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Laralís e eu ficamos em silêncio por alguns segundos, enquanto ela me encarava novamente com a cara de peixinho dourado. Eu também olhava para ela, surpreso em notar a forma seca e sem emoção que escolhi para contar aquela história. Era bom saber que aquilo não despertava em mim a tristeza e o desespero que já foi capaz de despertar um dia, e poder contar aquilo para alguém além de Duda fazia com que eu realmente me sentisse algumas toneladas mais leve.
- Desculpe... - Ela começou, fechando os olhos e sacudindo a cabeça devagar - Deixe ver se eu entendi: Essa mulher tinha você aos pés dela, tinha uma vida inteira pela frente ao seu lado, e ela resolveu simplesmente ir embora com um amigo seu?
- Meu melhor amigo. Sim.
- Ok. Acho que essa é a mulher mais estúpida de quem eu já ouvi falar. - Ela disse, com os olhos um pouco arregalados, parecendo realmente surpresa ou incrédula.
- Ela não era estúpida, era uma vadia.
Parei imediatamente, notando a gafe que acabara de cometer. Eu estava ao lado de uma garota de programa, e talvez insultar uma mulher daquela forma não fosse exatamente apropriado.
- Me desculp...
- Tudo bem. Não me ofendeu.
Eu não falei outra vez, o que nos fez mergulhar em um silêncio constrangedor. Laralís olhava atentamente para as mãos, enquanto pensava em alguma coisa com uma expressão séria e um pouco triste, e imediatamente tive vontade de fazer algo muito ridículo para que pudesse voltar a ver aquele sorriso em seu rosto outra vez.
- Espero que você tenha superado isso. - Ela falou, em uma voz fraca. - Aposto que um dia ela vai se arrepender, enquanto você vai estar aproveitando sua felicidade. Ela não te merecia, então foi melhor ter te deixado.
- Bom, eu não senti isso na época. - Retruquei, brincando. - Doeu bastante.
Ela ficou em silêncio durante algum tempo, mas depois o rompeu.
- Todos temos nossos dias ruins.
- É. Todos temos os piores dias das nossas vidas. - Concordei.
- É. Acho que sim. - Ela sorriu, mas um sorriso triste.
- Qual foi o pior dia da sua vida?
- Você sabe qual foi. Eu já te contei.
- Qual foi o segundo pior?
Eu nem sabia por que estava insistindo naquele assunto. Talvez eu fosse mais idiota do que achasse ser.
- Bom, meus dias não são muito agradáveis. Nenhum deles. Mas recentemente, teve um dia excepcionalmente ruim.
- Qual? - Encorajei-a a prosseguir.
Ela pareceu ponderar por muito tempo se devia falar ou não. Por fim, resolveu contar.
- Alguns dias antes de você me ver naquele estado.
Congelei, porque mesmo com essa pouca informação, eu sabia qual era o dia em questão. Lembrei de seu estado frágil, dos machucados por toda a extensão do seu corpo, e um ódio esquecido dentro de mim surgiu como fogo, com a expectativa de finalmente saber o que, ou como eu imaginava, quem havia feito isso a ela.
- O que aconteceu naquele dia? - Senti os músculos do meu pescoço contraídos de raiva, e lembrei de que tinha que me controlar se eu quisesse ouvir a história completa.
- Só me acontece uma coisa, Benício. Clientes. - Ela falou sem me encarar, e a raiva que quase explodia pela minha boca me fez ignorar o prazer de ouvir o som do meu nome na voz dela.
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De Repente, Amor ❲✓❳
RomanceBenício é um jovem homem de negócios, embora não saiba nem do que se tratam os contratos que assina. Laralís é uma prostituta de luxo, que apesar de se sentir extremamente mal por isso, não encontra uma saída para mudar de vida. Como havia de ser, o...