Capítulo 13

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O relógio diz que eu estou à três horas nessa mesma posição. Minhas pernas estão dormentes, meus olhos ardem e meu estômago está roncando. Não comi nada o dia todo, acabo de me dar conta disso.

Apoiando na porta fiquei de pé e me escorei nela. Meus membros pareciam gelatinas.

Abri uma fresta da porta e olhei para o corredor. A mala estava no mesmo lugar que eu deixei.

E sinceramente, não sei dizer se aquilo me deixou aliviada ou com mais raiva.

Durante esse tempo todo aqui eu pensei muito.

São muitos "se's". E se não era Peter na sala com a vaca da Katrina? E se eles estavam fazendo qualquer outra coisa que não seja sexual? E se... e se....

Argh!!!! Malditos pensamentos.

"Que minha mulher não nos ouça, mas você é a melhor nisso Katrina".

A voz ofegante de Peter me veio à mente e a raiva me pegou novamente.

Respirei fundo e estufei o peito pronta para confronta-lo, mas o quarto estava vazio. Ele se foi sem levar nada? Que se foda!

Ai meu Deus! Ele realmente se foi. Agora sou uma mulher separada, pela segunda vez.
E pelo mesmo motivo.

E se vocês querem saber, dessa vez a dor está sendo dez vezes pior do que de quando eu peguei Ricardo com a Mônica na nossa cama. Até mesmo a perda do meu bebê naquela época não é mais forte do que a que estou sentindo agora.

Malditas lágrimas. Não param nunca.

Entrei no banheiro e tirei minha roupa. O jato do chuveiro atingiu minha pele e a água fria me tirou um pouco do estado deplorável.

Ao longe ouvi alguém tocar um violão.

Não era afinado e muito menos tinha ritmo, mas a pessoa estava tentando. Alguém deve estar na praia curtindo uma brisa. Desliguei o chuveiro, sequei-me e vesti apenas um roupão felpudo, que não era rosa e sim amarelo claro.

Merda, até esse gesto de pôr um simples roupão vai me lembrar do Peter?

Eu pensei em chorar mais uma vez, mas meu estômago roncou novamente e eu resolvi atende-lo.
Desci as escadas e no relógio marcavam apenas nove da noite. Lourdes já deve ter se retirado, pois não a vi em canto nenhum.

Fui para a cozinha e fiz um lanche com peito de peru e queijo amarelo. Peguei suco de laranja e despejei no copo e fui em direção ao deck e percebi as portas abertas.

- Você não é mais a mesma Lourdes. - sussurrei para mim mesma. - Deixou a porta aberta.

Minha intenção foi ir até lá e fecha-la mas resolvi sentir um pouco da brisa da noite.

Estava prestes a colocar o sanduíche na boca quando o som do violão entrou na sala e eu percebi que estava muito perto.
Franzi a testa. Esses moleques são tão abusados. Resolveram tocar bem na frente da minha casa.

- Desocupados. - bufei.

Agora a criatura resolveu cantar. Ele vai acordar meus filhos.

Levantei-me e deixei meu suco e lanche na mesinha quando algo me fez parar.

A música. O moleque estava tocando e cantando, muito mal por sinal, a nossa música. Minha e de Peter.

You're Beautiful

Espera um minuto!?!?! Eu conheço essa voz.

Me escondi atrás da cortina e olhei para fora. Peter estava sentado no chão do deck com um violão na mão.

Depois do Recomeço (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora