4 - Aos olhos dela.

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Laralís

Mais uma noite na Casa de Tanya. Mais uma noite para me sentir uma vadia.

Mas aquilo era idiota de se dizer. Eu era uma vadia. Uma vadia que agora se aprontava para seu próximo cliente. O tal Benício.

- Bem, pelo menos ele é bonito. - Comecei para mim mesma, mas sabia que aquilo não funcionaria. - Ok, ok, não muda quase nada. Mas vamos lá, finja que será ao menos um pouco prazeroso.

Não, o fato daquele cliente ser bonito não mudava nada. Eu continuaria oferecendo meu corpo a ele em troca de dinheiro. Não seria menos suja por isso. Eu já havia estado com clientes belíssimos antes, e nenhum deles me deu o mínimo prazer.

- Merda. - Eu continuava falando sozinha. - Por que ele tinha que me ver?

Todas as noites, quando descia, eu procurava andar sempre nos cantos mais escuros, pedindo a Deus que ninguém me notasse ali. Me vestia de uma forma nada sensual e olhava sempre para baixo. Estar com um homem, embora fosse meu trabalho e eu já devesse ter me acostumado com isso há muito tempo, sempre era um castigo. Eu precisava me sustentar, mas minha maldita consciência insistia em me fazer sentir muitíssimo mal.

Mas lamentações não iriam mudar nada. Benício havia, de alguma forma, me visto. Mesmo rodeado de três lindas meninas, ele se interessou por mim. Mais tarde, fui saber que ele era um antigo cliente então estava tudo explicado: Provavelmente ele já havia se divertido com todas elas, e agora queria carne fresca.

O que diferenciava Benício dos outros clientes? Quase nada, a não ser por um pequeno detalhe: Ele me olhou. Claro muitos homens haviam me olhado, mas não como ele. Ele me olhou como quem quisesse me entender. Como se tentasse ler meus olhos, encontrar algo dentro deles. E aquilo poderia não fazer o menor sentido, mas o fato é que eu havia ficado um pouco desconfortável com o jeito como me olhou.

Enquanto me aprontava para recebê-lo em meu quarto, pensava em como seria esse novo castigo. Deitei na cama com um robe de seda cor pêssego e fiquei à sua espera.

Não demorou muito e a porta se abriu. O cliente havia entrado em meu quarto, já tirando a jaqueta e colocando-a sobre uma cadeira, após trancar a porta.

- Poderia pagar antes? - Perguntei de repente. Ele pareceu surpreso.

- Pagar antes? E se eu não ficar satisfeito?

- Você ficará satisfeito.

Ele riu, ainda me encarando.

- Bom... Se, por uma ironia do destino, eu não ficar satisfeito, posso ter meu dinheiro de volta então?

- Ok. Mas isso não vai acontecer.

Ele riu novamente, tirando do bolso algumas notas e colocando em cima da escrivaninha ao lado da cama.

- Você é muito segura de si.

Não respondi.

- Muito bem. Como não nos conhecemos, temos que esclarecer alguns pontos aqui. Você tem alguma objeção quanto ao sexo? - Encarei-o um pouco confusa.

- Como disse?

- Algo que não goste de fazer? - Ele continuou.

Ninguém nunca havia me perguntado aquilo. Normalmente os homens tentavam fazer qualquer coisa comigo, e só então, quando eu negava, eles entendiam que eu não faria.

- Eu não faço anal. - Falei um pouco baixo. Ele arregalou os olhos.

- Uma puta que não faz anal? - Pareceu espantado. - Estava me referindo a coisas como sadomasoquismo, bondage... Pra mim, qualquer puta fazia anal.

Corei violentamente. Embora eu fosse uma, não gostava de ser chamada daquela forma.

- Eu não faço...

- Você é muito exigente. - Ele concluiu, não parecendo aborrecido. - Espero que saiba me recompensar por isso.

- Vou recompensá-lo.

Ficamos em silêncio por algum tempo.

Ele olhou ao redor, analisando a luminosidade e perguntando:

- Não acha que está muito escuro aqui?

- O abajour está ligado. - Apontei pro objeto ao meu lado direito, que emitia uma luz fraca e amarelada.

- Mesmo assim, muito escuro. Quero ver seu corpo.

- Não vai querer ver meu corpo.

Ele parecia começar a perder a paciência. Talvez eu devesse parar de discutir com um cliente.

- Sim, Laralís, eu quero ver seu corpo. - Dizendo isso, alcançou o interruptor ao lado da porta e acendeu a luz.

- Tudo bem. - Concluí tristemente.

Então ele se posicionou na frente da cama, e eu sabia que essa era a hora de começar a fazer algo. Fiquei de joelhos e fui engatinhando até ele. Quando o alcancei, comecei a abrir seu zíper e já podia sentir sua ereção. Abaixei suas calças, deixando a box preta intacta.

- Tire o roupão. Já disse que quero ver seu corpo.

Merda. O quarto estava muito claro, isso não seria nada agradável.

Hesitei por um momento, mas no fim, cedi. Desfiz o nó que prendia o robe ao meu corpo, e deixei o tecido fino cair em cima da cama. Eu estava vestindo uma lingerie da mesma cor pêssego que meu robi, um sutiã e uma calcinha pequenos, mas confortáveis. Eram até discretos, se comparados com langeries com furos em lugares específicos e partes transparentes.

Não o encarei e continuei fazendo meu trabalho. Levantei em meus joelhos para poder tirar-lhe a camisa, e então depositei beijos suaves em seu peito musculoso.

- Só te dão homens violentos?

Merda. Ele tinha que falar?

Meus hematomas já faziam parte de mim. Eu não lembrava de qualquer época em que estivesse sem arranhões, mordidas e manchas roxo-esverdeadas por toda a extensão do meu corpo.

- Me dão homens.

Embora eu só olhasse para seu peito, eu sabia que ele me encarava, analisando cada machucado em meu corpo.

- Minha pele é muito clara. Qualquer pressão faz isso em mim. A marca de cada homem com quem me deitei está aqui.

Ele pegou meus pulsos, onde manchas roxas, verdes e vermelhas marcavam minha pele.

- Por isso usa roupas que escondam seu corpo?

- Também.

Ele me fitou por mais um tempo. Como o silêncio tornava-se cada vez mais desagradável, quis terminar o assunto.

Lentamente, levei minhas mãos à sua cueca e a abaixei. Vi seu pênis já completamente ereto, e pude notar que ele estava mesmo precisando de uma "aliviada".

Foi nesse momento que notei que teria um certo desconforto com esse cliente. Grande parte dos homens com quem estive até hoje eram de estatura normal. Algumas vezes, ficava com homens mais altos, e isso sempre indicava que seus membros eram maiores do que os que eu estava acostumada a sentir. Por esse motivo, e pelo fato de ser pequena, era comum sentir dor e desconforto na penetração. Os homens sempre querem enfiar tudo dentro, sem se preocupar com as leis físicas relacionadas ao fato de que objetos grandes simplesmente não cabem em lugares pequenos.

De Repente, Amor ❲✓❳Onde histórias criam vida. Descubra agora