Capítulo 17

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- Peter. - Marcello levantou-se do chão onde ainda estava com Julia em seu colo.
- Oi Marcello. - acenou com a cabeça.
Eu estava enganada ou o tom do cumprimento estava amistoso?
Será que enfim ele aprendeu a acolher meu amigo ou só está fazendo cena.
Eu ainda não havia me virado, mas sabia e sentia seus olhos me encarando.
Eu e minha boca grande.
- Eu... errrr... - Marcello parecia desconfortável. - Eu vou comer sorvete, quem quer?
Óbvio que a criançada se manifestou. Porém Henrico não queria sair de perto de mim.
- Pode ir meu anjo. - toquei-lhe o rosto.
Ele olhou de mim para Peter e se levantou.
- Você vai voltar pra casa? - Henrico perguntou chegando perto irmão.
Eu fechei meus olhos e prendi a respiração. Não sei exatamente o que quero que ele diga, mas não acho que seja a hora ainda dele voltar.
E quem dá as cartas aqui sou eu, droga!
- Eu espero que em breve, maninho.
Soltei o ar dos meus pulmões e resolvi me virar nesse momento.
Grande erro meu. Peter estava com uma aparência péssima. Olheiras e palidez dominavam seu rosto.
Ótimo! Não fui apenas eu que tive uma noite de merda.
Porém, mesmo neste estado desastroso, ele estava lindo em um jeans escuro e uma camiseta vermelha. Seus cabelos estavam úmidos e sexys.
Meu coração, assim como meu ventre, se apertaram.
Henrico sai em direção à cozinha e então éramos somente nós dois.
O clima esquentou e ficou tenso ao mesmo tempo.
- Oi. - ele sussurrou como se tivesse medo de falar mais alto e eu fosse fugir.

- Oi.
Ele limpou a garganta e apontou o sofá atrás de mim.
Ele queria uma permissão pra sentar no sofá que ele comprou?
Assenti e assisti toda sua elegância ao se jogar no estofado. Eu não sai de onde estava, sentada no chão, portanto estávamos muito próximos.
- Eu queria ver as crianças. - ele começou desconfiado. - E você também.
Ah. Agora ele quer nos ver e ter nossa presença?
Tive vontade de responder malcriadamente, mas não o fiz.
Dei de ombros como se não me importasse.
- Pode vim vê-las quando quiser.
Ele suspirou e ficamos em silêncio.
- Helo... - ele começou e parou. De repente senti sua mão tocar meu cabelo e o gesto me desarmou totalmente. Queria deitar a cabeça em seu colo e receber todo carinho que um dia ele me ofereceu, mas eu apenas fiquei ali, estática. Mas isso não o intimidou. - eu queria poder conversar com você.
Fechei os olhos. Eu estava entregue aos seus toques.
Sou uma fraca mesmo! O cara me trai e eu me rendo ao primeiro toque.
Sua mão abandonou meu cabelo e automaticamente senti falta. Olhei para seu rosto e vi que sua expressão estava triste.
- Não sabia que havia chegado ao ponto de você sentir repulsa pelo meu toque.
Que?!
Ah não. Ele entendeu errado meu gesto de fechar os olhos.
Sorri, limpei minha garganta e neguei.
- Não é isso. - ri sem graça. - Mas enfim... Você quer conversar, aqui estamos. Comece.
Ele se surpreendeu e ficou uns segundos me encarando para depois sorrir de lado.
- O que você disse para o Henrico é verdade?
Merda!

Como vou sair dessa?
Franzi a testa como se não tivesse entendido sua pergunta, mas não colou.
- Não fuja, Helo. Já passamos dessa fase à mais de 5 anos, quando você tentava me manter longe de você.
Assenti e levantei e me pus em frente a porta do deck.
- Eu me lembro desse tempo... sinto saudades daquele tempo. - sorri e encarei meu próprio reflexo no vidro fechado. - Nessa época as coisas eram diferentes. Nós tínhamos interesse um pelo outro, tínhamos cumplicidade e lealdade.
Vi o momento exato em que ele se levantou e ficou muito próximo à mim.
- Ainda temos tudo isso, minha linda.
Neguei sem me virar.
- Não temos, Peter. - suspirei. - Não precisamos mais nos enganar. O casamento e a maternidade acabaram com nossa vida de homem e mulher.
Ele não conseguiu se manter mais longe e passou os braços pela minha cintura e apoiou a cabeça no meu ombro.
- Não fale assim, Heloisa. - ele sussurrou. - Apenas estamos passando por uma crise. Houve muitos mal entendidos.
Levantei uma sobrancelha e virei levemente minha cabeça para encara-lo. O movimento fez com que ficássemos com nossos rostos a milímetros de distância. Um sopro à mais e nossas bocas se tocariam.
E como eu ansiava por isso.
- Vai querer editar o que eu vi e ouvi?
Ele estava hipnotizado olhando entre meus olhos e minha boca.
- Tenho a certeza absoluta que você não viu nada, porque não aconteceu nada.
- " Que minha mulher não nos ouça. .."
- Ok. - ele me interrompeu e virou-me de frente pra ele. - Heloisa, a Katrina...

