102 - Vamos às compras;

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...

- Alice, são exatamente 14h. Acredito que às 18h vocês já vão ter feito tudo que...

- Não enche o saco! - Ela respondeu, abrindo a porta do banco de trás e saindo sem se despedir. Olhei para ele do banco do carona.

- Ela disse que voltaríamos de taxi... - Comecei, tentando deixá-lo mais tranquilo.

- Não tem necessidade. Quando acabarem, é só me ligar. Eu venho...

- Não vem não. - Alice enfiou a cabeça pela minha janela, me dando um susto - Pra que tirar você de onde estiver se temos uma fila de taxis na entrada do shopping?

- Não tem problema...

- Benício, eu também estou grávida e ando sozinha todo santo dia. Nunca me aconteceu nada, e acredito que meu filho esteja bem, saudável e confortável. Não faça da Lís uma inválida.

Ele bufou e ela tirou a cabeça da janela, nos dando privacidade outra vez, entendendo que havia vencido aquela briga.

- Você está com o cartão de crédito, né?

- Estou, e acabei de me dar conta de que nunca conversei sobre ele com você. - Respondi, já um pouco amarga.

- Bom, essa conversa vai ter que esperar. Se eu te prender mais um minuto dentro desse carro, Alice vai sacar um revólver da bolsa e me matar.

- Tudo bem. Mas não vou usá-lo. - Impliquei, já me ajeitando para sair.

- E se tiver algo que queira comprar?

- Não vou querer nada.

- Pode ser. - Ele falou, com um certo prazer na voz - Mas ninguém sai de um shopping de mãos vazias se estiver com a minha irmã.

- Eu vou sair. - Falei, decidida.

Ele riu.

- Ok. Então você pode prometer que vai usar o cartão se quiser alguma coisa. Já que não vai querer nada mesmo...

Encarei Benício por algum tempo, pensando na minha resposta.

- Porra, se você quiser ficar pra fazer compras junto com a gente, estaciona o carro e VAMOS LOGO! - Alice falou ao meu lado, do lado de fora, já demonstrando impaciência.

Desafivelei o cinto de segurança e dei um beijo carinhoso nele.

- Toma cuidado, tá? - Ele disse, retribuindo o beijo.

- Pode deixar.

Saí do carro e me juntei à Alice, sentada em um banquinho próximo.

- Use-o! - Ele gritou pela janela aberta antes de acelerar e sumir.

- É sério, como você aguenta o meu irmão?

- Ele só se preocupa em excesso. Mas continua sendo fofo.

Alice fez uma careta, claramente discordando de mim. Entramos no shopping e caminhamos como se estivéssemos em um parque. O lugar não estava muito cheio, embora também não estivesse vazio.

- O que você quer comprar? - Perguntei, só para puxar uma conversa.

- Preciso de uma roupa pra hoje à noite. Você já tem?

- Tenho sim.

- Como é?

- Não sei ainda. Mas sei que tenho, em algum lugar. - Respondi. Algo no meio daquele monte de coisas que Benício insistiu em comprar um dia devia servir para a ocasião.

De Repente, Amor ❲✓❳Onde histórias criam vida. Descubra agora