Sozinha No Mundo

Capítulo 8

Sou acordada por minha mãe que me balançava copiosamente, eu abro os olhos com relutância:

-O que foi mãe? -digo resmungando coçando os olhos.

-Precisamos conversar e você precisa colocar uma roupa se não quiser pegar um resfriado. -disse saindo do quarto.

Dou uma olhada em meu corpo e me toquei que ainda estava de toalha, então me levanto com muita preguiça e coloco um vestido amarelo com uma jaqueta jeans preta e desço as escadas, minha mãe estava preparando algo no forno que cheirava muito bem, deveria ser um bolo de chocolate. Parei na porta e a observei enquanto ela lavava a louça, não demorou muito para que ela notasse a minha presença e pedisse para que eu sentasse. Assim o fiz, ela se sentou na outra ponta da mesa e cruzou as mãos. Seus olhos me observavam curiosos a procura de alguma resposta que eu não sei se saberia dar. Então depois de um curto período de silêncio, ela finalmente diz:

-Eu notei que você jogou aquela calça nova e uma camiseta fora, e que elas estavam manchadas e com um cheiro horrível e com pedaços do que pareciam ser papel higiênico. Posso saber o que aconteceu?

Eu mordia os lábios tentando pensar em uma resposta rápida pois nem em sonho eu teria coragem de contar a ela sobre o bullying que estava sofrendo e sobre as agressões que sofri na escola mais cedo. Ela continua a me encarar esperando que eu desse a ela uma resposta satisfatória mas, sem saber muito o que dizer, lhe dou uma desculpa esfarrapada.

-Hoje teve um trote na escola, e ai eles estavam jogando esses negócios em todos os alunos. -digo puxando a unha do polegar, mostrando claramente que eu estava nervosa e com medo.

-Mas esse evento foi autorizado pela secretaria da sua escola?

-Eu não sei mãe, acho que foi, mas foi só uma brincadeira entre os alunos.

-Uma brincadeira de muito mal gosto, a roupa estava nova e aquele cheiro provavelmente vai ser impossível de tirar. Não participe mais desses eventos Lorena, por favor.

-Tudo bem mãe. Posso sair agora? -digo puxando as mangas da jaqueta na tentativa de esconder as marcas roxas e alguns pequenos cortes que eu tinha sofrido mais cedo quando brincavam de tiro ao alvo comigo.

-Mas você não vai comer um pedaço de bolo? Já está quase pronto.

-Não mãe, estou bem,obrigada.

Ela fez um sinal positivo com a cabeça e eu me levantei rapidamente mas, quando estava saindo, ela disse:

-Você sabe que pode conversar comigo sobre qualquer coisa que estiver acontecendo não é?

-Sei sim mãe, obrigada. – respondo com a cabeça baixa.

Vou para o nosso jardim e me sento debaixo daquela árvore em que meu pai me deu a triste notícia, levanto as mangas da jaqueta e miro as marcas que haviam sido deixadas em meu corpo mas, elas não eram comparadas a dor que eu sentia na alma.

******

Conforme os dias se passavam, eu perdia cada vez mais a vontade de ir para as aulas, minhas notas despencaram muito e todas as vezes que eu aparecia na escola, eu sofria algum tipo de agressão fosse ela física ou verbal. Eu estava com problemas para me alimentar e estava perdendo peso.Aparentemente eu parecia estar bem mas, é claro que eu não estava.

Depois de alguns dias,retornei a escola e encontrei meus amigos sentados em nosso banco, eles correram até mim e me deram um abraço muito caloroso:

-Garota, como eu estava com saudade de você! -disse Duda super eufórica.

-Nunca mais nos abandone dessa forma. -disse Gabriel em um tom sério.