PART 18 - BETRAYAL I DO NOT ACCEPT

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—Tá, mas e se ele não estiver? Vai ver a foto foi só o ângulo em que tiraram mesmo, além do mais você sabe como as pessoas daquela escola adoram inventar.
— Não quero ficar com essa dúvida. Entende?
— Claro. Entendo sim. Disse isso só pra amenizar a situação. Eu mesma já fui traída milhares de vezes, estou traumatizada com isso —disse ela dando um sorriso tímido.
—Então quer dizer que aceita me ajudar, né?
—Claro. Vou só escolher o que vestir e já chego na tua casa pra começarmos o plano.

 Concordei com que a Clara havia dito. Mandei minha localidade pra ela através de mensagem, já que a última vez que ela tinha ido na minha casa acho eu que éramos segunda série. Bom, semanas antes eu não acreditaria em nada daquilo, até porque confiava no Bruno de olhos fechados, mas ultimamente ele vinha se mostrando um cara totalmente diferente. Só pensava em transar e as nossas conversas eram sempre ele insistindo, dizendo o quanto estava afim. Não era mais aquele cara que mesmo rude dizia coisas legais, que fazia questão de tá junto. De qualquer maneira espero que seja apenas uma dúvida e que logo tudo fique bem entre a gente.

 Já havia mais de uma hora em que a Clara disse ter saído do banho e nada de ter chegado. Presumo eu que ainda esteja escolhendo o que vestir. Depois de mais alguns minutos esperando ouço a campanhia tocar.

— O que você tá fazendo aqui, Erick? — perguntei sem entender nada.
— Não sou bem vindo mais?
— Claro que é, mas não ligou pra avisar, nem nada.
— Desculpa. É que vi uma foto no blog da Clara que queria te....
—  Do Bruno com o Matheus? —o interrompi. Ele apenas assentiu com a cabeça. — Eu já vi, inclusive já até liguei pra Clara pedindo pra que ela me ajudasse a descobrir se realmente ele está me traindo ou se foi só o ângulo da foto.
 
  Percebi que ele havia ficado calado enquanto eu não parava de falar.

— O que houve? — perguntei trazendo sua atenção novamente pra mim. 
— Você vai ficar bem caso seja verdade? — disse ele preocupado. 
— Não sei te responder isso. Mas porque?
— Só não quero que ninguém te machuque.
— Relaxa. Se eu começar a ficar igual aqueles adolescentes que não param de chorar e de dizer que minha vida acabou por causa dele você me dá um pote de sorvete.
— Só o pote de sorvete?
— O que mais seria?

 Antes mesmo que ele respondesse sinto um perfume extremamente doce por toda a sala, era a Clara. Esqueci de fechar a porta.

— Oi gente. Eu sei, eu demorei. Mas é que eu não queria usar quadriculado com listrado, com toda certeza seria apedrejada. — A Clara era aquilo que chamávamos de "patricinha", mas não de uma forma supérflua, ela era bastante inteligente, e confesso que esses comentários dela são bastante engraçados.
— Demorou muito. Cheguei a pensar que tivessem te sequestrado.
— Deus me livre. Tá amarrado.

 Fomos interrompidos pelo Erick se levantando e pegando seu casaco.

— Preciso ir, agora que as aulas acabaram tenho que procurar um emprego. Vou espalhar currículo por aí. — disse ele enquanto beijava a minha testa.
— Tá bom. Boa sorte.
— Caso descubra que ele realmente fez algo eu posso quebrar a cara dele. Você sabe.
— Não precisa. Deixa que eu mesmo farei isso.

 Quando Erick saiu a Clara não parava de me olhar e cantarolar algo como "Sky e Erick sentados numa árvore". Eu não parava de rir.

— Para já com isso. Somos amigos, na verdade somos irmãos.
— Sério? Ouvi dizer que menti pra si mesmo é a pior mentira.
—  Você tá ouvindo muito Maria Gadu. Isso é ridículo, esquece.
— Só você que não percebe o jeito que ele te olha. Ele te ama.
— Não quero mais falar nisso. Vamos ao plano?
— Tá né. Não tá mais aqui quem falou.

 Decidimos fazer o plano por partes. Primeiro iríamos ver o que ele responderia quando eu o chamasse pra minha casa alegando está sozinho. Na minha cabeça era óbvio que ele aceitaria, não negaria fogo. Mas foi o contrário, disse que naquele dia iria jantar fora com algumas tias que tinham acabado de chegar de viagem. Primeira parte dando errado decidimos ligar pra casa dele torcendo pra que a empregada mal humorada pudesse confirmar a chegada das supostas tias. Ela sem delongas disse que o Bruno só tinha apenas uma tia e que ela nem ao menos falava com a família dele. Com isso, fomos pra parte final, segui-lo. Quando descemos até o estacionamento eu já estava indo em direção ao carro da Clara. Quando ela chama a minha atenção.
 
— Ei, onde você pensa que vai?
— Para o seu carro, ué. — olhei pra ela sem entender nada.
— Você não assiste filmes? Não se segue ninguém no seu próprio carro. — ela tinha razão, meu Deus, como eu sou péssimo pra espionagem.
— Tá, mas então vamos em qual?

 Percebi que ela estava fitando o César com um olhar e logo foi em direção ao carro dos pais dele, onde ele tirava algumas compras. César era um adolescente de 18 anos, completamente nerd.

— Oi amorzinho. É que eu e meu amigo estamos em uma missão muito importante. E você com esse rostinho de garoto que é fã de jogos e filmes sabe que não pode seguir ninguém com seu próprio carro né?
— Essa é a regra número um. — disse ele gaguejando, estava totalmente nervoso ao lado dela.
— Então, pode me emprestar esse?
— Mas não é meu.
— Eu deixo você apertar o meu peito. —  Como ela era direta, nossa.
— Claro. É seu. — ele tremia de entusiasmo, fiquei com medo de ter uma convulsão.

 Entramos no carro e fomos direto pra casa do Bruno. Ficamos lá plantados por horas. Eu já estava quase desistindo, com sono, enquanto Clara não parava de folhear uma revista de moda que havia encontrado no carro.

— Olha lá, é o Bruno saindo. — disse ela me fazendo despertar.
— Vai, liga o carro. Não podemos perdê-lo.


𝙼𝙴𝙼𝙾𝚁𝙸𝙴𝚂 (𝚁𝙾𝙼𝙰𝙽𝙲𝙴 𝙶𝙰𝚈)Onde histórias criam vida. Descubra agora