16 - Eu preferia olhos castanhos.

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A menina, Caroline ou Cristiane (não me lembrava muito bem) tinha um sorriso largo e bonito. Tinha cabelos lisos pretos com franjinha, olhos negros como jabuticaba e pele morena. E um corpo fenomenal. Vestia um vestido muito justo azul, que delineava todas as gloriosas curvas que Deus lhe dera.

Conversamos por algum tempo, e conforme o tempo passava, me esqueci do motivo de estar naquela palhaçada. As várias doses de whisky ajudaram, e Cristiane também me acompanhava, bebendo margueritas e todas aquelas coisas feitas para mulheres.

A conversa dela não era muito interessante, mas nada naquele lugar era. Felizmente, o álcool tirou esse pensamento da minha cabeça, e agora a tal menina já se jogava sem pudores para cima de mim.

- Aqui é muito chato... Que tal um lugar mais reservado? - Ela disse, já envolvendo os braços em meu pescoço.

Eu estava leve e, a essa altura, depois de tantas investidas daquela morena escultural, levemente excitado.

- Lugar reservado, aqui? Não acho que exista essa possibilidade.

- Então acho que podemos procurar um outro lugar. Sabe, longe daqui. - E piscou para mim, lambendo de uma forma bastante promíscua o canudo da bebida em suas mãos.

- Me dê um segundinho, querida. - Disse, levantando e indo à busca de Duda.

Ela bebia água mineral, conversando com um rapaz bem mais novo que ela, e eu a chamei rapidamente. Ela se desculpou com o rapaz e veio ao meu encontro.

- Por onde andou?

- Pelo bar. Escuta, preciso ir.

Ela entortou o nariz.

- Quantas doses você bebeu?

- Não muitas. Então, posso ir?

- Claro que não! Você tem que dar uma resposta àqueles cavalheiros.

Ela apontou para um canto, onde seis ou sete homens, todos de terno e gravata, conversavam e davam olhadelas em nossa direção.

- Ok. O que você achou? Vale a pena ou não?

- Eu... Bem, eu acho que seria bom para a empresa...

Não esperei ela terminar, já indo ao encontro do grupo de executivos. Senti Duda correndo logo atrás de mim em seus saltos altos.

- Senhores, foi um prazer conversar com os senhores essa noite. Sinto-me muito feliz em dizer-lhes que nosso acordo está fechado. Foi também um prazer fazer negócio com os senhores.

Eles começaram a falar alguma coisa, mas eu estava com pressa.

- Infelizmente, preciso ir embora. Uma emergência, mas nada do que se preocupar. Minha secretária aqui - e dizendo isso, puxei Duda para minha frente - tratará dos detalhes com os senhores. Uma boa noite, cavalheiros.

Sorri e saí andando. Dudaa puxou meu braço, falando agora em meu ouvido.

- Ok, espertinho. Eu vou ser muito legal e fazer o seu trabalho. Mas me diga aonde vai!

- Vou pra casa. Tem uma morena fenomenal ali louquinha pra me dar, e eu não vou ficar conversando com esses pingüins velhos feios a noite toda. Não se preocupe, eu pego um táxi.

Duda me encarou, sem dizer nada, e pude ver em seu olhar um traço inconfundível de pena. Era uma pena genuína, vinda de uma mulher feliz e realizada, com família e filhos, e mesmo em meu estado alcoolizado eu pude ver toda a pena que aquela mulher, com uma vida muito melhor que a minha, sentia de mim. Era um olhar que alguém que tinha felicidade dava a alguém que era miserável em sua essência, e não me restou nada a não ser sentir pena de mim mesmo também.

De Repente, Amor ❲✓❳Onde histórias criam vida. Descubra agora