Dê uma nova chance

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Júlia: on

_ Você quer ajuda? - um menino que eu nunca nem falei na vida se aproxima de mim enquanto ando pelo corredor com minhas muletas. Nego com a cabeça e dou um pequeno sorriso. Assim que entro em minha sala de aula, vou em direção a minha carteira. Todos me olhavam com pena desde que pisei os pés na entrada do edifício. Bufo e sento em minha carteira tentando ignorar os olhares sobre mim. Eu havia chegado um pouco mais cedo. Mesmo ontem ter sido um dia divertido, o clima frio e sem vida ainda era presente lá em casa. Só queria me ver longe disso, mas aqui ainda estava sendo um pouco pior. Pego meus fones, coloco minha música e deito minha cabeça na carteira, esperando a próxima pessoa que viria dizer que sente muito. 

Como esperado, sinto alguém me cutucar. Levanto minha cabeça lentamente e dou de cara com Seulgi. Estava claro que ela não queria estar aqui prestes a falar comigo. Sua máscara de pessoa boa não funcionava muito bem comigo. Ela grunhe e abre um sorriso forçado:

_ Oi... hmm... sinto muito pelo o que aconteceu. - ela diz e olha de relance para minhas pernas que já tinham os pontos à mostra. Passo a língua pelos lábios e olho para a menina. Não queria ser rude mesmo sabendo que ela não queria estar aqui. Mesmo sabendo que ela não se importa comigo, muito menos com minha situação. Estava ali para fazer papel de boa pessoa, amiga de todos. 

_ Obrigada, Seulgi. Já pode voltar pro seu grupinho. - digo e olho para suas amigas que me encaravam com um sorrisinho bobo no rosto, como se zombassem da minha cara. Aquilo me irritou profundamente. Estavam gostando da minha situação. O que elas não sabiam é que minha situação envolvia a morte da minha mãe. Respiro fundo e me mantenho quieta para não arrumar confusão e arruinar de vez a minha vida. Seulgi sorri e se afasta, se aproximando de suas amigas. Reviro os olhos e volto a tentar dormir.

...

_ Você está ouvindo? - Mi Cha diz e estala os dedos na frente de meu rosto. Levanto as sobrancelhas e olho para a menina. Não, eu não estava ouvindo. A conversa entre ela e Manu só passavam de ecos em minha cabeça. 

_ Não, não. Me desculpe. - digo. Mi Cha revira os olhos e volta a falar.

_ Bom, o Tae me disse que o homem que tentou me assaltar naquele dia é o mesmo que espancou o Jimin. Quer dizer, um deles. - Mi Cha diz e eu arregalo os olhos.

_ Como ele sabe disso? - pergunto um pouco intrigada.

_ O Tae foi junto com Jimin na delegacia. Ele me disse isso hoje. - Mi Cha diz e balança o celular com as mãos. 

_ E já fizeram perguntas a esse cara? Tipo, o porquê dele ter feito isso e tudo mais? - Manu pergunta com a boca cheia.

_ Taehyung não me disse nada sobre isso. Acho que o seu pai pode saber de algo. - Mi Cha diz e me olha. Fito a menina por um tempo mas meus pensamentos focavam naquilo que a menina dizia. Ainda restava um pingo de esperança em mim. Talvez Sehun ainda possa ter aquilo que merece. - Hey, você não comeu nada. - Mi Cha muda de assunto e aponta para o lanche em cima da mesa.

_ Eu não estou com fome. - digo e empurro a bandeja de leve. 

_ Você sem fome é tipo o fim do mundo. - Manu diz e eu acabo sorrindo com seu comentário. Acho que foi a intenção dela já que era evidente que eu não estava em um bom dia. - Mas você tem que comer. - Manu diz e empurra a bandeja em minha direção. Nego com a cabeça e fito a menina. Eu estava falando sério. Realmente não estava com fome. Manu bufa e fica sem saber o que fazer. - Depois não venha me dizer que está com fome porque eu não vou dividir o chocolate que eu trouxe.

Stand Up Your Hand [pjm]Onde histórias criam vida. Descubra agora