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Não sei como, mas ele conseguiu puxar minha calcinha até os tornozelos. Quando dei por mim, ele próprio já estava completamente nu, sentado em seus calcanhares e me trazendo para cima das suas pernas, mantendo-me sentada de costas para ele ali.
Não vi nada disso acontecer porque, embora eu realmente quisesse que aquela hora chegasse, não conseguia deixar de ficar nervosa. Não era medo, de forma alguma: Eu confiaria a ele minha própria vida. Mas a ansiedade e o leve pânico que eu sentia eram involuntários, como um trauma desenvolvido na infância.
Senti um líquido gelado ser passado na minha entrada de trás, mas imediatamente se tornou quente assim que Benício afastou seus dedos de lá. Esperei de olhos fechados, lembrando que era ele ali. Que era a pessoa que eu mais confiava no mundo, e que só estava fazendo aquilo porque eu queria.
E eu queria.
Mas estava nervosa demais para manter as batidas do meu coração da velocidade certa.
Ele beijou meu pescoço de forma provocativa, tocando propositalmente nos pontos que sabia serem mais sensíveis. Uma de suas mãos segurava suavemente minha cintura, sem apertar, e a outra voou para o meu clitóris. Não podia vê-lo, porque estava de costas, mas me obrigava a lembrar, a cada segundo, que era ele ali.
Senti a cabeça de seu membro encostar na minha entrada e estremeci. Apertei com força a mão que ele mantinha na minha cintura, o que foi um erro: Benício imediatamente notou que eu tremia.
- Tem certeza... - Ele começou no meu ouvido, e ouvir sua voz me deu uma nova onda de segurança e conforto.
- Tenho. - Respondi simplesmente.
- Você tem que relaxar...
Aproveitei enquanto o som da sua voz vibrava para me forçar um pouco mais contra seu membro. Era quando eu podia identificá-lo ali que meu corpo relaxava, porque o trauma me fazia lembrar constantemente de flashes da noite em que fui estuprada.
Senti a cabeça de seu membro entrar em mim e fiquei imóvel, tentando me acostumar com o encaixe. Queria que ele continuasse falando alguma coisa, desesperada para identificar sua voz e fazer com que meu corpo se mantivesse receptivo a ele.
Benício abriu os botões da minha camisa, para me dar uma sensação melhor. Passeou uma de suas mãos por todo o meu tronco, sem apertar nada, de forma muito suave. Era como se ele quisesse destacar a diferença entre o que nós estávamos fazendo agora e o que fizeram comigo um dia. Era como se simplesmente quisesse fazer com que o meu corpo reconhecesse seu toque.
Relaxei mais um pouco, sentindo-o se enfiar mais fundo dentro de mim. De forma cuidadosa, lenta, pronto para interromper o movimento a qualquer momento. Mas não adiantava me enganar: Eu estava desconfortável. Não conseguia relaxar completamente, mas ainda assim estava feliz por não estar sentindo dor.
Ele era cuidadoso. Como sempre havia sido.
Joguei minha cabeça para trás, respirando contra seu pescoço e tentando sentir o perfume do creme de barbear dele. Não consegui sentir nada, e meu corpo imediatamente se fechou outra vez.
De repente, Benício virou nossos corpos para a esquerda e nos jogou para frente, me fazendo ter que apoiar as mãos no colchão e ficando de quatro. Não entendi o que ele estava fazendo. O movimento súbito fez com que eu me fechasse ainda mais. De olhos ainda fechados, senti seu corpo se apoiar no meu por um momento: Era como se seus braços estivessem tentando alcançar alguma coisa, e no momento seguinte voltamos à posição original, comigo sentada em seu colo de costas para ele. Em nenhum momento seu corpo havia saído do meu.
- Abra os olhos... - Ele falou um pouco ofegante ao pé do meu ouvido. Eu obedeci.
À nossa frente, uma das portas do armário estava aberta. Ele a havia aberto. Dela, pendia um espelho de cima a baixo, mostrando perfeitamente a imagem invertida do que Benício estava fazendo comigo.
Eu podia vê-lo agora.
Minhas mãos apertavam com força as suas, que por sua vez estavam firmes nos dois lados da minha cintura. Sua boca mordia o lóbulo da minha orelha de forma provocativa, exatamente da maneira que ele sabia que me enlouquecia. Procurei seus olhos pelo reflexo do espelho e, quando os encontrei, vi que ele já encarava os meus.
Sem desviar o olhar, ele me segurou com firmeza para que eu subisse um pouco em seu membro e, logo em seguida, me empurrou para baixo outra vez. Não consegui prender o gemido baixo ao senti-lo daquela forma. Senti-lo e vê-lo. E saber - lembrar - que aquele era ele.
- Quem mais poderia ser? - Ele suspirou baixo no meu ouvido outra vez, como se pudesse ler meus pensamentos. Senti cada terminação nervosa do meu corpo explodir, agora eu mesma sentando nele com força e finalmente sentindo prazer.
Ainda que eu visse o quão desesperado ele estava para apressar as coisas, Benício se manteve calmo, lento e quase submisso. Tudo que fez foi envolver seus braços na minha barriga e manter o ritmo que eu ditava. Se estivesse muito devagar ou muito rápido, eu o deixaria saber, usando meu meu próprio corpo contra o dele. Era o suficiente para que ele se adaptasse ao que eu queria.
Mas não precisei "corrigir" nada. Ele foi perfeito.
Foi perfeito.
Não gozei pela penetração por trás. Benício me levou ao orgasmo com seus dedos, e a visão de tudo pelo reflexo do espelho me ajudou com as sensações, despertando meu lado voyeur. Quando ele estava perto do seu próprio clímax, me inclinou suavemente para que gozasse nas minhas costas. E então, senti a tranquilidade tomar conta de nós dois, enquanto um filme qualquer chiava na tv.
Me sentia estranhamente dopada, exausta. Fechei os olhos e esperei. Ele saiu da cama por algum tempo, e quando voltou senti uma toalha úmida limpando minhas costas. Quando ele encostou em mim outra vez, moldou seu corpo ao meu na posição de colher, beijando meus ombros e meu pescoço com carinho.
Ouvi a televisão ser desligada. Sabia que, como eu, Benício não queria quebrar o silêncio, porque isso também era perfeito. Nós dois sabíamos não haver palavras certas que coubessem direito naquele momento, por isso tudo o que fizemos foi permanecer ali, até que um de nós caísse no sono primeiro. Provavelmente seria eu.
Mas antes de me entregar aos sonhos, só porque a vontade veio, agarrei a aliança que envolvia meu anelar direito e, de uma vez, coloquei o aro naquele mesmo dedo da outra mão. Se bem me lembrava, tomando as próprias palavras de Benício como referência, eu tinha a opção de transformar aquele compromisso no que eu quisesse.
Não sabia dizer se ele havia notado meu movimento. Mas antes de adormecer, tive a impressão de sentir seus dedos rodarem, como de costume, a aliança na sua mais nova posição.
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De Repente, Amor ❲✓❳
RomanceBenício é um jovem homem de negócios, embora não saiba nem do que se tratam os contratos que assina. Laralís é uma prostituta de luxo, que apesar de se sentir extremamente mal por isso, não encontra uma saída para mudar de vida. Como havia de ser, o...