Capítulo 5

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- Pronto, princesa, agora já pode ir pra casa.

A enfermeira dava os últimos cuidados para que pudéssemos ir embora. No final das contas, Julia não precisou passar mais uma noite no hospital e no dia seguinte conseguimos a alta dela.

- Você vai embora comigo? – ela perguntou esperançosa olhando para a moça de cabelos enrolados.

Ela riu.

- Não querida, eu preciso ficar aqui pra cuidar das outras crianças que estão dodói. – piscou para minha filha.

Eu sorri com a cena, mas fiquei preocupada. Julia se apegava muito fácil as pessoas, objetos e afins. Ela mal conhecia a funcionária e já queria leva-la para casa. Esse jeitinho doce e encantador da minha filha pode trazer muito estrago para ela mesma.

- Bom, então vamos ver se o papai já chegou pra vim buscar a gente. – eu cortei o clima nostálgico e disquei o numero de Peter.

Ao quinto toque ele atendeu esbaforido.

- Oi, minha linda.

- Oi. – ainda não estava sabendo se dava o braço a torcer ou se mantinha linha durona. – Você já está chegando?

Houve uns instantes de silencio antes de responder.

- Chegando onde? No hospital? – ele parecia confuso.

Ele esqueceu que a filha dele ia ter alta hoje?!

Me manter durona! Acabei de resolver. Vou me manter na linha dura.

- Peter... – suspirei e engoli um xingamento. – Quer saber?! Deixa pra lá.

Desliguei o telefone antes de escutar suas desculpas.

Olhei minha menina animada e sorri.

- O papai está chegando?

Mantive meu melhor disfarce. Ela não precisa saber que é a segunda opção do pai.

- Não, querida. O papai está indo pra casa nos encontrar, tudo bem?

- Ok.

Disquei, do telefone do quarto, para a recepção e pedi um táxi. Já é segunda-feira e todos precisaram voltar aos seus afazeres. E se o pai não pode deixar o trabalho pra vir buscar-nos, os outros também não.

- Vamos, meu anjo, o carro vai esperar por nós lá embaixo.

E assim foi. Por onde passava, Julia acenava e agradecia. A equipe de enfermagem estava encantada com a minha menina. Não poderia ser diferente.

No caminho, dentro do taxi, Julia já fazia planos do que iria fazer quando chegasse em casa. E eu só ria com sua empolgação.

Quando paramos na frente de nossa casa, Matheo e Luiza estavam segurando uma faixa pintada por eles onde dizia BEM VINDA JULIA de uma forma tosca e mal desenhada. Eu queria chorar com a demonstração mas apenas sorri e aplaudi.

Julinha correu para abraçar os irmãos e notei a Dona Lourdes com lágrimas nos olhos.

- Eles quase não dormiram essa noite. Estavam sentindo falta da irmã.

Eu assenti.

- Julia também não via a hora de voltar pra casa.

- Eu não vou mais jogar água em você, prometo. – Matheo disse choroso á irmã ainda frágil.

Luiza balançou a cabeça firme.

- Não vai mesmo. – ela bufou e depois voltou a atenção para a irmã. – Eu vou te proteger pra sempre.

Depois do Recomeço (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora