Stand Up Your Hand [pjm]

Não me deixe

Escutem a música conforme lêem esse capítulo :3

Júlia: on

Já era de se imaginar que meu dia estava sendo péssimo. Agora, todos já sabiam da viagem de Kai e faziam questão de só falar disso. Desliguei meu celular por conta das mensagens no grupo onde só se falava dele e por conta das mensagens do mesmo. Sim, eu estava o evitando. Ainda não havia me conformado que ele estaria indo embora por conta dos pais.

Estava sentada na cama, agarrada com meu travesseiro e com a TV ligada. Só liguei a mesma para poder me distrair mas estava sendo impossível. Resmunguei algo quando vi que havia perdido metade do filme por conta de meus pensamentos. Desliguei a TV e olhei para o meu celular que estava em cima do criado-mudo. A tentação de pegá-lo e ver as mensagens de Kai, era grande, eu estava mesmo me segurando, mas a minha vontade era de implorar ao Kai para que ele não fosse embora. Acho que eu não suportava a ideia de vê-lo longe de mim. Uma parte de mim queria ir até a casa de Kai e apoiá-lo em sua decisão mas a outra parte só nutria raiva do mesmo. Resmunguei algo e desviei os olhos do celular. "Por que não estava conseguindo dormir?"

 Meus problemas e preocupações estavam tirando meu sono desde que cheguei aqui. Levanto da cama e vou até a cozinha em busca de algum remédio para dormir. Não tinha contado para ninguém mas, ultimamente, estava tomando vários desses remédios, algo que não me agradava mas não conseguia ver outra solução para conseguir finalmente descansar. Pego a cartela do mesmo e vejo que só tem um comprimido. Reviro os olhos e caminho até a geladeira para pegar a jarra de água. Assim que me viro, levo um susto ao ver meu pai ali. Dou um pulo por conta da surpresa e o vejo observar a cartela com apenas um comprimido. Merda. Ele desviou o seu olhar até encontrar o meu e balançou a cartela com as mãos:

_ Foi você que acabou com todos os comprimidos? - ele disse apoiando um braço no balcão e mordendo seus lábios. Senti meu coração apertar dentro do meu peito. Há muito tempo não sentia essa sensação de sentir medo pela bronca do pai. Engulo em seco e assinto lentamente. - Júlia, está querendo se matar? Você acabou com uma cartela inteira! Se não acabou com as outras. Sabe que esses remédios são fortes. - ele continuou. Fito o chão e passo a língua pelos lábios sem saber o que dizer. Ele respira fundo e tira o comprimido da cartela e o joga no lixo.

_ PAI! Por que fez isso? Não, eu não estou tentando me matar. Pelo amor de Deus, de onde você tirou essa ideia? Estou apenas com dificuldade para dormir desde que cheguei aqui e estressada com tudo o que está havendo em minha volta e a única solução são esses remédios! Exatamente, aquele que você jogou fora sem se importar se eu vou conseguir dormir ou não. - disse rapidamente. - Sim, eu sei que não é para tomar tanto remédio assim mas... - comecei a dizer e senti um nó se formando em minha garganta. - Mas eu não encontro outra solução e... - meu pai me interrompeu puxando-me para um abraço. Fechei os olhos e aproveitei o momento que sem dúvidas passaria rápido.

_ Será que eu vou ter que contar histórias para você dormir? - ele disse abrindo espaço entre nós e segurando o meu rosto. Abri um sorriso fraco e coloquei minhas mãos sobre as dele. - Vá para sala, ligue a Tv ou algo do tipo. Vou preparar algo para você. - ele disse me dando um empurrãozinho. Assenti com a cabeça caminhando até a sala e sentando-me no sofá. Cruzei minhas pernas e liguei a TV que se encontrava em minha frente, o que foi em vão já que eu estava absorta em tudo em minha volta. Depois de um tempo, meu pai apareceu com uma xícara de chá. Agradeci e tomei o chá que tinha um gosto diferente. Não me importei já que tudo em minha vida estava se tornando diferente. Absolutamente tudo. Assim que terminei, coloquei a xícara em cima do criado-mudo e deitei minha cabeça no peito de meu pai. O mesmo acariciou os meus cabelos e há muito tempo eu não sentia essa sensação e tê-la de volta era algo incrível e estranho ao mesmo tempo. E sem mais nem menos, acabei adormecendo nos braços de meu pai.