113 - "Despedida de solteira"

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...

Demorou um bom tempo até que todo mundo ali convencesse Benício de que, "pelo amor de Deus", nós não faríamos nada que pudesse se aproximar da palavra "ousado". Tanto Alice quanto eu estávamos em estágios de gestação relativamente avançadas, e se ele realmente achava que aquele papo de beber vodka e ir parar em um clube de mulheres era verdade, Benício precisava de tratamento psiquiátrico urgentemente.

Quando Eduardo, Jorge e ele estavam prontos para sair, fui me despedir.

- Ei... - Agarrei-o pela gola, trazendo-o propositalmente para perto e falando em um tom divertido.

- Ei. - Ele respondeu, se encostando em mim e me abraçando com força - Se chegar mais perto, eu fico.

Sorri, beijando-o de forma simples mas provocante, falando contra seus lábios:

- Lembre-se que você casa amanhã.

- Não tem como esquecer.

- Ah, tem sim. Não sei quantas doses de qualquer coisa o seu irmão vai fazer você beber, e não sei onde vocês vão. Mas só quero que você se lembre de mim.

- Não se preocupe. Vamos acabar bebendo em uma boate qualquer. E, de qualquer forma, eu estou sempre pensando em você, então não tem perigo.

Ele disse isso com sua voz sedutora e carinhosa, como um gato manso, e eu me senti um pouco instável.

- Certo. - Falei, ainda contra sua boca - Vou fingir que você não está tão cheiroso e lindo, e que não vai servir de isca pra vadias solteiras.

- Eu já tenho a minha vadia particular. - Ele falou perto da minha orelha, ainda com aquela voz "vou-te-chupar-toda"- E duvido que alguém chegue aos pés dela. Em qualquer coisa.

Não adiantava quantas vezes ele usaria essa arma. Aquela voz mansa ronronando perto do meu pescoço falando coisas inapropriadas sempre fazia com que meu corpo virasse uma gelatina gigante.

- Você não vai fazer nada demais, né? - Ele perguntou de repente - Não ouça a minha irmã. Ela é maluca, e tenho certeza que nenhuma idéia que ela der vai ser boa...

- Confie em mim. - Falei de maneira simples, beijando-o outra vez - Dependendo da hora que você voltar, eu vou estar na nossa cama te esperando.

Os olhos dele brilharam com aquilo.

- Você acabou de me fazer não querer ir pra lugar nenhum.

- Caralho, vocês vão ter que se aturar pelo resto da vida! - Ouvimos Eduardo gritar do carro - Alguém joga um balde de água fria neles?

- Não quero que seu irmão me odeie. Vai logo.

Ele espalmou a mão na minha barriga e me beijou antes de se afastar, dessa vez com uma intensidade que talvez dissesse algo como "se você não estiver acordada quando eu voltar, eu vou te acordar à força".

No fim das contas, tudo que Duda, Alice e eu acabamos fazendo se resumiu a conversar sobre nossas gestações e tomar vitamina de pera durante a noite toda, ouvindo música no sofá da casa de Benício, que eu ainda me obrigava a pensar como "nossa". Ao menos aquilo havia funcionado: Canalizar meus pensamentos para outra coisa que não fosse o dia seguinte me deixou mais tranquila, ouvindo com atenção toda a experiência de Duda e o que Alice já tinha para contar também. Era bom ter algo para falar com elas que servisse como distração.

Mas a minha "despedida de solteira" passou rápido demais. Antes da meia-noite, Duda e Alice já tinham ido embora - não sem antes se certificarem de que eu estava bem. Felizmente, toda aquela vitamina de pera com leite conseguiu me acalmar de alguma forma.

De Repente, Amor ❲✓❳Onde histórias criam vida. Descubra agora