Capítulo 12

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Eu vagava devagar pelas ruas vazias e desertas pensando sobre o meu suicídio e, de que forma eu poderia fazer com que ele acontecesse. As opções eram escassas já que não havia carros passando naquelas horas para que eu fosse atropelada ou por overdose já que eu não tinha pegado nenhuma medicação mas, eu tinha uma corda que guardei na bolsa, então seria daquele jeito que eu daria um fim na minha vida.

Próximo ao fim daquela rua era possível avistar um parque com árvores grandes e velhas que aparentemente estava vazio, então decidi que seria ali o meu adeus. Tirei um litro de vodka barata da bolsa e o bebi em grandes goles tossindo algumas vezes por causa do álcool enquanto caminhava para o local:

Você sabe que precisa fazer isso, seu irmão morreu, as pessoas ao seu redor te odeiam e seus pais sabem o que você faz então qual o sentido de continuar vivendo depois de tudo isso?

A vodka já estava me deixando com uma leve tontura, então a deixo de lado e me sento ao pé de uma grande árvore e faço o tão conhecido nó da forca, o nó dos suicidas. Dou uma última olhada daquele plano para ter certeza que ninguém estava se aproximando e subo como um primata bebê pelos longos galhos da árvore velha atingindo um ponto que seria o suficiente para que eu não ficasse muito próxima ao chão caso alguém aparecesse no momento em que eu me jogasse.

Olhei para baixo e por um minuto pensei nas pessoas que eu amava e nas que me odiavam, eu tinha consciência do que eu estava prestes a causar em todos caso eu tomasse aquela atitude pois eu sei que muitos sofreriam mas, era tarde demais pois eu já havia assinado a minha sentença de morte.

Amarrei a corda em um galho em cima de mim e coloquei a corda em meu pescoço a ajustando como se eu estivesse colocando um colar para ir em uma festa chique. Olhei novamente para o chão que parecia estar bem longe e os pensamentos sobre tudo e todos não paravam de martelar a minha cabeça e por mais que eu tentasse ignorá-los eles voltavam com cada vez mais intensidade. Eu ignorei tudo e decidi que iria pular pois daquela forma eu nunca mais incomodaria ninguém com os meus problemas e muito menos seria um motivo de desgosto.

Tirei o primeiro pé do galho devagar mas o coloquei novamente com medo, eu sabia que eu não queria fazer aquilo por mais que eu precisasse acabar com a dor que me consumia aos poucos. Tentei outras vezes pular de lá mas todas as tentativas foram fracassadas pois o medo me amedrontava.

Se eu pular de uma vez só, vai ser mais rápido do que tentar tirar um pé de cada vez -pensei comigo em silêncio.

Me preparei afastando todos os pensamentos e quando estava prestes a me jogar alguém grita:

-POR FAVOR NÃO FAÇA ISSO!

Olhei para baixo, era um homem desconhecido de cabelos ruivos brilhantes e barba cheia, aparentava estar desesperado ao me ver naquele estado. Ele repetiu:

-Por favor moça, desça daí. Você não precisa disso.

-Como você sabe que não? Você nem me conhece! - eu gritei.

-Você tem razão, eu não conheço você mas a morte não é a solução para o que você estiver passando nesse momento. Desça daí, vamos conversar.

Algo me dizia para mim descer pois ele tinha razão e que tudo daria certo se eu me abrisse mas a minha consciência contaminada pela tristeza dizia que eu deveria me jogar logo pois aquilo seria uma perca de tempo e que eu não deveria mais confiar em ninguém depois da festa do Jason.

O homem continuava lá embaixo gritando para que eu tirasse a corda do pescoço me dizendo que ele poderia me ajudar se eu quisesse, eu estava com medo e não sabia se deveria confiar nele pois da última vez que decidi confiar em alguém eu fui molestada. Tirei a corda do pescoço aos poucos até que estava totalmente livre da mesma e disse a ele:

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