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.YOONGI.

 Eu estava enrolado nos meus cobertores, assistindo dramas, quando a campainha começou a tocar várias vezes seguida. Fui liberado mais cedo do serviço e aproveitei para uma maratona, com salgadinhos, bebida, e a casa toda fechada. Nem sabia que hora era. Gritei que já estava indo, mas não foi o bastante para quem me esperava, porque o sino agudo e irritante tornou-se mais constante.

 Antes que eu pudesse falar alguma coisa, antes de abrir a porta completamente, fui empurrado com força para dentro, quase derrubando a mesa de centro. 

 - Namjoon? 'Tá louco? 

 Ele sentou no sofá, apoiando a cabeça nas mãos. Ele parecia estressado. Estava com os tênis desamarrados e o cabelo bagunçado, provavelmente acabara de sair de seu apartamento. Fiquei um pouco preocupado, fazia tempo que não nos falávamos e ele aparece do nada. 

 - O Taehyung falou pra todo mundo que a gente está namorando. 

 - Pois é. Não duvido. - soltei, para não ficar no silêncio. Como eu não acendi as luzes, não conseguia ver a expressão do garoto. - Desculpa, eu me meti e acabei ferrando tudo. Eu nem combinei nada com você, sinto muito se te atrapalhei com alguém...

 - O Jimin ficou bravo comigo. Porque eu não contei.

 - Falou a verdade? Que é só teatro? 

 - Não. Ele contaria para o Tae. Mas ele ficou muito bravo, ele me empurrou. Park Jimin gritou comigo, me empurrou, saiu chorando. Eu fiquei em choque, sabe? Ele nunca foi assim comigo. 

 - Será que, não sei, era ciúmes? 

 - Não. Nós somos amigos. - Kim Namjoon é muito inocente e fofo, isso não faz sentido. - Eu disse que você me arrastou para o evento e me pediu em namoro lá, ok?

 - Vou adicionar isso à nossa história, pra quando contarmos pra alguém. - ri, tentando imaginar algo tão ridículo quanto aquilo. - Você parece abalado, Namjoon. Não precisa sustentar isso, foi só para afastar o cabeça de tomate na hora.

 Eu não ia dizer, mas o namoro falso era um bom pretexto para eu proteger Namjoon. Eu queria ajudá-lo a superar o tanto que ele sofreu calado meses atrás, e parecia que continuava calado, fingindo que não tinha nada o incomodando. Ele é completamente outro quando se conhece melhor. Ele é incrível, sensível, ele me faz companhia. Eu quero agradecer de alguma forma. Eu quero ajudá-lo. 

 - Desculpa não ter conversado com você desde sábado. Eu só apareço para te jogar os meus problemas. Que merda. Eu não sirvo nem pra te fazer feliz, mesmo...

 - Me fazer feliz? Posso perguntar por quê? 

 - Eu disse isso? - ele se mexeu meio desconfortável no sofá. Não podia ver, mas ele ficou claramente nervoso. - É que... você é meio depressivo e isolado, eu só queria te animar e tal. Curtir um pouco enquanto é novo. Eu... gosto do teu sorriso, sabe? Meu Deus, por quê eu disse isso?

 - De boa. Eu gosto do seu sorriso também. Covinhas, sabe? 

 Silêncio. Eu só escutava a respiração grave e pesada de Namjoon. Estávamos lado a lado no sofá, eu podia sentir o calor do teu corpo. Ele jogou a cabeça para trás, ainda sem falar nada. Senti segurar minha mão esquerda.

- Obrigado, hyung.

- Ei. - me virei para ele, colocando minha mão direita em sua cabeça, acariciando levemente. - Acabamos de ficar quites. Não tem nada para agradecer.

E mesmo no escuro, senti nossos olhares se encontrando por um momento. Uma pausa. Namjoon sorriu de canto, debochado. A pouca luminosidade que vinha entre as cortinas valorizava sua aparência. Eu só percebi que estive reparando em suas formas marcadas e bonitas, quando o próprio colocou a mão direita em minha nuca, acariciando atrás de minha orelha com o polegar.

E sem nenhuma culpa, sem nenhum medo, sem nem pensar duas vezes, deixei-me levar pelo cômodo quente e escuro, aceitando o beijo lento e protetor que Namjoon depositava em meus lábios.

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