PART 29 - I'M DEAD?

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 Eu tentava gritar, mas nada saía da minha boca, e mesmo que saísse ninguém poderia me ouvir. — Como eu pude ser tão burro em aceitar a carona do Julio, mesmo desconfiando que algo estava errado? — Senti as minhas costas doerem, como se houvesse levado chutes enquanto estava desacordado, e assim que tentei me ajeitar naquele chão gelado foi impossível me mexer, correntes estavam por toda as minha mãos e pés. A cada tentativa falha de me mexer a dor só piorava.

— Olha só quem acordou. Dormiu bem, meu amor? — disse Bruno. Apenas o encarei. — Eu sei, não é o melhor lugar pra passarmos nossa lua de mel, mas baseado na sua teimosia foi o que deu pra arrumar. Ah, quase esqueço, se eu fosse você não tentaria fugir dessa vez. — disse ele enquanto levantava a sua blusa, mostrando uma arma na sua cintura.

— Você enloqueceu de vez. Não é possível que depois de tudo o que você fez, ainda me apronte uma dessas, ainda coloca o nosso professor no meio. Sequestro é crime, sabia? — disse eu sentindo a ausência de Julio ali.

— Que professor? O Julio? Você acreditou mesmo que ele fosse professor de verdade? Aquele louco nem deve ser formado. A profissão dele é seguir o Erick. — Bruno ria feito uma criança com toda aquela situação. Tinha ódio no seu olhar, mas naquele momento ele exalava contentamento.

— Como assim? O que o Erick tem a ver com tudo isso?

— Melhor que falar, é mostrar, meu amor. 

 Bruno foi até o final do armazém e ligou as luzes que iluminavam aquela parte do local. Havia uma grande cortina branca que logo foi puxada por ele. De início eu não consegui entender do que se tratava, mas logo comecei a reconhecer que aquilo era uma espécie de santuario, onde o santo era o Erick. O Julio era uma maniaco completamente apaixonado pelo Erick. Eu nao podia acreditar no que estava vendo, variás fotos do Erick dormindo, além de riscos em todas as fotos que eu aparecia.

— Quanto amor, né? — disse Bruno, me tirando dos meus pensamentos aterrorizantes.

— Isso é obsessão. Loucura. Você e ele são dois loucos. — disse eu chorando.

— Voce nunca amou, nunca vai saber como é. Mas tenho que admitir, o cara é louco, forjar documentos e fingir ser professor só pra ficar perto do queridinho dele. Uau.

— Essa história está muito estranha. O Erick nunca me falou nada sobre o Julio. Como eles se conhecem fora do colégio?

— Ao que parece o seu tão querido Erick estava confuso sobre quem ele era e foi parar em uma boate gay, e advinha só com quem ele acabou ficando? Nem precisa responder, sabemos quem é. Mas o problema não está aí, o Julio se apaixonou e quando foi atrás do Erick ele simplismente dissse que era apaixonado por outra pessoa, que sabemos também quem é, e eu nunca vou deixar isso acontencer, vocês nunca vão ficar juntos. Ouviu? Voce é meu e de mais ninguém. —disse ele se aproximando, colacando seus lábios nos meus.

— Não sou teu. Tenho nojo de você. — cuspi em sua cara, fazendo com que ele desse um tapa na minha.

— Nunca mais faça issso, ok? Não quero recomeçar nosso relacionamento te dando uma surra. 

 Bruno amordaçou minha boca. Naquele momento o chão não só estava completamente gelado, mas molhado também. Eu me encontrava deitado em uma poça d'água, baseado no cheiro que exalava a água deveria ser do esgoto. — Bruno olhava o telefone a cada cinco minutos, provavelmente esperando qualquer ligação que viesse de Julio. Ficou assim durante horas.

— Você está tão calado, meu amor? — ironizou ele — Quer falar alguma coisa? Quem foi o louco que colocou isso na sua boca? — disse ele ao remover aquele pano da minha boca.

— Como você conheceu ele? — não fazia sentido tudo aquilo está acontecendo justamente comigo. Eu precisava saber o porque de tudo.

—  O Julio? Bom, pra mim ele era um simples professor também. Mas após nosso termino as coisas iriam piorar pra ele, já que seria a chance que o Erick teria de ficar com você, então ele foi me procurar e me propôs esse plano. Eu fico com você e ele com o idiota do Erick.

— Sabe que eu não vou ficar com você. Eu prefiro morrer caso isso aconteça.

— Pra ser sincero eu sei que não, mas o Erick também não vai. Assim que o Julio entrar por aquela porta com ele eu vou meter bala na cabeça dos dois, e depois disso vamos ficar aqui, juntinhos, esperando alguém te achar. Não é um ótimo plano?

— Você não pode fazer isso. Não com o Erick, ele não tem nada a ver com isso. A culpa de não estarmos juntos é apenas sua.

— Blá, blá. Cala essa boca. Você é tão lindo calado. Será que vou ter que te fazer ficar calado com isso aqui? — disse ele enchendo a mão com o seu pênis.

— Não encosta em... — Antes mesmo que eu pudesse terminar de falar Julio entra no armazém, trazendo o Erick desacordado em suas costas. Após se aproximar coloca-o no chão, bem longe de mim.

— Meu amor pesa tanto. Mas enfim, como o rapazinho aí se comportou, Brunão? — disse ele tirando as luvas que ocupavam suas mãos.

— Muito bem. Você demorou, estava contando aqui como nos conhecemos. Ele adorou toda história.

— Imagino. Daria um livro, não é? Uma pena que nenhum de vocês dois fique vivo pra contar. - disse Julio ao colocar a arma na cabeça de Bruno.

— Como assim? O que você tá fazendo, cara? — Bruno tremia, mas de onde eu estava notava-se que ele tentava disfarçadamente pegar a arma que estava em sua cintura. De repente os dois estavam com armas miradas um pro outro.

— Você é tão patético. Acha mesmo que eu daria uma arma carregada pra você? — disse Julio já se preparando pra extourar os miolos de Bruno, e foi isso o que ele fez. Bruno caiu duro na minha frente. Espichando sangue por toda parte.

— Voce deve imaginar que agora seja a sua vez, não é? — disse Julio aproximando-se de mim.



𝙼𝙴𝙼𝙾𝚁𝙸𝙴𝚂 (𝚁𝙾𝙼𝙰𝙽𝙲𝙴 𝙶𝙰𝚈)Onde histórias criam vida. Descubra agora