- Não use o nome daquela... daquela mulher na minha casa. - soltei enfurecida e tentei desviar dele.
Mas fui impedida por seus braços fortes.
- Ela e eu não estávamos fazendo nada de mais. Pelo amor de Deus, acredite em mim. - ele olhou nos meus olhos e continuou. - Eu talvez tenha errado dizendo que ela era melhor que você, mas acredite, eu vou me arrepender disso a vida inteira. Ela estava apenas me fazendo uma massagem.
Eu ri sem humor.
- Para, Peter. Estou assinando um atestado de trouxa? Conta outra que essa não colou.
Encarei-o e desafiei.
- É a mais pura verdade.
Neguei com a cabeça. Mas que porra?! ... havia sinceridade em seu olhar. Ou eu desaprendi a interpreta-lo, ou ele realmente estava falando a verdade.
Mas como? ... eu vi... e ouvi.
- Peter... - suspirei e deixei meus ombros caírem cansados. - eu vi sua roupa jogada em cima da mesa. Posso não ter visto a cena em si, mas eu posso deduzir as coisas.
Ele franziu a testa.
- Não me lembro exatamente do que você "possa" ter visto, mas tenho a certeza absoluta que eu estava vestido, estávamos vestidos.
Neguei novamente.
- Eu vi sua gravata e seu paletó jogados na cadeira.
Ele assentiu.
- Ok. Mas foi só isso. Eu estava totalmente vestido. - eu queria acreditar, queria passar uma borracha por cima disso tudo, esquecer o que vi e ouvi, mas o orgulho ainda fala muito alto. -Acredite, meu amor, eu nunca - ele tocou meu queixo e me fez encara-lo. - eu disse nunca... nunca iria fazer uma coisa dessas com você.

O que fazer agora?
Acreditar ou continuar na dúvida?
- Nunca me parece muito tempo. - sussurrei totalmente entregue ao momento.
- Não pra gente. Eu nunca iria trair você, nossa família. - ele estava muito perto. Eu podia sentir seu hálito fresco tocar meu rosto. - Eu te amo, Heloisa.
E todas as barreiras que ainda existiam em volta do meu coração foram derrubadas nesse momento. Eu sorri e aceitei seu toque na minha bochecha.
- Que droga! - esbravejei baixo, mas sorrindo. - Eu também te amo.
Ele riu baixinho e tocou seu lábio no meu. Mas não me beijou.
- Me perdoa por fazê-la pensar coisas erradas?
Eu não respondi, apenas agi. Avancei num beijo lento e de reconciliação. Passei meus braços por seu pescoço e me agarrei a ele. Suas mãos voaram para minha cintura e apertaram na medida certa do prazer. Eu já podia sentir uma ereção crescendo e cutucando minha barriga. Meu ventre também estava a ponto de se esmurrar de tanto tesão preso.
Estávamos na sala e a qualquer momento as crianças poderiam entrar então fui me soltando aos poucos do nosso beijo apaixonado e grudei nossas testas juntas.
Respirei fundo para buscar ar e ele fez o mesmo.
- Eu senti sua falta. - confesso em um sopro.
- Eu senti muito mais. Eu tive tanto medo de te perder pra sempre.
Fechei meus olhos, pois a ideia de nos perder pra sempre doía na minha alma.
- Vamos superar isso - toquei seu rosto com a mão. - Meu Deus Latino.
Ele sorriu. E aquele sorriso era como bálsamo para minhas feridas.

- Eu já estava arquitetando um plano mirabolante para te reconquistar.
Eu ri e soltei nossas testas para encara-lo.
- Adoro planos mirabolantes. - pisquei. - Acho que vou ser um pouco mais dura, então, só para vê-lo colocar em prática.
Ele uniu sua boca a minha novamente.
- Nem pense nisso. Eu faço o que você quiser, mas não me afaste novamente.
E então o beijo se tornou possessivo, ardente e desesperado.
Ao longe da nossa névoa sensual escutei um telefone tocando. Não era o meu então só poderia ser o dele.
Desgrudei nossas bocas por um segundo.
- Não vai atender? Pode ser importante.
Ele negou e voltou a capturar meu lábio em um chupão que refletiu em lugares que eu nem sabia que existiam.
Porém o aparelho não parou, continuou seu toque estridente.
- Droga. - ele esbravejou e tirou uma de suas mãos da minha bunda para pegar o celular.
Seu olhar voou para tela e vi seu rosto assumir uma careta.
Automaticamente vi o nome dela escrito na tela, e aquilo me atingiu em cheio.
Empurrei-o para longe e deixei que a raiva me inflamasse por dentro.
- Helo...
- Não. - levantei minha mão para impedi-lo. - Não me diga nada, Peter.
- Não é nada do que você esta pensando.
Eu ri e me afastei mais.
- Nunca é. Vai - apontei para a porta. - vai receber mais uma massagem dessa Katriranha.
Sai pisando duro em direção a escada que dá acesso aos quartos. E então me lembrei de algo.
Parei no primeiro degrau e encarei seu rosto vermelho de raiva.
- A propósito, não que seja da sua conta, mas eu voltei a modelar e amanhã as crianças vão ficar com sua mãe.
Vi exatamente o momento que ele ficou com o corpo tenso e sua boca abriu em um "o" perfeito.
Ótimo! Vamos ver quem se sai melhor nessa, querido.

*** E a Vacatrina arruinou tuuuuuuuuudo de novo :/

Tô sem psicologico para discutir o assunto agora kkkk

Gente, não sei oq aconteceu ontem... eu postei mas não notificou ninguém... estou repostando agora...

Bjos bjos... ate quinta ***

Depois do Recomeço (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora