𝙼𝙴𝙼𝙾𝚁𝙸𝙴𝚂 (𝚁𝙾𝙼𝙰𝙽𝙲𝙴 𝙶𝙰𝚈)

PART 9 - ACCEPT

   Assim que cheguei do mercado vi o meu pai mexendo em algumas correspondências, nas quais eu já havia percebido na porta da entrada de casa, mas com toda pressa pra comprar as coisas eu nem me importei em abri-las.

 — Toma, isso aqui chegou pra você.  — disse ele enquanto trazia o envelope ao alcance das minhas mãos. 

 

 Já imaginava do que se tratava, era minha carta de admissão do curso em NY. Com toda correria de trabalhos finais na escola, o baile e meu namoro com Bruno acabei deixando pra lá toda a minha preocupação em passar ou não, mas ao pegar o envelope todo aquele medo acabou voltando.—  Aquela bobeira de não ser aceito em um lugar novo passou por minha cabeça, tudo estar muito bem com o Bruno pra que agora termos que ficar longe um do outro. Além de que, no inicio disso tudo eu me imaginava indo com o Erick e hoje ele nem se quer fala comigo. —  Minhas mãos já estavam trêmulas enquanto eu abria, mal consegui ler tudo o que tinha escrito, só enxergava "You were accepted into our course. We started in two weeks."

— Pai, eu fui aceito. Meu deus. — disse enquanto o abraçava. Ele não pareceu ter ficado muito contente. 

 — Bom, não é o que queria que você fizesse, sabe disso. Mas estou muito orgulhoso de você. Parabéns, filho. 

— Obrigado. Queria te dizer outra coisa também. Eu ia esperar até a mamãe chegar, mas creio que por ela não terá problema algum. — gaguejei um pouco, estava com medo da sua resposta. — Você já disse que é gay. Lembra? — ironizou ele. 

— Não é isso, é que... eu tô namorando alguém, e ele vem hoje aqui conhecer você e a mamãe.

 O semblante em seu rosto mudou. De feliz ele passou a agir com preocupação, ficou um tempo em silêncio e se sentou ao meu lado, pegando em um das minhas mãos voltou a dizer:

  — Filho, isso uma hora iria acontecer. Eu não tenho o direito de escolher com quem você vai ficar, desde que você esteja feliz eu também estarei. Seu namorado é bem vindo. —  Ufa.

 — Muito obrigado, pai. Eu te amo.  — tudo que eu sabia era chorar naquele momento, então o abracei. 

 Assim que mamãe chegou expliquei toda situação e como eu já havia previsto ela não ligou, pelo contrário, ficou bastante feliz e louca pra conhecer o Bruno logo. Todos fomos para a cozinha preparar uma receita que eu havia visto na internet — todos porque até o meu pai deixou de preguiça e foi colocar a mão na massa —  Eu estava tão feliz em como as coisas estavam bem. Aquele clima em família era maravilhoso. Nunca mais havia me sentido tão feliz assim desde que o Erick se distanciou, não sei nem porque estou lembrando dele, mas ele iria adorar isso aqui.

 

 Estava tudo pronto. Tudo havia saído como planejado. Eu só estava escolhendo o que vestir já pra descer e meus pais ainda se arrumavam. Enquanto coloco minha blusa ouço a campainha tocar. O Bruno chegando cedo era um milagre, desci pra abrir, mas diferente do que eu tinha pensado não era ele. Era o Erick.