Capítulo 13

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-Você nos deixou preocupados Lorena! -dizia minha mãe chorando.

-Me desculpem.

- Você sumiu e deixou uma carta de despedida! Nós saímos procurando por você assim que vimos, fizemos patrulhas nas ruas mas não encontramos nada que levasse a você, onde você estava e quem é esse homem? -perguntou meu pai em um tom meio bravo.

-Esse é o doutor Raphael, eu prometo contar tudo mas preciso que fiquem calmos. -eu disse tentando não chorar.

-Como vou ficar calmo? Você quase nos matou de preocupação! -gritou meu pai.

-Vamos nos acalmar, a Lorena quer conversar com vocês sobre o motivo do sumiço dela e o que ela menos precisa nesse momento é de críticas. -disse o Raphael.

Minha mãe nos convida para entrar e pede ao meu pai que ele sirva chá para todos, ele obedece e logo em seguida aparece com uma jarra de chá gelado e biscoitos cream cracker.

-Desculpe não poder oferecer algo melhor, não tivemos tempo de ir ao mercado ainda. -se desculpou minha mãe.

-Não se preocupe senhora.... -disse Raphael dando uma pausa pois não sabia o nome da minha mãe.

-Kamilla. -ela respondeu.

-Então, você disse que a Lorena tinha uma explicação sobre o sumiço dela, então comece Lorena, nos diga qual o motivo de sumir e quase matar todo mundo de preocupação.

Eu suspirei fundo e comecei a contar entre lágrimas e soluços tudo que havia acontecido de ruim comigo, os meus motivos para ter aderido a auto mutilação, o crime sexual e até mesmo a decisão de ter escolhido me matar. Todos me olharam espantados e com pena, minha mãe se derramava em lágrimas pois não conseguia acreditar que tudo aquilo estava passando por debaixo de seu nariz mas as suas dores e preocupações pela perda do filho eram tão grandes e sufocantes que ela não conseguiu perceber o que eu estava passando. Meu pai me abraçou forte também se sentindo culpado por não ter percebido nada e não estar lá como ele sempre prometeu.

Sei que eles não tiveram culpa de nada que aconteceu comigo e não deveriam se culpar pois foi uma decisão minha guardar tudo aquilo que eu estava sentindo mas, ao contrário do que eu pensava, eles foram muito compreensivos ao ouvirem a minha história e disseram que estariam dispostos a cuidarem de mim e me ajudar a recuperar o meu velho "eu".

Raphael ainda assustado com tudo que havia ouvido de mim e entendendo que a minha situação era mais grave do que ele imaginava, disse tentando conter o espanto:

-Olha Lorena, essa não é a minha área de trabalho mas eu conheço um bom psicólogo no hospital, posso conversar com ele e marcar uma consulta para você. Pelo pouco que ouvi, sei que com certeza você e sua família irão precisar de acompanhamento.

-Seria ótimo doutor Raphael, muito obrigada. -respondeu minha mãe.

-Lorena, posso anotar o seu número para mantermos contato?

-Claro.

Lhe passo meu número e ele agradece, após mais alguns minutos de conversa Raphael nos diz que precisaria ir pois sua esposa estava esperando, nós agradecemos todos juntos e o acompanhamos até o portão. Eu subi assim que ele foi embora, Cíntia estava no meu quarto olhando as minhas fotos, quando ela me vê na porta ela corre em minha direção e me abraça muito forte:

-Irmã, que saudade de você! Achei que nunca mais te veria. -disse com lágrimas nos olhos.

-nem eu irmã, nem eu... -eu disse.

-Eu ouvi a conversa que você teve com o pai e a mãe, por que não nos contou desde o início?

-Eu tinha medo de que ninguém acreditasse em mim ou que pensasse que os meus motivos para fazer o que eu faço não justificassem.

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