Capítulo 45

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A noite estava perfeita. Uma brisa quente e suave soprava, o céu de um negro intenso era iluminado pelo brilho da lua e das estrelas.

Apoiei as mãos espalmadas no gradil da varanda de Marcello e olhei para cima. Queria estar em casa com meu marido e filhos. Talvez a decisão de voltar a modelar me parecia imatura e precipitada.

Eu não deveria ter insistido nisso!

E agora eu tinha essa certeza. Modelar foi um meio que me levou ao meu fim. Que era conhecer Peter e construir minha vida com ele. Apenas isso! Nunca foi minha primeira e exclusiva opção.

- Vamos, gata? – meu amigo parecia meio abatido.

Desde que abrimos o envelope, ele se fechou dentro de si. Tentei faze-lo falar, se abrir, mas nada adiantou. Então apenas o respeitei dando o espaço e o tempo para absorver a informação.

Assenti e voltei para o interior da sala. Ele estava maravilhoso dentro de um terno completo, sua gravata borboleta estava perfeitamente alinhada, assim como todo o restante.

- Marcello...

Ele levantou a mão em um gesto claro de impedimento. E então me analisou dos pés á cabeça. Seus olhos se arregalaram e sua boca se abriu e fechou pelo menos umas três vezes, antes de deixar um sorriso genuíno tocar seus lábios.

- Meu Deus! Você está... – ele abanou a mão no ar. – nem sei o que dizer. Você está...

Eu ri.

- Perfeita? – tentei ajuda-lo.

Mas ele bufou e se aproximou.

O vestido vermelho me caiu como uma luva. A sandália nude veio para completar dando um ar centrado, coisa que a peça não era nem um pouco. Agora, olhando, o decote me parecia exagerado demais, mas já era. Tem que ser esse mesmo. Meu cabelo está em um moicano alto e elegante, mas com as mechas soltas. Não quis ousar na maquiagem também, então marquei os olhos mais intensamente, passei um bluch bronze e apliquei uma camada fina de batom mate e nude. Teria que servir. Aquilo era o máximo que eu poderia criar sozinha.

- Não chega nem perto do que você está, mas "perfeita" vai ter que servir. – ele desenhou aspas e encaixou meu braço no seu. – Mal posso esperar para ver a reação dele.

- De quem? – franzi a testa.

Marcello parou e me encarou.

- Deles. Eu quis dizer, deles. Das pessoas no evento. – ele se atrapalhou enquanto abria a porta. – Ah, você entendeu.

Eu ri mais uma vez e tomei a chave sua mão.

- Desaprendeu a abrir uma porta? Você está estranho.

E no minuto que soltei isso, me arrependi. Senti seu braço ficar rígido. Droga! Não deveria ter tocado nesse assunto.

Deixei que o estranhamento se afundasse e sumisse. Saímos do apartamento e descemos para a rua, onde encontramos uma limusine nos esperando, para minha total surpresa.

Estrei os olhos para Marcello e sorri.

- Até que ponto essa noite será um dejavu?

Ele apertou o passo e me deu espaço para entrar no carro luxuoso. O motorista se manteve ao lado da porta até que Marcello entrasse, e só então tomou seu lugar e colocou a gerigonça para andar.

- Como assim? – ele parecia preocupado com meu comentário.

Coitado!, estava tão afundado no próprio drama que tudo o deixava em alerta.

Depois do Recomeço (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora