Capítulo 44

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Toda vez que passo por esse aeroporto de NY eu me lembro do dia que cheguei aqui. Sem sonhos nem perspectivas nenhuma de vida. Um amontoado de sentimentos destroçados e uma pessoa que queria viver reclusa. Viera para apenas passear, desanuviar a cabeça e encontrara um refugio, um lar.

Olhando em volta daquela muvuca de gente, eu queria poder ver novamente minha bela amiga negra, vindo me apanhar depois de uma longa viagem, mas isso obviamente, seria impossível. Fabiana agora modelava no céu e não mais na cidade de Nova York. Assim como seu amado esposo, João.

A tristeza me tomou por alguns minutos, mas acabou quando visualizei o rosto do meu grande amigo vindo em minha direção. Seu sorriso era largo e amigável. E no momento em que chocamos nossos corpos juntos, um abraço esmagador quase me sufocou.

- Nunca pensei que fosse ficar tão feliz em ver sua bunda gorda. – ele gralhou no meu ouvido.

Me afastei dando tapas em seu ombro.

- Não seja rude, seu agentezinho de meia tigela. – bufei e joguei meu cabelo para trás.

Ele riu.

- Meia tigela, mas que consegue te colocar de volta aos holofotes. – piscou e pegou a mala da minha mão.

- Idiota!

Rindo, enganchei o braço no dele e seguimos á saída do saguão.

- Achei que você fosse vim com Ramon. Estou louca para conhecê-lo.

Marcello encolheu os ombros e franziu a testa.

- Sobre isso, vamos conversar mais tarde. – ele cortou a conversa já mudando de assunto. – Vamos ter que ir direto para o escritório de James. Ele quer nos mostrar a ideia sobre o ensaio.

Franzi a testa. Se ele acha que vai acabar por aqui, esta muito enganado. Mas por agora, vamos focar no trabalho.

- Você acha que vamos ficar muito tempo nesse trabalho?

Ele deu de ombros enquanto destravava o carro e colocava minha mala no banco de trás. Quando assumiu seu lugar no assento do motorista, foi que me respondeu.

- Acho que talvez duas ou três semanas.

Abri a boca e os olhos na mesma proporção.

- Tudo isso? – sussurrei.

- Não sei ao certo, mas porque essa preocupação?

Fechei a cara e o encarei com a testa franzida.

- Realmente, não tenho motivos. Só deixei minha casa, marido e filhos pra trás e a possibilidade de férias com minha família no Brasil. Realmente estou preocupada á toa.

Cruzei os braços de forma birrenta e me encostei no banco do carro.

- Sinto muito. – ele soltou mas não parecia sincero. – Trabalho é trabalho, Helo. Você tinha a opção de negar, mas aceitou. Então vamos fazer nosso melhor, ok? – o comentário, que deveria ter um tom grosseiro, mais pareceu um acalento.

Bufei e nem respondi. Olhei para fora, vendo o prédios e os demais carros passar por nós na velocidade da luz. Marcello corria, costurando o transito, que parecia milagrosamente bom para uma manhã de sábado.

Chegamos á um prédio bonito e simples no centro de Manhattan e descemos. Seguimos por um hall que estava vazio e subimos pelo elevador até o quinto andar. O ambiente estava silencioso, se não fosse pelas vozes vinda de uma das salas. Eu podia ver as silhuetas de Chris e James através de uma parede de vidro. Assim que nos viram trataram de nos receber, sempre da melhor forma.

Depois do Recomeço (Livro 2)Onde histórias criam vida. Descubra agora