Benício
Quando entramos na 36ª semana de gestação, foi a minha vez de começar a me sentir realmente nervoso.
O Dr. Lewis havia calculado que a data estimada para nossa filha resolver nascer estava entre 10 e 18 de setembro. Nesse meio tempo, teríamos o aniversário de Laralís, e me senti um pouco triste por não poder dar completa atenção a esse evento, prometendo-a uma festa maravilhosa assim que a poeira abaixasse.
Ela não parecia estar triste de forma alguma, mas estava se sentindo mais ansiosa e sensível do que nunca. Nossa filha agora se mexia com tanta frequência que parecia estar deixando-a um pouco impaciente.
- Ela quer sair...
Olhei-a espantado, perguntando em silêncio o que ela queria dizer com aquilo.
- Não. Não temos que ir pro hospital. Só estou dizendo que ela não pára quieta.
Suspirei aliviado.
- Por que não deita um pouco? Vê tv ou lê um livro? Ela deve se acalmar...
- Não adianta. Eu já tentei. Acho que ela está nervosa porque eu estou ansiosa.
Toquei sua barriga e senti um chute potente saído de lá de dentro.
- É... - Concluí distraído - Acho que ela quer sair...
O obstetra havia nos aconselhado a não mantermos relações sexuais naquele período, já que qualquer estímulo poderia acelerar o processo do parto. Tive que me controlar todas as noites daquele último mês, desejando-a da mesma forma de sempre mas proibido de tocá-la. Pelo menos da forma convencional. Aquilo provavelmente havia sido a coisa mais difícil que eu tinha feito na vida inteira, e tornava-se pior porque a libido dela havia diminuído consideravelmente nessa etapa da gestação. O que significava que eu estava não só sem sexo, como também sem "preliminares".
Mas tudo bem. Era por um bem maior. Depois que a nossa filha nascesse, eu tiraria o atraso.
Passei a ocupar meu tempo ocioso tocando piano, mesmo na ausência de Laralís. Ou eu fugia um pouco dela para tentar me controlar, ou a atacava. Além do mais, música havia sempre me dado mais equilíbrio. Tocar Chopim ou Bach ajudava a me acalmar, fosse pela ansiedade da chegada da minha filha ou pela vontade de atacar minha mulher.
- Não, continua!
Me virei de uma vez com o susto, quase caindo do banco. Eu estava tocando há aproximadamente duas horas seguidas, e achava que já era hora de parar. Mas me assustei ao ouvir a voz dela atrás de mim, como um fantasma.
- Desculpa. Não quis te assustar. - Ela falou, um pouco tímida.
- Tudo bem... - Comecei, já recuperado - Há quanto tempo está aí me assistindo?
- Não muito.
Laralís puxou uma cadeira até o meu lado e se sentou, suspirando audivelmente.
- Ela ainda está se mexendo muito? - Perguntei, levando uma das mãos até sua barriga.
- Agora está. É por isso que eu queria que você continuasse.
Encarei-a com curiosidade, não entendendo direito o que eu tinha a ver com aquilo.
- Ela se acalma quando você toca. Principalmente essa última música.
A barriga chutava descontroladamente, deixando clara sua inquietação. Eu me perguntava se Laralís não estava sentindo dor.
- Pode tocar? - Ela insistiu.
- Claro...
Abri outra vez o caderno de partituras, procurando pela música em questão. Quando a encontrei, comecei a tocar de forma mecânica a melodia pautada.
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De Repente, Amor ❲✓❳
RomanceBenício é um jovem homem de negócios, embora não saiba nem do que se tratam os contratos que assina. Laralís é uma prostituta de luxo, que apesar de se sentir extremamente mal por isso, não encontra uma saída para mudar de vida. Como havia de ser, o...