Dei alguns passos para trás com as mãos sobre a boca, sem saber ao certo o que dizer ou fazer. Meu corpo estava em choque e só tinha forças para encarar o menino em minha frente. Ele passou as mãos pelo rosto chegando até seu cabelo, afundando suas mãos no mesmo. Ele olhou para mim e depois se sentou no sofá, dando um longo suspiro:
_ Por que você tem que ser tão teimosa? - ele disse massageando sua têmpora. Pisquei algumas vezes e engoli em seco. Senti meus olhos arderem por conta das lágrimas que já ameaçavam cair.
_ Kai, me diz que isso é só mais uma brincadeira sua. - disse e me aproximei, sentando ao seu lado. Ele abriu um sorriso irônico e olhou para mim.
_ Eu pareço estar brincando, Júlia? - ele disse e então eu vi suas lágrimas caírem. Uma atrás da outra. Um fato: Eu nunca me acostumaria a ver o Kai chorando. Era algo surreal. Abaixei a cabeça e mordi os lábios sem me importar com as lágrimas que molhavam o meu rosto.
_ Mas Kai... eu não entendo. - disse e levantei o meu olhar para vê-lo. Ele fitava suas mãos e respirava fundo. Ele passou as mãos pelos olhos e levantou sua postura.
_ Você não deve saber, mas... meus pais voltaram de viagem semana passada. Eles são pessoas bem rígidas e esperam muito de mim e da minha irmã. Como você pode saber, eu não sou um dos melhores alunos. Pra falar a verdade, sou um dos piores. Isso sempre foi motivo para haver briga entre mim e meus pais. Não demorou muito para que eles soubessem que eu estava indo mal na faculdade de Medicina. E, novamente, nós brigamos. - ele disse e voltou a fitar suas mãos. - Só que... só que dessa vez eu parei para pensar. Por que eu estou fazendo algo na qual eu sou ruim? Por que me esforçar sendo que eu sou péssimo naquilo que tento aprender? E então, eu vi que estava perdendo tempo. Sim, você pode pensar que eu sou um tolo por agir dessa forma. Mas eu estou tão farto dessas brigas constantes com meus pais, estou farto de me sentir humilhado pelas palavras deles que acabei tomando uma decisão. - Kai disse e voltou seu olhar para mim. - Meu pai me ofereceu um cargo na empresa dele, e viajar para fora do país vai ser uma chance para eu mostrar a ele que eu posso ser algo no qual ele se orgulhe. - ele continuou e suas lágrimas foram libertas novamente. Ele passou as mãos pelos braços fitando a parede em sua frente. - Eu não vou mais fazer Medicina, Júlia. Amanhã mesmo, eu já estarei viajando para o Brasil e não sei quando vou voltar. - ele disse e eu senti um aperto no coração ao ouvir o nome do meu país de origem. Sequei minhas lágrimas e tentei me acalmar, mas minha vontade era de bater sua cabeça na parede para ver se ele voltava ao normal.
_ Por que não me disse que tinha dificuldades, Kai? Eu te ajudaria com todo o prazer. - disse por fim.
_ Não gosto de incomodar as pessoas com problemas meus. - ele disse em um fiapo de voz. Levantei-me rapidamente e parei em sua frente.
_ Mas é melhor do que fazer as pessoas sofrerem. Você nem se importa com o que as pessoas em sua volta, que se importam com você e que te amam, vão pensar? Você vai viajar amanhã e não contou para ninguém, Kai. NINGUÉM. - disse e alterei meu tom de voz. - Como você acha que ficaríamos? COMO VOCÊ ACHA QUE EU FICARIA?
_ Eu pretendia contar para vocês hoje. - ele disse e levantou seu olhar para mim. Meu peito subia e descia rapidamente conforme eu respirava. Mordi os lábios e enxuguei minhas lágrimas. Funguei e me encaminhei para a porta, colocando meus tênis com pressa. - Eu ainda não terminei. - ele disse se levantando.
_ Tanto faz, Kai. Não quero mais ouvir bobagens de sua boca. Eu não acredito que está desistindo de seu sonho por causa dos seus pais. Eu não acredito que está indo para um país onde você não sabe dizer nem um oi para poder provar que você pode ser algo. Eu realmente não sei o que deu em você. - disse balançando a cabeça negativamente e abrindo a porta em minha frente. – É até bom que você viaje Kai, pois eu nunca mais quero olhar na sua cara. - disse antes de sair. Escutei Kai chamando pelo meu nome, mas apressei meus passos para me ver longe daquilo. Enfiei minhas mãos no bolso de meu casaco e me segurei para não chorar ali, mas não foi possível. Encostei-me em uma árvore e deixei as lágrimas caírem livremente sem me importar com o que as pessoas em minha volta iriam pensar. A dor de perder o Kai era maior do que todos os meus problemas. Respirei fundo e enxuguei as minhas lágrimas, voltando a caminhar. Esbarrei em algumas pessoas, mas não tinha voz para pedir desculpas. Fiquei calada pelo curto caminho apenas pensando nas palavras de Kai e em como aquilo me afetava. Eu só queria que fosse apenas uma brincadeira dele, mas eu percebi que ele estava falando bem sério. Eu só não queria acreditar que aquilo foi real.
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Stand Up Your Hand [pjm]
Fanfiction[longfic - a bts fanfiction - ©iamjubs - capa feita por @sadwards] - Não planejava sentir alguma coisa por você, mas aconteceu. Sinto muito por isso - ele diz, acariciando minhas bochechas. Olhei no fundo de seus olhos e dei o sorriso mais verdadeir...