Oh Deus! Como isso é difícil.
Estou aqui ao lado de Peter tentando me manter calma, mas é quase impossível. E neste momento que ele exige saber o que me aflige, estou quase quicando na cadeira com tanta palpitação no coração.
- Eu nem sei por onde começar, Peter.
Imitei seu gesto e depositei os talheres na mesa. Eu não ia conseguir comer mesmo.
- Talvez pelo começo. – ele incentivou calmamente.
Eu gostaria de saber se a calma ainda restaria depois da bomba que eu ia soltar.
Suspirei e olhei em seus olhos.
- Eu... – merda, onde foram parar minhas palavras?! – Peter, - peguei sua mão que estava depositada em sua coxa. – antes de qualquer coisa eu quero que saiba que as coisas que aconteceram não significaram nada pra mim.
Senti seus dedos apertarem os meus, seu corpo ficar rígido e seus olhos agora brilhavam com mais intensidade.
- Do que você está falando?
Certo, não tem mais como correr.
- Andrew me beijou. – soltei de uma vez, prendendo a respiração em seguida.
- O que?! – seu grito sussurrado meu assustou. – Aquele bostinha atacou você?
Eu ri sem vontade.
- Não. – e então Peter assumiu um tom avermelhado estranho demais para ser normal. – Quer dizer, não exatamente. – tentei reverter. – Andrew vinha flertando comigo desde o primeiro dia em que nos conhecemos na praia, eu tinha essa noção e para ser bem sincera... eu estava com raiva de você e então eu me rendi aos seus galanteios.
Peter puxou sua mão da minha e as cruzou com força bruta em cima da mesa.
- Eu perdi alguma coisa nessa história. Como vocês podem ter se conhecido em uma praia se vocês começaram a trabalhar juntos em um estúdio?
Assenti e me endireitei. Eu não ia me acovardar agora, então eu contei como o conheci e tudo o mais até o dia do beijo.
- Tínhamos terminado a sessão de fotos e, por Deus, estávamos famintos e cansados. Foi ideia dele de irmos comer em algum restaurante, sozinhos. – olhei para ele de relance. – Mas Marcello foi junto no fim das contas. Na verdade impôs sua presença mesmo sob os protestos de Andrew. – vi seu semblante assumir um tom um pouco divertido, mas foi por pouco tempo. – Tivemos uma conversa franca sobre você e depois de umas canecas de chopp, eu não me sentia mais eu mesma. Tudo ficou embaçado e nebuloso, só me lembro de estarmos indo embora, Marcello precisou nos deixar por uns instantes para atender uma ligação e Andrew me abraçou e me beijou. Mas foi só isso, eu juro.
Eu meio que implorava para que ele acreditasse em mim.
- Foi só. – repetiu com ironia e abaixou a cabeça. – Você gostou?
O que?! Do beijo?!
- Nem tive tempo para gostar ou desgostar. Eu nem ao menos correspondi. – respondi sinceramente.
Ele riu sem humor.
- Claro, estava bêbada demais para isso. – havia ressentimento em sua voz e seu comentário me magoou muito.
- Não foi o álcool, Peter. Eu não posso negar que me sentir desejada foi maravilhoso, mas eu nunca quis um contato físico com ele.
Ele franziu a testa.
VOCÊ ESTÁ LENDO
Depois do Recomeço (Livro 2)
RomanceHeloisa e Peter estão de volta com uma confusão dos diabos pra resolver. Passaram-se cinco anos desde que os trigêmeos nasceram. As crianças tomam muito tempo, a empresa de Peter está passando por algumas mudanças e a vida amorosa desses dois está f...