114 - O grande dia;

9.7K 842 14
                                    

...

Acordei com uma música um pouco irritante, e só depois de muito tempo me dei conta de que ela pertencia ao meu celular. Era estranho: Eu já havia me desacostumado a receber ligações.

Olhei para o lado de Benício na cama e constatei que ele não estava lá. Enquanto isso, meu celular vibrava e tocava escandalosamente em cima do criado mudo oposto.

- Alô... - Falei, esfregando os olhos e testando minha voz rouca.

- Olha se não é a Bela Adormecida. - Alice falou com uma voz debochada do outro lado - Me diga uma coisa: Você ainda pretende se casar hoje?

Me levantei de uma vez, sendo pega de surpresa pelas palavras de Alice. Infelizmente, o movimento foi rápido demais, e no segundo seguinte me sentei na cama outra vez, completamente tonta.

- Wow... Que horas são? - Perguntei de olhos fechados, tentando me acalmar.

- Meio dia. E agora que eu sei que você já está acordada, estou indo praí. Você tem 5 horas pra se tornar a noiva mais linda do mundo, então escove os dentes, tome um banho e se arrume em menos de 5 minutos.

E simplesmente, sem dizer mais nada, ela desligou.

Tentei ficar de pé outra vez, feliz por não sentir mais aquela tontura inicial. Andei o mais rápido que pude para o banheiro, escovando os dentes sem sequer me olhar no espelho e entrando dentro do chuveiro de uma vez.

Quando saí, enrolada na primeira toalha que vi, encontrei Alice já sentada na cama desfeita, me encarando com aqueles olhinhos dourados e vivos. Levei um susto, mas me recompus rápido.

- Bom dia. - Ela falou sorridente.

- Por que ele não me acordou? Onde aquele filho da puta está?

- Na casa dos nossos pais.

- Ah, que bom que ELE vai ter tempo de se arrumar!

- Lís, respira.

Só então notei meu real estado de nervos. Se nos dias anteriores minha ansiedade chegava a níveis assustadores, hoje eu parecia uma bomba atômica prestes a explodir.

- Ok... O que eu faço? - Perguntei, já em pânico, esperando que ela me guiasse de alguma forma.

- Primeiro, você se acalma. Depois, nós almoçamos. E depois, começamos a te arrumar.

- Certo. Vou me acalmar...

- Ótimo. - Ela começou, tranquila - E respondendo à sua pergunta anterior, Benício não te acordou porque disse que você parecia exausta.

Bem, eu estava exausta. Não dormia há muitas horas, mas isso não significava que o melhor que ele tinha a fazer era me deixar dormir além da hora no dia do nosso casamento!

- Não preguei os olhos na noite anterior...

- Que bom que você conseguiu dormir na véspera. Significa que podemos usar menos maquiagem pra cobrir as olheiras. Mas, em compensação, vamos ter que cobrir um ou dois hematomas.

Arregalei os olhos para ela, procurando agora em mim alguma mancha roxa, mas não encontrei nada.

- A lateral do seu pescoço. - Ela explicou, parecendo calma e divertida ao mesmo tempo - Sinceramente, meu irmão poderia chupar com menos força.

Eu realmente mataria Benício quando o encontrasse.

- Mas não se preocupe. Não é nada que não dê pra esconder.

Suspirei aliviada, esquecendo de me envergonhar.

- Tem certeza?

- Tenho. Agora, se vista de uma vez. Jorge está lá embaixo preparando o almoço. Como você acordou tarde, não vai dar tempo de aproveitar um café da manhã. Almoçamos e depois, mãos à obra!

De Repente, Amor ❲✓❳Onde histórias criam vida. Descubra agora