Capítulo 16

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Os raios de sol invadiam o meu quarto, me fazendo soltar um gemido baixo enquanto eu tentava obrigar os meus músculos a me colocarem sentada. Tateei o criado mudo baixo com as mãos até achar o meu celular, liguei o mesmo que marcava 10:00 e eu havia combinado com a Duda e a Gih que as encontraria no centro as 11:30, se eu quisesse chegar a tempo, eu precisaria me apressar.

Alonguei-me ainda na cama e me levantei logo em seguida andando rápido em direção ao banheiro para iniciar as minhas higienes pessoais diárias, escolhi um vestido longo branco com corte em V e coloquei sapatilhas da mesma cor, deixando com que meus cabelos molhados caíssem sobre os meus ombros nus.

Desci as escadas e fui em direção a porta da sala sem passar na cozinha onde minha família se reunia todos os dias para tomar o café da manhã. Enquanto eu trancava a porta da frente apoiei meu celular entre meu ouvido e ombro enquanto ligava para a Duda, ela atendeu no terceiro toque:

- Boa noite. – disse ela com voz de sono.

- Bom dia maluca, vocês já estão prontas? – não consegui conter um risinho.

- Eu estou dormindo e a Gih também.

- Então acordem pois faltam 15 para as 11:00 e não quero passar o dia todo andando.

- Caramba! Nosso despertador não tocou, eu vou acordar a Gih e vamos chegar lá em um pulo. – dizia ela aparentemente desesperada.

- Tudo bem, encontro vocês lá. – disse desligando logo em seguida.

Guardei o celular em minha pequena bolsinha lateral e corri pelas longas escadas forradas com pisos laminados de madeira, tranquei o portão da frente e admirei o céu por alguns segundos, ele estava banhado por dois lindos tons de azul claro e escuro, as nuvens brancas eram semelhantes a bolas de algodão doce gigantes onde o Sol brincava de esconde esconde. Por um momento, lembrei-me de quando Henri e eu deitávamos no gramado da nossa casa no interior e dávamos nome as nuvens, uma lágrima pesada escorreu pelo canto do meu olho esquerdo e molhou um pedacinho do meu vestido. Eu ainda sentia muita falta de Henri e por mais que já haviam se passado quase 4 meses desde sua morte, ainda estava muito difícil de lidar com as lembranças e o luto.

Após esse pequeno momento de reflexão e saudade, sequei as minhas lágrimas que insistiam em cair e corri para o ponto de ônibus para poder encontrar as meninas.

- Vocês chegaram bem cedo, não é? – eu digo batendo o pé enquanto apontava para o relógio digital da rua.

- Queira nos perdoar senhorita, a dona Giovana demora muito para se arrumar. – justificou Duda.

- Não é minha culpa não, foi você que não colocou o despertador para tocar. – respondeu Gih de forma petulante.

Duda e Gih começaram a discutir instantaneamente, todas as pessoas paravam para olhar a discussão imaginando que a qualquer minuto elas começariam a se estapear e arrancar cabelo e as conhecendo da forma que eu conhecia, eu sabia que se eu não interferisse logo elas iriam sair no tapa ali mesmo.

Criando coragem, entrei no meio das duas que já estavam próximas o suficiente para desencadear uma briga e as afastei com as mãos:

- Olha, eu já cansei de ver vocês duas discutindo por tudo e por nada! Esse dia é muito especial para nós três e não vamos estragar isso, a não ser que cada uma de vocês queiram levar três tapas! – eu respondi quase em tom de grito.

As duas irmãs se calaram e abaixaram a cabeça e ,se mostrando arrependidas me pediram desculpas pela discussão desnecessária e apertaram as mãos em sinal de trégua. A pequena multidão já estava se desfazendo pois haviam perdido o interesse no que poderia ser a briga do ano e voltaram a prestar atenção em seus assuntos.

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