PART 30 - THE END

2.3K 192 33
                                    


    Confesso que duvidei de todos quando me diziam que ao estarmos diante da morte uma espécie de flashback passava pela nossa mente, mas ali naquele momento era exatamente o que estava acontecendo comigo. —Eu estava no meu quarto antigo, com aproximadamente sete anos e mamãe passava as suas mãos incrivelmente macias por todo o meu cabelo enquanto cantava uma música de ninar para que eu dormisse. Por algum motivo parecia inquieto, sem querer dormir e mamãe insistia em dizer que iria ficar tudo bem. De repente eu estava no Pier da cidade, Erick estava ao meu lado, ele segurava firmemente a minha mão. Erick me passava segurança, e diferente do momento anterior eu não estava mais com medo. Todos os meus principais momentos com Erick passavam na minha mente em forma de slides. Eu o amava. Quem eu queria enganar? Ele sempre será o primeiro. Com isso, prometi pra mim mesmo que caso eu saísse vivo dali eu não iria mais perder tempo.  

—  Com você vivo não poderei ser feliz junto ao Erick, entende? Não é nada pessoal, mas preciso fazer isso.  — disse Julio, mirando a arma na minha boca, fazendo sinal para que eu continuasse calado. — Veja como ele é tão lindo dormindo. Se eu fosse você aproveitaria esssa última visão dele, já que será a última né.

—  O Erick nunca irá ficar com você. Ele não te ama.

—  Isso logo vai mudar. Ele vai perceber que você nunca o mereceu e que sou o grande amor da vida dele.

—  Você não precisa de amor, precisa de tratamento. Seu doente. — disse eu, fazendo com que ele ficasse nervoso.

—  Cala a boca! Quem você pensa que é pra falar de amor? Nunca amou. Nunca deu valor ao que o Erick sentia por você, mas eu sim, eu sei e vou dar valor. Eu até te chamaria pro casamento, mas você vai viajar pra tão longe agora. 


 Ele estava certo. Eu realmente não merecia o amor que o Erick tanto dizia sentir por mim. Ouvir aquilo foi como se aquela bala que já estava me esperando tivesse me acertado. Ou talvez ela doesse menos. —  As minhas esperanças já haviam se esvaido, eu estava certo de que iria morrer. Adeus meu sonho de morar em New York. Adeus o meu sonho de cursar moda. Adeus aos meus pais. Adeus, Erick. 

—  Espera. Preciso te dizer uma coisa que o Erick disse sobre você. — disse eu, tentando prolongar os meus últimos momentos de vida.

—  Está mentindo. O Erick nunca falaria de mim pra você. E fica quieto, já perdi muito tempo com você, ja estou cansado e não posso, o Erick quando acordar irá precisar da minha ajuda.

—  Porque ele irá precisar?

—  Ele é um desastrado, vamos combinar. Nunca presta atenção por onde anda. Acabei atropelando pela segunda vez. Tadinho. Mas eu vou cuidar dele, não precisa ficar com essa cara aí, como se você se importasse com ele.

—  Segunda vez? Meu Deus. É esse o tipo de amor que você diz sentir? Porque pra mim quem ama não machuca. Você poderia ter matado ele. Aliás, você já parou pra pensar que agora mesmo ele pode tá morto? Como eu pude ser tão burro e não desconfiar de nada.

—  Não seja ridiculo. Usei com ele a mesma coisa que usei com você, quando supostamente foi socorrer ele. Mas realmente, você é muito burro, no dia do hospital eu cheguei a pensar que você desconfiaria, mas você nem pra isso serve. —  disse ele rindo.  — Agora tenho que ser rápido com você, logo o Erick vai acordar e não quero você mais aqui pra interromper.


 Dei minha última passada de olhos no Erick e os fechei. Esperei a bala destinada a mim. Entreguei minha vida na mão de Deus, certo de que após alguns instantes eu estaria lá no céu ao lado dele. Mas ela não veio. — Quando abri os meus olhos lá estava Erick, o amor da minha vida, que mesmo com dores e sem forças reuniu as que restavam pra me salvar. Erick havia pego uma das madeiras tão pesadas que ali estavam e acertou a cabeça de Julio, fazendo com que ele desmaiasse. 

—  Eu pensei que fosse morrer, Erick. —  disse eu sem controlar o choro.

—  Calma, calma. Eu estou aqui agora. Tá tudo bem. —  disse ele ao me abraçar. 



                                                               UMA SEMANA DEPOIS. 


  —  Amor, eu estou nervoso. Sinto que esse avião vai cair. —  disse Erick ao ouvir a aeromoça dar o aviso de que iriamos decolar.

—  Calma, são só algumas horinhas. Não precisa ficar com tanto medo. Eu estou aqui.

—  Eu sei, mas não estou conseguindo ficar calmo.  —  disse ele inquieto.

—  Estou decepcionado com o Erickzão, tá muito fresco. —  eu não conseguia parar de rir da cara de assustado dele. 

—  Para. Mas falando sério agora, eu sempre tive vontade de fazer no avião. Você não?

—  Seria uma boa pra você relaxar. — provoquei.

—  Você tá zoando, né? Eu não consigo me controlar. Não faz assim.

—  Não. Estou falando sério, ue. 

 No inicío todo aquele joguinho era apenas para provocá-lo, mas não demorou muito pra que eu e Erick estivéssemos completamente despidos naquela cabine mínuscula do avião. Além de todo aquele tesão que exalava ali, naquele momento não era mas só isso, ao menos não mais pra mim. Havia amor, como nunca antes eu havia sentido. 


—  Vai demorar aí? Preciso usar o banheiro. —  gritava um homem do outro lado da porta.

—  Calma aí, amigão. O négocio tá ruim aqui. —  disse o Erick, fazendo com que eu tivesse que controlar o riso ou o homem nos escutaria. 
—  Você é louco. Olha o que me fez fazer.

—  Sou louco mesmo, louco por você. E temos que honrar nosso lugar favorito né, sempre no banheiro.

—  Eu te amo, Erick. 

—  Porque está dizendo isso? —  indagou ele. 

—  Porque eu te amo e eu não sei onde estava com a cabeça quando tentava dizer que não.


 Nossas linguas estavam unidas. Nossos corpos estavam colados. O nosso amor estava celado. Éramos um só. 



                                                                                                   FIM. 

𝙼𝙴𝙼𝙾𝚁𝙸𝙴𝚂 (𝚁𝙾𝙼𝙰𝙽𝙲𝙴 𝙶𝙰𝚈)Onde histórias criam vida. Descubra agora