Cap 26-O Tempo

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Bella:

Sabe aquele momento que você já perdeu a fé? Esse momento chegou para mim a muito tempo, quando se fica presa durante tanto tempo com um monstro.
Meus dias se resumem em esperar alguém me achar, o que me faz seguir em frente e uma pequena parte de Felipe que veio comigo.

5 meses, 5 longos meses que estou aqui, e 5 meses de gravidez.
Chegou a um ponto que eu notei que as tonturas e enjôos não era uma simples comida que fez mal, e sim um pequeno ser meu é do Felipe que crescia dentro de mim. Eu tive tanto medo, se ele estivesse do meu lado eu não teria esse medo, mas é se nunca me acharem? E se eles nem tiverem mais procurando? O que será do meu bebê? Eu já o amo tanto, amo como nunca pensei amar ninguém.

Se eu pudesse ao menos entregar meu bebê para Felipe quando nascer, mas eu sei que isso não vai acontecer.
Quando eu descobri eu vie como uma forma de amolecer o coração de Emílio, e quem sabe deixar eu ir embora, mas a única coisa que o louco disse foi: "Parabéns amor, vamos ter um bebezinho, vamos ser pais". Minha vontade era de gritar que meu filho não é nada dele, mas com o tempo eu aprendi a não aborrecer ele, pois ele é bipolar, na mesma hora que é bom, já é agressivo.
Minha barriga cada vez cresce mais, eu não sei o que é meu bebê, Emílio não deixa eu passar dos portões dessa casa, nunca fui ao médico para ver se estava tudo bem com a criança. Queria tanto terminar a faculdade, continuar minha vida como antes, mas eu sei que isso não será assim, e não porque estou sequestrada, e sim pois agora sou mãe, mas não me arrependo de nada que fiz. Eu sempre penso na reação de Felipe ao descobrir que será pai, e eu não sei o que ele diria, afinal nunca falamos de filhos, de casamento ou algo assim...

-Vou ter que viajar amanhã eu volto, você vai ficar aqui e nem pense em fugir ou sair aqui de dentro.-diz Emílio entrando no meu quarto.

-Ok.-respondo de cabeça baixa.

-Cuida do nosso filho.-diz passando a mão em minha barriga que já se encontra em um tamanho razoável.

-Vou cuidar.-respondo sentindo nojo de sua mão em mim.

No primeiro mês que vim pra cá, ele tentou tocar em mim, mas eu não deixava, e depois que ele soube que estou grávida parou de tentar.
Logo ele sai com uma pequena mala, mas não antes de trancar os portões.
Essa é minha chance, minha única chance de sair disso e ver de novo minha família.

-A mamãe vai dar um jeito filho.-aliso minha barriga, esse tem sido meu passatempo preferido, conversar com meu bebê.
Minutos depois eu corro pro portão a espera de que alguém passe na rua para eu pedir ajuda, o ruim que a rua é quase deserta. Eu nunca tentei isso antes pois Emílio nunca saiu de casa, quando precisa de compras ele pede para um senhor de sua confiança fazer pra ele. 

Finalmente vejo uma senhora caminhar na rua, é minha chance.

-Por favor senhora.-eu a chamo do portão.

Logo ela me vê e dá um sorriso confortante.

-Sim?.-Ela diz chegando perto de mim.

-A senhora poderia me emprestar um celular?

-Meu celular não está comigo agora.

-Por favor senhora, me ajuda, eu fui sequestrada, preciso ligar pra minha  Família.-digo já chorando, nesses dias ando bem emotiva.

-Calma, não moro longe, eu vou lá e trago o celular OK?.-Diz meio assustada com o que eu tinha acabado de contar.

-Ta bom, mas volta por favor.

Ela logo some na rua, e a única coisa que posso fazer e me firmar na certeza que ela irá voltar.

Felipe:

O tempo passa e junto com ele meu coração, 5 meses sem uma notícia dá loirinha, tentamos descobrir algo de todos os modos, mas não conseguimos nada, tudo que se descobre e pista falsa, o que nos leva a estaca zero. Eu ja estou definhando praticamente, não faço nada, nem a barba eu faço, é o meu trabalho tem sido o local pra afundar minhas mágoas.

O detetive continua a procura onde aquele vagabundo levo Bella, a polícia Também está firme no caso mas não conseguimos nada.
Depois que passou o prazo de 24 horas a polícia começou suas buscas, mas não adiantou, porque eles sabem menos que o detetive contratado por mim, ou pelo detetive contratado pelo Senhor Salvatori.
A mãe de Bella está tão abalada, ela não dorme direito. Pelo menos uma vez por semana eu vou visitar sua família, e cada dia ela está mais triste, ela até entrou na depressão. A única notícia boa disso tudo foi que Maitê a irmã de Bella finalmente venceu o câncer, o que nós fez alegrar um pouco.

Hoje estou o dia todo no escritório, saiu daqui só à noite, nem pra almoçar eu saio.
O telefone do escritório começa a tocar e atendo.

Ligação ON

-Alo?

-Ola senhor Felipe.-diz Lily a minha secretária.

-Ola.

-Senhor tem uma ligação pro senhor, falou que é urgente, posso passar ela pra você?

-Claro.-respondo simples.

Fico alguns minutos na linha esperando a ligação se passada para mim.

-Alo?.-Diz uma voz que me parece conhecida.

-Oi?

-Lipe e você?.-Essa simples palavras me tiram o ar, sei de quem é essa voz.

-Bella e você?-pergunto meio que gritando.

-Me ajuda.-pede com uma voz de piedade.

Nesse momento meu coração dói, é bom saber que ela está viva, mas dói saber o tão frágil ela está.

-Calma loirinha, me diz onde você tá.-digo tentando manter a calma.

-Ele me trouxe pro Havaí, ele me prende em uma casa Lipe, me ajuda por favor.

-Claro, já vou te buscar, mas me passa o endereço, tudo certinho.-digo pegando um papel e caneta.

-A cidade chama Kailua, a rua é paradaiso, e o número 173.

-Ok, calma viu, eu vou buscar você.

-Obrigada Lipe.

-E tão bom ouvir sua voz.-digo em um suspiro.

-A sua também, tive tanto medo de não escutar mais sua voz.-pela voz dá pra sentir que chora.

-Ei, vai acabar tudo isso, você vai voltar pra casa, vou desligar porque preciso te buscar.

-Ta bom.

-Te amo loirinha.

-Eu mais Lipe.-diz e eu desligo.

Ligação OFF

Ela tá bem, e eu preciso o mais rápido possível buscar ela.
Eu saio dá empresa correndo em direção a casa de Heitor.

"Destinos Traçados"Onde histórias criam vida. Descubra agora