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.YOONGI.

Esse é o mesmo Namjoon que me derrubou na escada? De alguma forma ele é completamente diferente do que aparenta ser. Bem que as pessoas falam pra não levar a primeira impressão como se fosse a verdade. Primeiro aqueles pijamas. Quando o vi na janela, parecia um short qualquer e um moletom comum. Mas a vista mais de perto era até constrangedora. A pilha de ursinhos chegava a ser cômica. Era um cantinho na sala, com um cobertor branco, cheio de pelúcias de diversos tamanhos. Os quadros nas paredes eram aqueles modernos, que passavam reflexão sobre a sociedade atual. Os livros em ordem alfabética na pequena estante da rack eram também clássicos da literatura coreana e inglesa.

Kim Namjoon era sensível.

Tanto no modo cantado de falar "hyung", quanto no sorriso paterno que tinha no rosto enquanto me ouvia falar. Sua risada ainda soava irônica e seu olhar parecia condenar alguém por coisas que nem a própria pessoa se lembraria, mas esse era o jeito dele. E eu realmente gostei. Um jeito único. Namjoon era muito Namjoon, uma personalidade só dele, sem medo de mostrar aos outros. Se fosse, não atenderia a porta com aquela pelúcia enorme nos braços, atenderia?

Eu tive inveja. Eu não tinha nada de único. Nenhuma coleção estranha, nenhuma mania, nenhuma cicatriz con uma história bizarra. Eu sou apenas um jovem adulto antisocial, que paga de emo, mas assiste dramas para compensar a falta de fé no próprio futuro, e que ignora tudo a sua volta. Existem vários idiotas igual a mim por aí.

Saí do apartamento de Namjoon ainda meio tonto. Fazia quanto tempo que eu não conversava direito com alguém? E ele me deu um DVD. Era o primeiro presente, digamos, que eu recebia de alguém em Seoul. E esse gesto pequeno me fez repetir na cabeça o dia inteiro as poucas coisas que o homem falou dele, só para agradecer indiretamente. Namjoon tem uma alergia leve a frutos do mar, mas ama lula, além de não gostar de comidas salgadas. Amante de jazz e R&B. Gostaria de ter o cabelo cinza. Não cozinha desde o dia em que estragou o aniversário do pai, colocando fogo em um pano de prato e trocando temperos na única receita que sobreviveu ao mini incêndio na cozinha. E é gay.

Eu fiquei com medo dele me olhar estranho quando falei do Min Holly, o cachorro que eu cuidava com meu ex. Fiquei tão nervoso. Se fosse para dar alguma coisa oficialmente errada na minha vida, aquele era o momento perfeito. Ele só sorriu (incrível como o sorriso dele é sempre debochado) e disse que também era gay. Me disse até com quem ele saia. Eu tenho quase certeza que era o tal do Jungkook, um garoto que foi buscar Hoseok para uma festa um dia.

Ainda no elevador, agradeci internamente por mamãe ter mandado eu me desculpar. Se Namjoon estivesse mesmo disposto a ser meu amigo, seria uma das amizades mais divertidas que eu teria em anos. Mesmo com nossos horários diferentes. Poderíamos passar bons finais de semana...

Isso Min Yoongi. Crie expectativas. Ninguém nunca gostou de você. Você é antipático, grosso. Ele está fingindo. Nem esse DVD idiota significa alguma coisa. Um cara tão legal quanto Kim Namjoon não iria passar de um colega de condomínio com você.

Não que eu quisesse algo mais. Eu só queria um amigo para mandar mensagens falando de algo engraçado, ou para desabafar. Como o tal Seokjin. Eu não tenho ninguém para conversar, e não sou desses que pega um caderno e esvreve tudo que pensa. Eu gosto de ligar para minha mãe e reclamar, de ouvir música e pensar nos momentos bobos, mas felizes, do meu dia. Mas fazer isso sozinho... é uma tortura.

De qualquer forma, entrei no meu apartamento, larguei o DVD no sofá, peguei os fones de ouvido e deitei na minha cama, lembrando de Kim Namjoon sem camisa e descabelado em sua janela.

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Yo
Cá estou novamente ^^

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