?
Eu fiquei em choque.
-Na-não. Eu não acho que você pareça... Só perguntei porque...
Parei de gaguejar quando vi que a garota gargalhava da minha cara.
-Te ofendi?
- Claro que não!
Ela ainda ria. Estávamos espalhados pelo gramado e tínhamos que pensar em algo que nos representava e aplicar em tela. Afrodite estava muito concentrada em uma colagem com folhas secas de uma enorme árvore que ali havia.
-O que tanto desenha ai?
-Nada.
Disse fechando o caderno e o colocou na bolsa.
-Me deixa ver!
-Não Lua! A festa é sábado a noite. E você vai.
Mudou de assunto drasticamente. Cerrei os olhos. Quem fazia essa manobra era eu. Como ela ousava roubar minhas armas?
-Nem pensar. Mostre seus desenhos. Anda.
-Mostre o que fez ai primeiro.
Pediu e eu mostrei a ela. Pintei o prédio principal da faculdade com cores escuras e pesadas e com textura, eu amava textura. O fundo desfocado e o meio aquarelado e com sombras um tanto tristes. Eu mesma não havia me percebido tão mórbida até eu começar a pintar.
- Isso parece um dermentador.
Disse apontando um desenho ao fundo, não havia sido proposital, mas a junção de algumas pinceladas deu em uma sombra negra com um buraco no rosto vazio, como a boca de um dermetador, os guardiões da prisão de Azkaban de Harry Potter.
- Você é Potterhead?
-Digamos que sim.
Eu ri. Ela era fã do Potter. Olhei minha pintura. Ela também observou intrigada.
-O que te aflige tanto?
- O que?!
- Sua pintura.
Então voltei a olhar o quadro. A tinta ainda brilhava úmida.
- Eu não sei.
E nos encaramos por alguns segundos. E senti profundamente que ela me entendia, que entendia até mesmo o que eu ainda não fazia idéia. A garota era diferente de tudo que eu já havia visto.
- Turma vocês estão liberados. Juntem o material e guardem o que não for de uso pessoal de vocês.
Disse o professor e sua assistente o ajudou com o material. As minhas tintas ficavam em um estojo que eu carregava em minha bolsa. Mas o quadro e o cavalete eram da faculdade.
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Mensagem Para Você
Teen Fiction- Me defina em uma palavra. - Vício. Eu a olhei nos olhos, mordeu o polegar e me deu um sorriso de canto. - Sou seu vício? - Sim, você é. - Por definição... Vício é aquilo que você gosta tanto que chega a doer, chega a te fazer mal. Você tenta para...