Capítulo 26

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Oh Deus! Como isso é difícil.

Estou aqui ao lado de Peter tentando me manter calma, mas é quase impossível. E neste momento que ele exige saber o que me aflige, estou quase quicando na cadeira com tanta palpitação no coração.

- Eu nem sei por onde começar, Peter.

Imitei seu gesto e depositei os talheres na mesa. Eu não ia conseguir comer mesmo.

- Talvez pelo começo. – ele incentivou calmamente.

Eu gostaria de saber se a calma ainda restaria depois da bomba que eu ia soltar.

Suspirei e olhei em seus olhos.

- Eu... – merda, onde foram parar minhas palavras?! – Peter, - peguei sua mão que estava depositada em sua coxa. – antes de qualquer coisa eu quero que saiba que as coisas que aconteceram não significaram nada pra mim.

Senti seus dedos apertarem os meus, seu corpo ficar rígido e seus olhos agora brilhavam com mais intensidade.

- Do que você está falando?

Certo, não tem mais como correr.

- Andrew me beijou. – soltei de uma vez, prendendo a respiração em seguida.

- O que?! – seu grito sussurrado meu assustou. – Aquele bostinha atacou você?

Eu ri sem vontade.

- Não. – e então Peter assumiu um tom avermelhado estranho demais para ser normal. – Quer dizer, não exatamente. – tentei reverter. – Andrew vinha flertando comigo desde o primeiro dia em que nos conhecemos na praia, eu tinha essa noção e para ser bem sincera... eu estava com raiva de você e então eu me rendi aos seus galanteios.

Peter puxou sua mão da minha e as cruzou com força bruta em cima da mesa.

- Eu perdi alguma coisa nessa história. Como vocês podem ter se conhecido em uma praia se vocês começaram a trabalhar juntos em um estúdio?

Assenti e me endireitei. Eu não ia me acovardar agora, então eu contei como o conheci e tudo o mais até o dia do beijo.

- Tínhamos terminado a sessão de fotos e, por Deus, estávamos famintos e cansados. Foi ideia dele de irmos comer em algum restaurante, sozinhos. – olhei para ele de relance. – Mas Marcello foi junto no fim das contas. Na verdade impôs sua presença mesmo sob os protestos de Andrew. – vi seu semblante assumir um tom um pouco divertido, mas foi por pouco tempo. – Tivemos uma conversa franca sobre você e depois de umas canecas de chopp, eu não me sentia mais eu mesma. Tudo ficou embaçado e nebuloso, só me lembro de estarmos indo embora, Marcello precisou nos deixar por uns instantes para atender uma ligação e Andrew me abraçou e me beijou. Mas foi só isso, eu juro.

Eu meio que implorava para que ele acreditasse em mim.

- Foi só. – repetiu com ironia e abaixou a cabeça. – Você gostou?

O que?! Do beijo?!

- Nem tive tempo para gostar ou desgostar. Eu nem ao menos correspondi. – respondi sinceramente.

Ele riu sem humor.

- Claro, estava bêbada demais para isso. – havia ressentimento em sua voz e seu comentário me magoou muito.

- Não foi o álcool, Peter. Eu não posso negar que me sentir desejada foi maravilhoso, mas eu nunca quis um contato físico com ele.

Ele franziu a testa.

Depois do Recomeço (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora