Capítulo 17

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Quando recuperei a consciência, vi que Jason continuava entre minhas pernas forçando seu membro a entrar em mim, o que era doloroso e nojento.
Ele parecia se deliciar com meu sofrimento, seu sorriso ia de uma orelha a outra e isso me assustava mas eu não tinha forças para gritar. Cíntia batia na porta de madeira chamando meu nome com um tom de preocupação na voz mas eu não podia dizer nada já que a mão suada de Jason estava na minha boca.
Aquele momento parecia durar séculos mas haviam se passado apenas 15 minutos, eu não tinha forças para nada, meu corpo e alma estavam destruídos. Jason soltou um gemido de aprovação enquanto se contorcia dentro de mim, uma lágrima salgada escorreu por minhas bochechas que queimavam como brasas ardentes pois eu senti seu líquido sendo depositado dentro de mim.
Ele se deitou a vontade em cima do meu pobre corpo enquanto sorria e se deliciava com o meu sofrimento sem se importar com a dor que eu estava sentindo:

- Os meninos tinham razão, você é bem gostosinha mesmo, nem consegui me segurar.

Eu não conseguia dizer nada além de fitar o teto e sentir as lágrimas quentes correrem pelo meu rosto e caírem no piso, Jason vestiu sua calça novamente e penteou seus cabelos enquanto se olhava no espelho, ele me fitou por alguns segundos e se abaixou ficando em posição de cócoras:

- Tudo que posso dizer é obrigada por me proporcionar um momento de prazer, foi muito bom enquanto durou Lorena, espero que não fique chateada comigo. Esse será o nosso segredinho, eu prometo. - disse me dando um beijo na testa e pulando pela janela logo em seguida.

Após Jason ter fugido, eu tentei movimentar meu corpo mas a dor era lancinante e com muito esforço consegui me virar de lado e juntar os joelhos em posição fetal. As lágrimas continuavam a cair e se misturavam com o sangue das feridas do meu rosto, fazendo com que elas queimassem mais. Os gritos de Cíntia do outro lado da porta deram espaço a voz grossa do meu pai e aos pontapés que ele dava na fechadura para arrombar a porta.

Carlos e Cíntia me encontraram na mesma posição de antes, eu estava em uma situação deplorável e quase irreconhecível, meus olhos estavam inchados e roxos devido aos socos que tomei e as lágrimas de fogo causavam queimação e vermelhidão, meu corpo apresentava várias marcas escarlate e hematomas gigantes e minha parte íntima sangrava sem parar, marcando o chão do quarto e minhas coxas.

- Me...me... me ajude, por f..favor - eu tentei dizer enquanto o gosto do sangue se misturava com a saliva quente que escorria lateralmente por meu lábio cortado.

Carlos se ajoelhou ao meu lado, as lágrimas o invadiram sem avisar:

-Filha, o que aconteceu com você?

-Jason...

O nome foi o suficiente para ele entender o que havia acontecido comigo, ele passou a mão sobre seu rosto enquanto tentava pensar em algo, ele me pegou no colo e me colocou sentada na cama enquanto dizia a Cíntia:

- Cíntia, dê um banho em sua irmã e vamos levá-la na delegacia.

-Sim pai.

Cíntia se sentou ao meu lado e disse:

- Vamos no seu tempo. - ela pôs a sua mão cheia de anéis sobre a minha.

-Vamos agora, mas devagar por favor.

Me apoiei em seus ombros enquanto ela enrolava meu corpo na toalha, eu havia pegado muito vento e poderia acabar ficando doente. Andamos até o banheiro, ela ligou o chuveiro enquanto eu esperava encostada na parede cobrindo minhas partes sentindo vergonha de mim. Ela deu espaço para que eu passasse e assim eu fiz. A água descia por meu corpo levando todo o sangue e pedaços de cabelo arrancados pelo ralo e junto com eles, a minha dignidade e vontade de viver. Me sentei no chão e abracei meus joelhos enquanto deixava que as lágrimas transbordassem na esperança de que elas afogassem a minha alma.

*****

Depois de um tempo, eu e meu pai estávamos sentados no banco da delegacia aguardando para falar com a delegada, eu apertava minhas mãos tamanho o meu nervosismo e me segurava para não chorar e tentar manter a calma. Logo, uma mulher de aparentemente 40 anos, morena de cabelos black power e estilo despojado para em nossa frente, ela tinha um olhar solidário e doce:

- Boa noite, você é a Lorena?

-Sim, sou eu.

- Sou a delegada Juliana, e cuidarei do seu caso, por favor me acompanhe.

Eu me levantei do banco e dei uma olhada rápida ao meu pai, ele disse apenas com os lábios: " vai dar tudo certo filha", enquanto cruzava os dedos como um sinal de boa sorte. Eu apenas tentei forçar um sorriso em vão e acompanhei Juliana até a sua sala.

Sentei-me em uma cadeira preta do lado oposto da sala enquanto Juliana fazia o mesmo em frente ao seu computador, ela apoiou suas mãos sobre a mesa de madeira brilhante enquanto me olhava com piedade:

- Qual é a sua queixa?

- Eu quero abrir um boletim de ocorrência contra um homem que me violentou sexualmente.

- Tudo bem, eu vou precisar de um relato detalhado sobre todos os fatos, nome do acusado caso você saiba e todas as informações possíveis. Você está em um ambiente seguro e totalmente confidencial.

Eu respirei profundamente e apenas deixei que as palavras saíssem da minha boca, contei a ela sobre o estupro em grupo que sofri na festa de Jason e sobre todos os problemas posteriores que adquiri após esses fatos. Juliana ouvia atentamente tudo que eu dizia enquanto escrevia em seu computador, segurei as lágrimas por um tempo mas quando comecei a contar as partes finais do relato, eu me desabei a chorar tamanho era o  nojo de mim.

A delegada me entregou uma caixinha amarela e florida com lenços de papel e um copo de água e esperou até que eu me acalmasse, ela chamou o meu pai que estava aguardando no banco e conversou com ele coisas que eu não conseguia entender mas ele se mostrou  muito abalado.

Eu estava prestes a mexer em uma ferida infeccionada, mas eu não me importaria mais com a dor, eu apenas queria justiça e que todos eles pagassem por todos os maus bocados que me fizeram passar.

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