Capítulo 18

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Por Peter

Maldita Katrina!

Ela tinha que me ligar justo naquela hora? Eu falei pra ela me chamar só em caso de emergência, especialmente hoje.

Avistei Marcello sentado na ilha da cozinha me encarando, mas por incrível que pareça não havia julgamento e sim apoio, então me aproximei.

- Cara, vai embora pra não piorar as coisas.

Levantei uma sobrancelha em desafio.

- Você está me mandando embora da minha própria casa?

Ele riu.

- Não, mas a sua mulher sim. – ele coçou a nuca. - Se a Heloisa descer e ve-lo aqui ainda, vai ficar louca.

- A mamãe está louca? – Matheo perguntou curioso fazendo todos rirem.

- Não filho, a mamãe não está louca. Só é cabeça dura. – sussurrei a ultima parte.

Meg veio cheia de manha para meu lado e cutucou minha mão com o focinho em busca de carinho.

- Você veio pra ficar, né? – Henrico perguntou angustiado.

Deixei Meg de lado e puxei meu irmãozinho para meu colo.

- Ainda não, campeão. Mas foi por pouco. – baguncei seu cabelo.

Ele sorriu mas foi sem alegria.

- Muito pouco, eu diria. – Lourdes soltou com uma risadinha sacana.

- Então me leva com você? – meu irmão pediu quase suplicante.

Franzi a testa.

- Porque isso agora?

Mas ele não me respondeu apenas chorou.

- Ele está com medo da Heloisa leva-lo de volta para o orfanato. – Marcello contou baixinho.

- Eiii... ela não ira fazer isso, ok?

Ele deu de ombros.

- De novo essa história, Henrico? – ouvi a voz da minha mulher atrás de mim. – Eu já falei que não vou devolver você pra ninguém.

Ela estendeu a mão para acariciar seu rosto e como eu queria que aquele gesto fosse em mim.

Mas fui totalmente ignorado. Melhor seria se eu saísse daqui de uma vez. Todo aquele gelo que minha linda estava aplicando em mim estava me doendo na alma.

Não que ela não tenha razão em faze-lo e nem que eu tenha culpa nas coisas que acontecem, mas as circunstancias não estão ajudando muito. São muitos acasos que se encaixam em uma verdade não verdadeira.

Meu celular começou tocar novamente e não preciso olhar para a tela para saber que é ela novamente. Apenas ignoro a ligação e me levanto da banqueta.

- Eu vou indo.

Não sei bem o que eu esperava, mas com certeza eu não estava preparado para o descaso que meus filhos fizeram ao meu anuncio.

- Se quiser voltar amanhã, papai, você pode. – Luiza falou entre uma colherada e outra de sorvete.

Escutei Heloisa rir com escarnio.

Grande idiota você é Peter! Afastou sua própria família de você mesmo.

- Obrigada querida. – tentei não demonstrar minha decepção.

Beijei a testa de cada uma das crianças, alisei o pelo de Meg, cumprimentei Lourdes e Marcello, mas Heloisa nem se mexeu quando eu disse um tchau á contra gosto.

Depois do Recomeço (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora