Capítulo 9

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O soco me desestabilizou no mesmo momento, dei alguns passos para trás mas não caí. Eu tentei ver meus agressores mas todos estavam com máscaras pretas que cobriam totalmente a sua face. Eu gritei em meio as lágrimas:

-O que vocês querem de mim?

Eles gargalhavam como se eu tivesse contado a melhor piada do século , eu repeti a pergunta mas fui calada com um soco na boca do estômago que me fez cair no chão sem ar. Minha visão estava embaçada e tudo que eu conseguia ver era apenas 05 pessoas a minha volta dizendo:

"Nosso amigo foi expulso da escola por sua causa sabia? Mas, isso não vai ficar assim, você mexeu com as pessoas erradas"

Tomei diversos chutes e pontapés por todo o corpo, eu tentava me arrastar para longe dali mas um deles me segurava enquanto os outros caprichavam nas agressões. Uma voz familiar é ouvida de longe mas não consegui reconhecer pois meu ouvido estava zumbindo depois do soco que tomei. Alguém os empurrou e os afugentou de lá, eles correram e ameaçaram:

"ainda não acabamos, se nos denunciar, você morre!".

A pessoa me pegou no colo quase desacordada e eu reconheci os cabelos negros em coque, era o Jason. Ele falava coisas que eu não conseguia entender, tudo estava cada vez mais escuro até que acabei apagando, a última coisa que me lembro foi a doce e distorcida voz de Jason dizendo bem distante:

"Vai ficar tudo bem, eu estou aqui com você".

*****

Acordei em uma sala de hospital, Jason, meus amigos e meus pais se levantaram depressa quando me viram tossir. Todos me rodearam agradecendo a Deus por eu estar viva. Logo, um homem de jaleco branco entrou na sala, todos abriram espaço para que ele

-Que bom que acordou Lorena, meu nome é Doutor Raul e eu irei cuidar de você. Vou começar analisando os seus sinais vitais.

-O que aconteceu comigo doutor? -digo tentando abrir os olhos.

-Segundo o que nos foi passado pelo Jason, você foi agredida por um grupo de 05 pessoas mascaradas, se ele não tivesse chegado a tempo, você infelizmente poderia ter lesões mais sérias que limitariam muitas coisas em sua vida. -dizia enquanto ouvia meus batimentos cardíacos e anotava em sua prancheta.

Agora tudo estava ficando mais claro em minhas memórias e eu estava me recordando dos acontecimentos, o que me deu uma grande vontade de chorar e um sentimento de tristeza inenarrável. O médico disse:

-Eu preciso atender outros pacientes agora, você ficará em observação por alguns dias e terá de fazer alguns exames importantes que dirão se você poderá ter alta logo ou não. Caso precisar de algo, pode me chamar ok?

Assenti com a cabeça e o médico se despediu de todos presentes na sala, saindo logo em seguida. No mesmo momento, todos voltaram seus olhos para mim, com muita tristeza:

-Filha, nós estávamos tão preocupados com você, quando o Jason nos ligou e disse o que havia acontecido com você, quase tivemos um surto. -disse minha mãe secando as lágrimas e me abraçando.

-Nós deveríamos denunciar. -respondeu meu pai.

-Não! Por favor, eles irão vir atrás de mim para se vingar caso eu faça algo, por favor não denunciem!- disse eu tentando fazer as palavras saírem da minha boca.

-Mas Lorena, você não pode deixar isso sair em pune, isso é crime! - disse Gabriel se sobressaindo sobre os demais.

-Por favor, não façam isso! Eu imploro. -chorei.

Eles se entreolharam e me abraçaram e aos poucos foram se despedindo e saindo até que só restasse eu e Jason, eu dei um sorriso forçado:

-Obrigada por ter me ajudado, serei muito grata a você por toda a minha vida, sem você eu poderia ter morrido.

-Não exagere doida! E não precisa agradecer, eu faria quantas vezes fosse necessário. -disse segurando minha mão.

- Eu sei que faria, serei muito grata por toda a minha vida.

Jason se aproximou do meu rosto e me beijou, obviamente eu me assustei mas estava muito anestesiada para parar pois aquilo era bom e me fazia esquecer por um minuto de todas as coisas ruins que eu havia passado ao longo dos dias. Paramos o beijo, eu estava corada e ele também, ele sorriu e se desculpou dizendo que não deveria ter feito aquilo mas, eu sorri e o beijei novamente. Eu poderia ter tido muitos momentos difíceis mas, aquele com certeza não era um deles.

*****

Saí do hospital uma semana depois e fui recebida com uma pequena confraternização com minha família e amigos e pais dos meus amigos. A festinha foi bem animada, tomamos vários copos ponche de maçã e apreciamos os deliciosos salgados feitos por minha mãe.

Tudo parecia estar fluindo bem ultimamente, eu ainda estava de atestado para acelerar o processo de recuperação e reduzir os inchaços e hematomas que tinham ficado como resultado mas, eu sabia que um dia aquele atestado perderia a validade e eu precisaria voltar para a escola, o que com certeza não me animava nenhum pouco porém eu teria Jason e meus amigos do meu lado para cuidar de mim e me apoiar, era o que eu pensava mas eu não sabia que a situação seria totalmente diferente do que eu esperava.

Após algumas semanas, estava pronta novamente para ir a escola, e estava mais aliviada pois todas as publicações sobre mim haviam desaparecido e as pessoas culpadas estavam respondendo a um processo por injúria e difamação. Acordei um pouco mais disposta e me arrumei para ir a aula, minha mãe encostou na porta do meu quarto e disse:

-O Jason está esperando você.

-Já irei descer, só preciso me maquiar.

Ela assentiu e saiu me deixando sozinha novamente, eu apliquei a maquiagem com cuidado pois por mais que já estivesse bem desinchado, ainda doía um pouco. Após estar pronta, desci as escadas correndo e encontrei Jason sentado na sala mexendo no celular. Ele se levantou quando me viu:

-Você está linda. -disse me dando um selinho.

-Obrigada, você também está.

-Vamos? Não podemos nos atrasar.

Assenti com a cabeça, me despedi dos meus pais que estavam na cozinha tomando café e fomos para a escola de mãos dadas. Chegando lá, meus amigos ficaram muito felizes em me ver novamente depois de um tempo assim como outras pessoas de turmas diferentes que vieram me cumprimentar e dizer o quanto era bom eu estar de volta.

O dia correu bem sem que ninguém me provocasse ou fizesse alguma piadinha boba, o que me assustou um pouco pois quando eu pisava lá, o caos na terra estava formado. Quando a aula terminou, Jason me encontrou na saída:

-Vamos em casa jogar vídeo game hoje?

-Eu não avisei nada aos meus pais Jason, não posso sair sem avisar a eles.

-Não se preocupe, eu cuidei disso e inclusive convidei o Gabriel e a Duda, eles confirmaram que vão.

-E a Gih? -pergunto.

-Ela disse que não poderia ir mas agradeceu o convite.

-Poxa, que pena mas, já que você me pediu com jeitinho eu vou. -digo lhe dando diversos beijinhos.

Duda grita quando está bem próxima de nós, o que nos assusta:

-Vão para um motel! Ninguém quer ver vocês se pegando aqui!

-Cala a boca Duda, você está passando vergonha! -disse o Gabriel.

-Você é maluca Duda, é por isso que amamos você. - eu disse pulando em seu colo.

-Eu sou irresistível garota, aceite isso. - ela disse brincando.

-Não queria te dizer nada não Jason mas você perdeu. -disse Gabriel brincando.

Nós rimos e seguimos a pé para a casa de Jason que não ficava muito longe dali conversando e dando boas risadas achando que o passado havia sido morto e enterrado mas a parte dois do meu pesadelo estava apenas começando.

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