56 - Me fala sobre a sua família;

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...

Demorei algum tempo para conseguir parar de pensar na atitude de Duda, mas tive que fazê-lo porque já estava atrasada. O relógio agora marcava 20:10, e não só eu ainda não tinha tomado banho, como também não sabia qual roupa usaria ou como me prepararia para aquela noite. Embora Benício e eu estivéssemos nos entendendo aos poucos, a convivência entre nós dois ainda não tinha se tornado tão simples como acontecia com a maioria dos casais. E pensar nele e em mim como um casal, embora me deixasse radiante, ainda me fazia ficar nervosa.

Tomei um banho rápido, indo contra minha vontade de demorar debaixo da água quente e me perfumar bastante para ele. Mas, como meu tempo era curto e a última coisa que eu queria era mostrá-lo que eu não era pontual, me apressei em fazer tudo. Assim, em menos de vinte minutos eu já estava de banho tomado, cabelos penteados, uma maquiagem tão discreta que poderia passar desapercebida e vestida propriamente para a temperatura invernal do lado de fora. Queria ter me produzido mais, mas isso significaria fazê-lo esperar. Por isso, desci às 20:34h, já esbaforida, usando um guarda-roupas todo novo: calça jeans skinny simples, botas pretas de cano longo por cima dela, uma blusa vermelha fina de lã com gola em "v" e um sobretudo preto bastante quente e fofo.

Antes de descer, contudo, me certifiquei de tirar todas as etiquetas das roupas que eu nunca havia usado, além de dar uma rápida olhada no espelho grande que ficava dentro do closet do quarto de Benício.

Me surpreendi comigo mesma. Eu não estava um espetáculo aos olhos masculinos, mas estava bonita. Não linda, mas bela, de uma forma simples. Minha expressão parecia mais viva, meus olhos não estavam tão tristes. Meus lábios, sem batom, estavam até mais cheios de cor, e então me perguntei se aquilo tudo tinha a ver com meu novo estado de espírito.

Era óbvio que tinha.

Segui para a garagem procurando por ele, mas sua vaga estava vazia. Caminhei depressa para o enorme saguão de entrada do prédio, tanto para chegar rápido quanto para me aquecer. Alcancei as escadas que davam para a calçada e fui quase nocauteada por um vento estupidamente gelado, mas antes que pudesse pensar, avistei um Volvo prata apagado e parado um pouco a direita. Quando me virei para encará-lo, os faróis piscaram para mim, avisando que aquele era o carro certo.

Minha pulsação, para variar, começou a acelerar. Antes, eu não estava acostumada a sentir isso toda vez que me via prestes a me aproximar de alguém, mas ultimamente me sentir mais adolescente estava se tornando um hábito. Eu não podia evitar, era involuntário: Sempre que me dava conta de que Benício estava a menos de dez metros de mim, meu coração insistia em querer sair pela boca. Era assim mesmo.

Cruzei os braços no peito para me proteger do frio e corri até ele. A porta do carona se abriu para mim, então no segundo seguinte eu já estava sentada e trancada no interior do carro junto com ele.

Fiquei encarando o painel luminoso do Volvo à minha frente como uma imbecil. Eu sabia que ele me olhava sem nem tentar disfarçar, o que estava fazendo com que meu rosto ficasse mais e mais quente a cada segundo decorrido.

- Você está vermelha. - Sua voz saiu em um tom divertido.

- Estou? - Me fiz de burra, ainda sem tirar os olhos do painel.

- Está com vergonha?

Benício estava prestes a gargalhar na minha cara, eu podia sentir sem nem mesmo precisar olhá-lo. Me convenci de que, se ele o fizesse, teria toda a razão: Eu era patética, e ficar sem jeito de encará-lo só porque nossa noite juntos havia sido um pouco "diferente" era tão lamentável que me envergonhava até de sentir vergonha. E o pior de tudo era que eu tinha quase certeza de que ele sabia que esse era o motivo.

De Repente, Amor ❲✓❳Onde histórias criam vida. Descubra agora