PART 15 - IT'S GONNA BE OKAY

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O Erick não parava de gritar. Não aguentei vê-lo ali no chão, agonizando na minha frente e eu sem nem poder fazer absolutamente nada pra que ao menos a dor dele diminuísse.

— Licença. Você o conhece? — era um policial. Ele estava afastando todos

— Sim. Ele é meu amigo. Vocês já ligaram pra ambulância? Ele vai ficar bem?

— Olha, eu não sou médico. Mas ele está vivo, acho que só deve ter quebrado alguma coisa. — quando ele ia continuar a falar ouvi o barulho da ambulância se aproximar — Vou ver se eles precisam de alguma coisa, e peço que se afaste, o melhor que você pode fazer agora é avisar a família dele.

— Ei, mas eu não sei nem pra que hospital vão levar ele.
— Vou lá perguntar. Não saia daí.

 Enquanto ele saiu tentei tomar o máximo de coragem pra ligar pra mãe do Erick. Não fazia nem noção de como iria dar uma notícia daquelas, mesmo que ele estivesse vivo acho que pra uma mãe sempre são os pensamentos negativos que tomam conta.
 
— Ele vai ficar no Hospital Isabel Alencar. — disse enquanto se aproximava.
— Obrigado. Vou ligar agora pra mãe  dele e avisar.

 Não posso ter medo da reação dela. — Liguei. Ela parecia nem me ouvir, só gritava perguntando como aconteceu, se ele estava bem, vivo. Depois de muito tempo tentando tranquiliza-lá acabei desligando e lembrando que o Bruno estava no carro me esperando ainda. No meio daquilo tudo acabei esquecendo de avisar a ele o que tinha acontecido.

— Porque você está chorando? — perguntou ele enquanto me via cair no choro no carro.
— Era o Erick, o menino atropelado. Me leva pro hospital Isabel Alencar.

 Quando chegamos Bruno não quis entrar, só me deixou lá e voltou pra sua casa. Ele nunca foi fã do Erick e até entendo, mas mesmo naquela situação nada mudou nele. Não havia preocupação em seu rosto, nada. — Entrei no hospital a mãe do Erick já estava lá, ela parecia mais calma.

— Oi. Como ele tá? — perguntei enquanto a abraçava.
— Já fizeram os exames, quebrou o braço e teve alguns arranhões. Vai ficar bem.
— Quando vou poder vê-lo?
— Acho que daqui à pouco ele deve ir pro quarto. Dou um jeito de você entrar.

 Todos os exames demoraram cerca de uma hora e meia. Depois disso os médicos disseram que ele poderia ser tratado em casa mesmo, mas a mãe dele preferiu que passasse a noite lá e pelo período da manhã ele voltaria pra casa.

— Oi. — disse eu enquanto adentrava o quarto.
— E aí. — ele demonstrava está feliz ao me ver, mas mesmo assim insistia em falar friamente.
— Você ainda tá bravo comigo, né? — me sentei em uma poltrona que havia no lado da cama em que ele estava.
— Não é raiva. Nunca sentiria isso por você. — ele não conversava mais comigo olhando nos meus olhos como de costume.
— Você não tá olhando nos meus olhos.
— Mas não por raiva. Estou só evitando porque você está muito bonito hoje. — percebi que as bochechas dele haviam ficado coradas ao dizer isto.
— Obrigado. Na verdade eu estou como todos os dias, Erick. Você tá melhor?
— Sim. Só algumas dores e essa atadura que me dá uma vontade enorme de coçar o braço.
— Você lembra quando você quebrou o pé quando éramos pequenos?
— Lembro. Você não saiu do meu lado. Uma pena agora ser diferente. —  diz Erick cabisbaixo.
— Diferente como? Eu estou aqui do seu lado.
— Você agora tem o Bruno, Sky. E eu continuo achando melhor nós ficarmos longe ainda. Sabe o que sinto por você.
— O Bruno não interfere em nada. Sou seu amigo a tanto tempo, não tem porque ficarmos longe um do outro. E não adianta você me mandar embora, irei ficar aqui do seu lado como sempre.

 Passamos a noite toda vendo vídeos engraçados, relembrando todos os nossos momentos juntos. Parecíamos aquelas crianças de dez anos atrás. O Erick estava feliz, ele sorria intensamente, havia muito tempo que não o via assim. Fiquei feliz em fazer com que ele esquecesse tudo. Conversamos tanto que nem respondi as quinze mensagens do Bruno.

— É ele né? — respondi que sim com a cabeça — Não vai respondê-lo?
— Agora não. Depois eu falo com ele. Vamos assistir um filme?
— Vamos. Deita aqui, aí onde você tá deve está desconfortável.

 Me deitei na minúscula cama em que Erick estava deitado. Estávamos apertados mas nenhum dos dois disse nada. Assistimos o filme "Simplesmente Acontece". Eu estava totalmente vidrado na TV, mas percebia Erick me olhar, ele se dividia entre assistir o filme e ficar me olhando. Quando o filme acabou o Erick decidiu ver mais um. Esse não prestei muita atenção e acabei adormecendo em seu peito.

𝙼𝙴𝙼𝙾𝚁𝙸𝙴𝚂 (𝚁𝙾𝙼𝙰𝙽𝙲𝙴 𝙶𝙰𝚈)Onde histórias criam vida. Descubra agora