Sozinha No Mundo

Capítulo 7

Jason me deixou na porta de casa, estendemos a conversa um pouco antes que ele fosse embora:

-Foi muito bom ter saído com você hoje, eu realmente me sinto mais leve. – eu disse.

-Eu que agradeço por você ter cedido um pouco do seu tempo para termos uma noite legal, podemos fazer isso mais vezes se quiser.

-Claro, eu adoraria. Bom, eu preciso entrar, nos vemos amanhã na escola. -Digo lhe dando um abraço, no qual ele retribui e sai logo em seguida.

Entro em casa e digo oi aos meus pais e irmã que estavam sentados jantando, subi para o meu quarto e me joguei na cama mirando o teto, meu celular vibrou por diversas vezes,o que me chamou a atenção, então desbloqueio o mesmo, o que eu vi era constrangedor e super idiota. Fizeram uma montagem com fotos minhas com diversas palavras obsenas sobre a minha pessoa além de citarem atos que nunca foram cometidos por mim como ficar com todos os meninos do grupo tal, transou com o professor de ed.física para conseguir nota, entre diversas coisas que prefiro não comentar. Estava em todas as redes sociais e na página oficial da escola. Logo em seguida, diversas mensagens com xingamentos muito ofensivos relacionados a mim e ao meu irmão começavam a chegar sem parar, inclusive um indivíduo chegou a dizer que meu irmão era um traficante de merda, além de drogado e era aquilo que ele merecia, a morte mais dolorosa. Eu não conseguia fazer nada além de chorar pois quem seria tão cruel de espalhar mentiras sobre mim e minha família sem um pingo de sensibilidade pela a minha perda recente. Duda me ligou, atendi no mesmo momento:

-Cara, o que ta acontecendo? Que porra é essa!

-E você acha que eu sei? Eu acabei de chegar em casa e recebi essas postagens, quem faria uma coisa dessas comigo?

-Eu não faço ideia Lorena, mas se eu fosse você, eu conversaria com seus pais e eles entrassem junto com a escola com processos de difamação e injúria.

-Mas você acha realmente que as leis contra crimes digitais funcionam?

-O QUE NÃO VAI FUNCIONAR É VOCÊ FICAR AI PARADA OUVINDO QUIETA ESSES XINGAMENTOS OFENSIVOS, CADA POST É POSSÍVEL FAZER UM DICIONÁRIO DE PALAVRÕES.

-Eu vou conversar com meus pais amanhã sobre isso, eles tiveram um dia difícil assim como eu. -disse segurando as lágrimas enquanto lia os infinitos posts.

-Ta bom. Fica bem e se precisar de algo você pode me ligar tá? Nós vamos descobrir quem está por trás disso.

-Eu agradeço, boa noite e até amanhã.

-Até.

Desliguei o telefone e caí no choro, como as pessoas eram más e não tinham respeito pela dor do outro. Cíntia entrou no meu quarto e ao me ver naquele estado, ela ficou preocupada, sentou-se ao meu lado e perguntou:

-Loren, você está bem?

-Sim Cíntia, estou. É só a saudade do Henri.

-Você tem certeza que é só isso?

-sim, pode confiar em mim.

A contra gosto, ela parecia ter acreditado em mim, mesmo que eu soubesse que não estava nada bem.

-Eu vou me deitar, boa noite e qualquer coisa me chama. -disse Cíntia me dando um beijo molhado na testa.

-Pode deixar, boa noite.

Ela saiu do meu quarto e eu voltei a cair em prantos, joguei o celular de lado e tentei esquecer todas as barbaridades que havia lido.

Minha noite de sono foi muito conturbada, sonhava com pessoas sendo esfaqueadas e pessoas desconhecidas sofrendo bullying.

****

Acordei me sentindo péssima no dia seguinte pela noite mal dormida por conta dos sonhos estranhos, me levantei apenas para trocar de roupa e ir para a escola. Por mais que meus pais tivessem insistido muito para que eu não fosse na aula e ficasse em casa descansando eu acabei indo pois faltava pouco para as férias e consequentemente, a formatura.

Cheguei na escola e o ar estava estranho, todos me encaravam feio e alguns grupinhos estavam dando risadinhas enquanto me olhavam e cochichavam. Era notório diversas fotos minhas coladas por todo o pátio e os memes sobre mim rolando pelos feeds de todos os aparelhos que estavam em meu campo de visão, aquilo me detonou novamente, conseguiu tirar o pouquinho de forças que eu havia juntado para dar as caras na escola. Agnes e suas amigas desfilam até mim dando risadas altas:

- Sabia que você não tinha conseguido boas notas sozinha, tamanha é a sua burrice. Transou com o professor de química também? Quem sabe né.

Saíram não me dando uma chance de me defender, logo em seguida, diversas pessoas começaram a gritar palavrões ofensivos direcionados a mim e a acertar coisas como bolinhas de papel, garrafinhas, e até latinhas de refrigerante cheias, tudo para denegrir mais a minha imagem. E, como se não fosse suficiente, dois garotos me seguraram e jogaram uma mistura estranha com pó de café e diversas coisas em mim, seguida com papel higiênico, tirando diversas fotos logo em seguida, o que me deixou toda ferrada, tanto fisicamente como psicologicamente.

Sou arrastada para fora daquele circulo de horrores, e lá estavam meus salvadores Duda, Gabriel, Gih e Jason.

-Por que você estava lá doida? – disse Gih.

-É, eles poderiam ter machucado você.

Tiro uma mecha grossa de cabelo suja pelo líquido malcheiroso e digo em prantos:

-Eles já me machucaram a partir do momento que falaram do meu irmão e da minha família.

Digo e saio, vou até o banheiro feminino e me tranco em uma das cabines chorando enquanto recebo as novas postagens com as minhas fotos toda suja. Eu não conseguia pensar em nada além de sumir dali para sempre.

Quando o segundo sinal toca e todos os alunos sobem para as suas salas, eu pulo o muro da quadra de futebol e vou para casa correndo. Chegando lá, não havia ninguém em casa, corri para o banheiro e joguei a roupa que estava usando no lixo, com certeza ela não serviria mais, não sei por quanto tempo demorei mas fiquei no chuveiro por muitos minutos, talvez até horas, tudo para tirar aquela nhaca nojenta de mim. Após ter terminado meu longo banho, me enrolo em minha toalha e me deito na cama e, por excesso de cansaço acabo pegando no sono daquele jeito em que estava.